Ácido
Meu sangue tornou-se ácido
Como foi toda minha vida
Sem graça e avinagrado
Sinto-me sem vigor, flácido.
Meu humor tornou-se cáustico
Sempre que sorrio, alguém chora
E se faço do meu dia plástico
Um drama, tudo dói, deteriora.
O amor em mim morreu
A alegria dos poemas foi embora
Só existe a saudade dos sonhos
Que coloria os dias de outrora...
Essa saliva secou, colou
E as poesias se desmancharam
Em pedaços de papel vagabundo
Dentro dos bolsos das calças.
Essa ironia tão sarcástica
Seda deitada sobre pele velha!
Batom enfeitando bocas murchas
Que não serão beijadas...
Que não recitarão Castro Alves,
Essa vida sempre irônica,
Fez meu sangue tornar-se ácido.
Meu caráter ficou plástico
E minha fé está em algo trágico...