PAROLA-PARASITAS SOCIAIS MODERNOS INVOCANDO ANTIGAS LEIS DA PIRATARIA
Continuação do texto: A difícil arte de conviver em sociedade
*Por Antônio F. Bispo
“Quando um pirata é preso por outro, o capturado detêm o direito de Parola, este deve ser levado ao capitão do navio inimigo e não pode sofrer nenhum tipo de agressão até o fim da negociação” (definição de parola no dicionário virtual).
Sem querer de modo algum comparar a piratas nossa corte ou magistrados em geral, ressalto que indivíduos antagônicos a ordem social e avessos a qualquer tipo de leis, desejam fazer valer as leis que protegem cidadãos e seus direitos somente quando são eles mesmos os surpreendidos cometendo crimes. Comparo os tais aos que viviam do ramo da pirataria no passado, que após serem pegos exigiam julgamento sob parola, vivendo fora como fora da lei, mas desejando ser julgado por uma que lhe favorecesse quando fosse necessário.
Tais piratas do presente vivem a causar desordem e balburdia, bem como são fonte de todo tipo de prejuízo aos demais por onde passam. Não usam antigas embarcações de madeira nem tapa olho, nem tão pouco usam perna de pau ou mãos em forma de gancho, mas vivem a apelar pela velha lei da pirataria por muitos séculos invocada entre a irmandade do crime nos sete mares. PAROLA! Dizem estes o tempo todo indiretamente toda vez que são presos ou investigados por seus delitos.
Tais piratas podem estar infiltrados na política, na religião ou em grandes corporações. Podem possuir títulos de respeito e serem tratados como verdadeiros lordes por sua aparente conduta de retidão ou podem até cometer abusos abertamente por achar que o título que portam dá direito a isso, enquanto a sociedade foi ensinada a assistir de modo servil a tal demonstrações de abuso, como faziam os povos do passado quando os bandidos dos mares chegavam em suas praias causando terror com seu poderio de fogo e capacidade de destruição.
Outros desses personagens atuais da pirataria moderna são figurinhas carimbadas da justiça, da mídia e da sociedade em geral, qual desejando se portar de modo civilizado e ordeiro concordam ainda que indiretamente que tais indivíduos façam com que as ruas de nossa cidade sejam tão perigosas quanto foram os trajetos marítimo mercantil do passado. Para não sermos retratados pela lei como possíveis infratores por resistirmos aos abusos cometidos pelos tais piratas, temos nossas liberdades cerceadas, nossas vidas ameaçadas e parte do que produzimos direcionado para manter um sistema prisional falido, onde delinquentes avessos a lei quando são apanhados não cansam de dizer: PAROLA!
A exemplo disso temos vários adolescentes infratores, alguns desses “fregueses” de policiais e de varas da infância, que quando são detidos em flagrante delito por autoridades civis ou pessoas comuns logo começam a verbalizar insultos e impropérios contra quem o está detendo. Logo dizem: “conheço meus direitos, se você tocar em mim, vai se ver com a justiça”!
Quem ensinou a esses bandidos em miniatura que eles tinham direitos resguardados na constituição, esqueceu de dizer que todos os indivíduos da sociedade também o tem, incluindo o que ele estava tentando fazer o mal no ato da detenção. Para intimidar, esse tipo de gente usa de ameaças com a velha e repetida frase de que se alguém os tocar ou insultar verbalmente vai ser punido pela justiça. Não deveria ser ao contrário? Novos piratas apelando para velhas leis da pirataria. Será que eles interpretam que a justiça apoia somente bandidos em fase de crescimento, ou será que é pelo fato de cidadãos comuns esquecerem que também tem direitos que eles agem assim?
Estelionatários, assaltantes e políticos mal intencionados que roubaram pessoas indefesas, que levaram empresas a falência ou destruíram estados e países inteiros subtraindo dos outros para si mesmo, quando são presos querem fazer valer a lei que diz respeito a propriedade privada. A lei que protege o patrimônio pessoal dos indivíduos só é considerada como válida por eles quando é pra proteger o próprio patrimônio ilegalmente adquirido que eles juntaram. Quando eles estavam subtraindo dos outros, essa lei não valia nada e sentiam-se à vontade para subtrair o quanto possível!
Meliantes reincidentes e criminosos confessos com apenas um ou dezenas de homicídios nas costas, invocam a lei da liberdade, da vida e da proteção contra torturas físicas e psicológicas quando estão sendo presos ou julgados pelos seus crimes. Essa mesma lei não teve valor algum quando estes estavam a cometer latrocínios ou executavam de modo frio e calculista a morte de outros indivíduos.
Será que existe uma lei feita apenas para resguardar bandidos? Será que as leis universais dos direitos humanos só é válida para punir pessoas com capacidade de se portar de modo servil e respeitoso? Por que enquadrar dentro dos direitos humanos indivíduos que tem apenas um corpo humano com mentalidade de monstro?
O que torna um indivíduo apto para conviver em sociedade é sua estrutura físico biológica humana ou sua capacidade de ser cidadão? Acho que se tivessem a capacidade de votar e escolher um candidato nas urnas, cães, gatos e vários animais de estimação já seriam enquadrados no quesito de leis que protegem humanos, já que socialmente alguns destes se portam de modo mais civilizados que muitos humanos.
