Ácido

Meu sangue tornou-se ácido

Como foi toda minha vida

Sem graça e avinagrado

Sinto-me sem vigor,  flácido.

Meu humor tornou-se cáustico

Sempre que sorrio, alguém chora

E se faço do meu dia plástico

Um drama, tudo dói, deteriora.

O amor em mim morreu

A alegria dos poemas foi embora

Só existe a saudade dos sonhos

Que coloria os dias de outrora...

Essa saliva secou, colou

E as poesias se desmancharam

Em pedaços de papel vagabundo

Dentro dos bolsos das calças.

Essa ironia tão sarcástica

Seda deitada sobre pele velha!

Batom enfeitando bocas murchas

Que não serão beijadas...

Que não recitarão Castro Alves,

Essa vida sempre irônica,

Fez meu sangue tornar-se ácido.

Meu caráter ficou plástico

E minha fé está em algo trágico...

Paulo Siuves
Enviado por Paulo Siuves em 23/01/2018
Código do texto: T6233731
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