A importância do Professor aos alunos de escola Pública
Em autoavaliação aos meus alunos, uma das perguntas formuladas tem sido: Como seria o mundo sem professor? Responda em um parágrafo.
E então, apesar de todas as reclamações, de parecer haver um consenso sobre a “chatice” dos professores, nenhuma das respostas obtidas por essa pergunta surgiu no sentido de apoiar/incentivar/desejar que os professores sumam da face da Terra. Ao contrário, o cenário que descreveram seria um mundo de caos, desunião e desprovido de esperança sem essa figura basilar. O que mostra, em certa medida, que em algum nível, consciente ou não, todos os alunos reconhecem a importância social do professor.
Aos alunos de escola pública os professores despontam mais importantes na mediação de conflitos, busca pela promoção da paz, luta por direitos, que pelo êxito de suas aprendizagens, propriamente ditas.
Os dados obtidos por meio de dezenas e dezenas de avaliações servem de parâmetros não só para ajustes e adequações das práticas pedagógicas, mas sobretudo para que os agentes educacionais conheçam a forma de pensar destes alunos, correlacionem com suas idades, meio social, gênero e tudo o mais, servindo de ferramenta para uma compreensão maior dos educandos e de como as mudanças no processo educacional devem emergir diante das necessidades atuais de nossos jovens.
Na mesma avaliação, também peço para elucidar o fator que consideram ter mais influência na educação de um sujeito, como escrito abaixo:
Com qual das frases você concorda mais:
a) O professor é o fator que mais influencia na educação de um sujeito.
b) A família é o fator que mais influencia na educação de um sujeito.
c) O esforço pessoal é o fator que mais influencia na educação de um sujeito.
d) A vizinhança e as amizades são o que mais influencia na educação de um sujeito.
Aos alunos de uma comunidade mais carente, a letra D teve maior incidência, com a vizinhança e amizades tendo um impacto maior na educação destes jovens. Em segundo e terceiro lugar temos a família e o esforço pessoal, praticamente empatados como os fatores que mais influenciam. O professor desponta em último lugar como influência da educação destes alunos, segundo a maior parte dos que responderam as avaliações. A estes jovens, que vivem bombardeados de apelos midiáticos e que detém uma cultura com pouco senso crítico em relação ao consumo e a outras questões sociais, a autossuficiência no aprender é quase certa desde que tenham aceso as tecnologias que para eles, tornam qualquer coisa possível. A estes, o papel e a importância do professor estão centrados no apelo social da profissão (e não pessoal), tendo nessa figura, aquelas pessoas que os cobram para ser melhores, ultrapassar seus limites, buscar conhecimento (não necessariamente passar). Nota-se então, uma mudança de paradigma no papel do professor que vem se transformando continuamente, geração a geração, ano a ano.
Ajustar as visões e as expectativas entre alunos e professores deve ser crucial para que ambos tenham êxito do processo educacional. Muitos professores se frustram por achar que seus alunos estão desinteressados e não querem aprender, quando na verdade, eles se interessam é por outras formas de aprender e querem aprender através de outros modelos que acreditam ser a chave para o conhecimento e para quase tudo, pois aos jovens imediatistas, as respostas a tudo estão na palma da mão, a um clique de distância.
Entre os desafios da Educação, um dos maiores talvez seja formar cidadãos críticos, que sejam capazes de avaliar situações e ponderar sobre elas a partir de diversos pontos de vistas, elencando riscos, consequências, vantagens e tudo o que englobe as situações que os envolvem. Ao invés de permanecer nessa velha busca frenética de meios para lotar os alunos com os mesmos conteúdos que se aprendeu, lá atrás, quando se estava naquela mesma situação, os professores devem criar meios(condições, formas, ferramentas) e tempo para trabalhar essencialmente a criticidade. É uma verdade que hoje qualquer coisa pode ser aprendida na palma da mão. Contudo, falta a capacidade de refletir sobre os conteúdos e mesmo sobre as formas de se aprender/apreender as diversas coisas que os perpassam (informações, ofertas, propostas, notícias, problemas, emprego, conhecimento etc). Acontece que apesar de muitos professores saberem da necessidade latente que essa mudança de paradigma interpela, ainda são cobrados por dados e por apresentar resultados em números crescentes, em larga escala, de que a educação conteudista dê bons resultados. Ou seja, esperam um milagre retrógrado que tende a desaparecer, queiram ou não.
A menos que as reformas educacionais passem por profissionais da educação de fato, por professores em sala de aula, que acompanham com proximidade e de modo singular as tênues e significativas variações que a educação de nossos jovens demanda, nenhuma reforma contemplará as reais necessidades de nossos alunos, e não logrará. Eles precisam de alguém que os guie sim, e almejam por isso, como ficou evidenciado. Eles tem os conteúdos em suas mãos, mas não os enxergam com clareza, incapazes de reconhecer e de evitar as armadilhas contidas por todos os cantos em que se mostram, e para isso, nenhuma visão é tão crucial quanto a de um professor, de um mediador que possa de fato, trazer o aluno (do grego-sem luz) por meio da clareza de suas ideias, das trevas da ignorância até a luz do conhecimento, conduzindo e estimulando o seu autoconhecimento.
É preciso focar no ajuste de pensamento, em expandir a mente destes jovens, estimular a curiosidade e a busca por saber, com primazia e prioridade e que os conteúdos trabalhem em prol disso (não o contrário!) Não se tem que aprender a pensar e então fazer cálculos, mas sim fazer cálculos para aprender a pensar, estimulando o pensamento por meio do raciocínio lógico. Há formas e formas de trabalhar a criticidade dos alunos, mas só terão êxito quando o ensino priorizar esse estímulo e reconhecer o quão fundamental ela é para a readequação de nosso sistema e para a valorização da função docente.
É preciso focar no ajuste de pensamento, em expandir a mente destes jovens, estimular a curiosidade e a busca por saber, com primazia e prioridade e que os conteúdos trabalhem em prol disso (não o contrário!) Não se tem que aprender a pensar e então fazer cálculos, mas sim fazer cálculos para aprender a pensar, estimulando o pensamento por meio do raciocínio lógico. Há formas e formas de trabalhar a criticidade dos alunos, mas só terão êxito quando o ensino priorizar esse estímulo e reconhecer o quão fundamental ela é para a readequação de nosso sistema e para a valorização da função docente.
Há muitas coisas que tenho a falar sobre esse assunto, mas deixo para a formulação de um ensaio maior para abordar em outros momentos oportunos.