AOS BROCHES E BRIOCHES DAS “ANTONIETAS” DO PLANETA

Ensaio do meio/reflexão

DOS PESOS E MEDIDAS DESCONFORTÁVEIS:

Há poucos dias a imprensa nos mostrava uma INSTIGANTE História “on line”: as declarações REAIS, embora um tanto surreais, duma nobre realeza histórica e contemporânea, a figura mais ícone dessa vida de rei que movimenta os sonhos turísticos dos súditos do planeta Terra e que também alimenta o glamour de quem se considera um privilegiado ser, um súdito “chique do mundo” , SÓ por apenas ter tido, um dia, a honra de visualizar, por perdidos minutos, a glorificada troca da guarda que zela por nababescos e dispensáveis “tesouros” históricos.

Num relance, numa plataforma da mídia, então eu ouvi assim: “ mas...a nobre realeza declara que a Coroa é muito pesada e que a carruagem Real é muito desconfortável”.

Teria eu ouvido bem? Seria possível uma "queixa" dessa monta?

O “mas”, hoje em dia, é adversativo à vida de todos os reis.

É REI PRA CARAMBA! Aliás...estatística e paradoxalmente é muito rei pra pouca plebe!

E observem: cada vez mais vestidos com vestuários novos e nobres, mas pobres e invisíveis.

A vitimização oportuna sob holofotes da mídia talvez seja até coisa do inconsciente REAL mesmo, algo sublimativo DOS REIS , haja vista a grande quantidade de plebeus cada vez mais súditos mundanos e inconscientes “escravos da vida moderna globalizada”, os que mantêm seus reis desconhecidos blindados do contato com as diferenças sociais inacreditáveis frente a um mundo cada vez mais desigual, diferenças que nunca cabem nos palácios, as próprias dum mundo miserável e faminto de tudo , bem abaixo da linha da miséria e da dignidade humana.

Sistemas, formas e regimes políticos a parte, assim que ouvi a queixa real, instantaneamente me reportei à História e senti fome de brioches, lembram deles?-(-ao povo brioches!)-super emblemático para todo o sempre, a também me lembrar dos preços do nosso simples pãozinho, que nem é inglês, mas é chiquetosamente francês na origem cultural, todavia, feito do fustigado trigo Latino- Americano, continente de igual nome e nunca à vista dos desconfortados reis do mundo; trigo , aliás, que morre progressivamente nos campos minados por tantas ervas daninhas; e claro, como brioches, também desejei ter simples bananas-coisa boa da terra!- algo mais acessíveis ao nosso luxo cotidiano de se ir ao supermercado, no glamour de vivermos como súditos que hoje lutam pela realeza plebéia do sobreviver , ao menos, sob a ordem da compaixão forjada dos reis “-trigo e bananais ao povo por preços mais compatíveis!", inclusive aos circos de igual e atual custo oneroso.

Em época de Carnaval chegando, vamos ao quesito COROA PESADA da Majestade: também liguei o pensamento para o panorama do mundo contemporâneo -longe de ser um cenário REAL para ser realisticamente palco surreal- acionei o fiel da balança dos pesos e medidas e pensei que pesado mesmo não é carregar coroas reais sobre a cabeça do povo, e sim é o trabalho infantil, o trabalho escravo dissimulado que abastece o comércio do mundo, a ignorância que mata aos poucos sem percepção de morte, a injustiça social crescente e pesada, a exploração das minorias, os baixos proventos dum trabalhador comum do terceiro mundo, e dos mundos adiante dos tantos submundos intangíveis ao entendimento e aos olhos reais, trabalhador de luta diária e árdua para sustentar a corrupção vadia sobre o suor do seu esforço e sequer conseguir cumprir, no final do mês, a conta da luz , da água e do gás, contas do seu "palácio de tábuas batidas" sem saneamento básico e prestes a morrer picado e amarelado na fila da vacina, sob horas e sob chuva, mas doada pelabondade real; que pesado mesmo é passar uma vida toda sem perspectiva de cidadania, pelo tempo negado de escolaridade, a única arma lícita que permite enxergar o peso social dos tantos reis pelados sobre as omoplatas do povo, dos manipuladores das consciências espalhados pelo planeta e sustentados com a dor da plebe que sua...e que, por vezes, ainda os aplaude e reverencia como salvadores do meio cada vez mais caótico e inóspito.

Quanto ao quesito DESCONFORTO ,o reclamado pela nobre realeza, eu pensei: “desconfortável mesmo, só a exemplo e sem sombra de dúvidas, é se estar num bote salva-vidas, sobre as ondas azuis do Mediterrâneo, prestes a afundar em mar aberto para se tentar escapar do que antes parecia ser a onda de misericórdia dos ditadores, o milagre dum alivio social em primavera de vida, mas nela se AFUNDAR A VIDA antes mesmo dela COMEÇAR...e sob o "peso do desconforto calado dos reis" que rapidinho saíram do contexto da tragédia humana-onde está a saída?".

Penso que pesado mesmo é sangrar até morrer por TANTAS EPIDEMAIS PELO MUNDO AFORA, como a do Ebola a exemplo, as que nunca atigem as majestades; que desconfortavel de verdade é ter que se fugir do terrorismo disseminado, escapar de Myanmar ou da Síria ou de tantos outros genocídios atuais em curso, mas invisíveis aos pesos e desconfortos desmedidos dos tão sofridos reis do mundo.

Que pesado mesmo é trabalhar uma vida toda e não ter proventos dignos às sobrevivências cidadãs porque é mister sustentar as tantas coroas pesadas e corrompidas.

Como são repetitivas as cinéticas “realezas & as plebes” na surreal História da Humanidade. Essa dinâmica deve ser doença incurável.

Em suma, pesado e desconfortável mesmo... é ser povo que paga todas as estupidezes e sandices “reais”...e ainda ver a própria carruagem dos sonhos virar desconfortável abóbora ao badalar da tantas “meias-noites” acionadas pelos reis patéticos.

Mas, nessa mesma linha da conjunção adversativa à dura vida dos reis, me solidarizo com a carga pesada das coroas das "Antonietas": das que foram, das que são e das que ainda serão prontamente levadas aos “árduos tronos”.

Eu não seria aqui tão insensível às dores reais de tantos.

De fato, deve ser demais pesado e desconfortável a alguém perceber que se passou uma vida inteira sob uma onerosa e preciosa coroa real, mas... na leveza do “não ser”.

E terminar o tempo sagrado como num livro de histórias de fadas, em que o final feliz é majestoso só em tese, todavia, algo pobre, solitário e vazio de méritos sociais imprescindíveis.

Como o desserviço histórico de subliminarmente de se apoiar o autoritarismo cruel de Homens sobre seus iguais.

Mas tudo que escrevo é mera analogia ,coisa que pouco serve, é só filosofia vazia de povo, a que não combina com a "roupa e coroa novas dos reis", obviamente.

Tal proposição de consciência real, que é só minha ficção surreal, jamais caberia aos brioches e aos broches das tantas coroas estreitas e oxidadas pela História, muito menos às das nobres e crescentes “Antonietas” do mundo atual , tão nobre e silenciosamente espalhadas pelo planeta surreal dos "sem noção".