A grande pergunta é: por que indivíduos reincidentes, frios e calculistas, que planejam com exatidão todas as suas ações maléficas sem se importar com a lei ou constituição, ou que não estão nem ai para o quanto possa causar de prejuízo individual ou coletivo, por que esses mesmos indivíduos devem ser julgados ou protegidos pelos “rigores” da leis como se fossem meros anjinhos ou pessoas indefesas, já que nunca respeitaram a lei e só agora as invocam apenas para benefício próprio?
Esperar que indivíduos que não respeitam as leis e agem de modo premeditado o tempo inteiro no intuito de causar prejuízos a outros venham se corrigir automaticamente seria o mesmo que colocar lobos famintos e cordeirinhos indefesos em uma mesma sala fechada, e exigir que todos eles se respeitassem mutuamente sem provocar danos uns aos outros só por que na porta da sala tem um aviso escrito exigindo respeito mútuo. Será que funciona?
Por que a sociedade de modo geral precisa ter um custo mensal de aproximadamente 4 mil reais por cabeça desses indivíduos, para mantê-los alimentados e protegidos em presídios com todos os seus direitos resguardados, quando os indivíduos prejudicados por eles tiveram seus direitos invalidados por tais pessoas? Por que temos de manter vivos e seguros os que pregam a morte e violência explicita o tempo inteiro, que não demonstram nem um tipo de arrependimento depois de cometerem crimes e que em qualquer saidinha concedida pela justiça em datas comemorativas aproveitam para trazer ainda mais prejuízos? Será que a vida destes valem mais que a de outros? Será que a lei que garante a liberdade de ir e vir bem como a de propriedade privada e respeito a vida só tem serventia aos que andam armados e aos bandos saem diariamente à caça?
Pior que perder um ente querido em um assalto ou em um crime premeditado por pessoas irreparáveis, é saber que você estar sendo obrigado pelo estado a pagar para que tal individuo esteja protegido e alimentado com seu dinheiro e que logo logo, em questão de dias ou meses eles estarão livres, reinseridos na sociedade para dar seguimento a sua carreira de terror.
Nosso povo precisa seriamente rever seus conceitos de aplicação da lei para com reincidentes para evitar que indivíduos até então equilibrados sejam tomados pela revolta e passem a agir de modo igual a criminosos confessos por não haver punição adequadas para os tais. O rigor de uma lei não faz com que o crime sejam evitados em sua totalidade, mas pode inibir o que estar em cima do muro a andar por caminhos sem volta, sem falar que o senso de justiça cresce entre o povo quando veem pessoas irreparáveis pagando pelos seus atos.
Pior do que ver uma família que hoje sofre privações financeiras por ter perdido o chefe da família em um assalto por um meliante sem jamais ter recebido nenhum tipo de ajuda do estado ou da família do assassino, é saber que o criminoso que cometeu tal crime estar recebendo mensalmente auxilio reclusão do governo para manter a família dele alimentada e protegida enquanto ele mesmo se aperfeiçoa ainda mais na escola do crime enquanto tira férias forçadas atrás das grades. Nesses casos os que contribuem para o equilíbrio social tem direitos inferiores aos que causam danos a sociedade. Se faz necessário com urgência rever tais valores.
Quando acabar o rum que rola solto para entreter os “marujos” que fazem inflar as velas que conduzem essa grande embarcação chamada sociedade civil organizada, pode ter certeza que um motim se aproxima e não há lei de parola que possa fazer valer os “direitos” dos piratas.
O direito de parola é invocado todos os dias em nossa sociedade pelos mais diversos segmentos. Em se tratando de pessoas que tomam decisões baseadas em conceitos puramente teológicos podem estar cometendo um grande erro e vivendo uma vida totalmente antagônica ao que eles mesmos chamam de amor e justiça divina.
O “amor cristão” por exemplo, é confuso, incoerente e na maioria das vezes irracional quando diz respeito a aplicar métodos coercitivos para manter funcionando as estruturas sociais. Os evangélicos de certa forma até superam em muito essa forma estranha de “amar”. São capazes de perdoar, abraçar e colocar no púlpito de imediato para ser um pastor ou pregador um sujeito com mais de 40 homicídios nas costas, que pegou mais de 500 anos de cadeia ou que cometeu prejuízos irreparáveis a dezenas de pessoas ou famílias inteiras e agora só por que o cara levantou a mão e “aceitou a jesus”, a igreja o considera como santo líder de um rebanho, enquanto que esses mesmos irmãos “amorosos” são capazes de dizer publicamente que ateus merecem morrer de forma trágica e serem enviados direto ao inferno só por que não acreditam em deus apesar de os tais nunca terem feito mal a ninguém, e inclusive boa parte dessas “pessoas sem deus” são os responsáveis direto pelos maiores avanços científicos e tecnológicos que a humanidade já conheceu. Amor, estranho e confuso amor é o amor cristão propagado pela maioria dos religiosos. A lei que rege a pirataria agradece vossa cooperação!
Não estou incentivando com isso um retrocesso nas construções das leis que procuram de certo modo administrar para o bem o complexo convívio entre os humanos. A lei do olho no olho teve sua validade e serventia em sua época. A sociedade evolui, a mentalidade das pessoas evoluíram, e o modo de cometer crimes e se esquivar deles também é aperfeiçoado todos os dias pelos peritos nessa arte. Isso a sociedade precisar notar e se corrigir também.
É necessário decidir-se também se fazem os julgamentos dos seus indivíduos baseados em uma constituição federal válida a todos os homens de um país ou se o fazem numa bíblia ou em qualquer outro livro dito sagrado. Se basear simultaneamente nos dois vai gerar conflito e injustiças sem fim.
Cometer crimes reais e desejar ser julgado por um júri imaginário é a coisa mais sem noção que podemos admitir. Nesse aspecto, a lei de parola também é invocada diariamente por líderes religiosos corruptos, gananciosos e abusivos, quando dizem que pastor ou outro líder religioso qualquer só podem ser julgados por deus e mais ninguém e quem tocar no “ungido do senhor” morre! Os membros temerosos, imaturos e ignorantes engolem isso de modo natural sem reagirem enquanto dão 10% de tudo que produzem a eles, e se tornam subservientes incondicionais a um sujeito que o irá comandar com mão de ferro prometendo um paraíso imaginário enquanto os explora.
Esse mesmo tipo de pensamento retrógrado tem sido transmitido e implantado sorrateiramente ainda que de forma disfarçada em nossos tribunais toda vez que o “amor cristão” é invocado como lei de parola para julgar uma pessoa que “aceitou a jesus” ou se diz uma pessoa cheia de fé em deus.
Valores sociais diferentes produzem indivíduos diferentes com diferentes percepções do mundo e diferentes noções de responsabilidades para com os que o cercam. Enquanto uns acham que cada erro do mundo se corrige com uma simples bronca dada por seu genitor, patrão ou chefe de comando, um puxão de orelha, uma multa ou um pagamento de fiança sem nenhum efeito colateral, outros entendem que para cada ação existe uma reação no presente e o efeito dessa reação pode ser estendido por tempo indeterminado no futuro e outras vezes até incorrigíveis.
Um pai que teve seu filho preso por ter assassinado outra pessoa durante um assalto conclama as leis vigentes, diz a todos que seu filho agora solto já pagou pelo que fez depois de cumprir determinada pena, que a justiça já foi feita e que ninguém pode comentar nada a respeito desse feito. Já o pai que perdeu seu filho em um assalto por esse mesmo meliante sabe que justiça nenhuma trará seu filho de volta, e que no mínimo o assassino deveria ser eliminado de forma integral da sociedade caso o ato tenha sido premeditado e consciente por parte de um reincidente. Não é questão de vingança irracional, apenas questão de justiça! A falta dela é que torna os homens semelhantes a bestas.
As prisões brasileiras e de vários países cristãos estão cheias de pessoas que cresceram acreditando que um tapa de um policial, uma sentença de um juiz ou uma boa defesa de um advogado serão suficiente para os eximirem de seus atos cometidos de forma premeditada, inclusive de seus pecados diante do seu deus imaginário.
Pior que essas pessoas não lotam apenas as prisões e cadeias públicas. Elas vivem entre nós, solapando toda estrutura social, sendo comparsas inconscientes daqueles que dependem do caos para manterem suas estruturas de poder funcionando. Poderia dizer sem sombra de dúvida que boa parte dos nossos representantes políticos se tornaram exemplos máximos de como se valer das brechas da lei para cometerem crimes contra o a ordem social enquanto pagam de gente boa.
Ao permanecerem em convivência livre, os reincidentes que já conhece as brechas das leis não provocam apenas crateras que engolem as estruturas sociais, eles são também aqueles que com a força de um asteroide querem trazer algum tipo de extinção em massa enquanto sobrevivem para contar história na versão deles como sendo heróis de uma tragédia que eles mesmo causaram.
Como prova disso, podemos observar que quase todos os produtos fabricados, transportados ou consumidos que precisamos, temos de pagar em média 30% a mais do que deveríamos pagar, devido aos custos para amenizar os prejuízos de quem os produz ou os transporta por conta dos assaltos e arrombamentos constantes que acontecem nas linhas de produção, armazenamento e logística causado por esse tipo de pirataria moderna.
A cada dia novos tipos de seguros são introduzidos no mercado para compensar os riscos que as “bestas sociais” tem produzido em todos os níveis. Os cidadãos civilizados e bem comportados é quem paga toda a conta! Além dos valores absurdos de impostos que pagamos sem vermos o devido retorno que merecíamos em segurança, saúde e educação, ainda temos que pagar um percentual enorme para as mais variados tipos de seguradoras se não quisermos ver parar por completo nossas engrenagens sociais. No mercado de capital livre, ninguém produz ou comercializa nada quando o risco de perca é maior que os de ganho. Ser capitalista não é ser trouxa. É oferecer um produto ou serviço útil a outra pessoa e ser remunerado por isso.
Em prisões de países com regimes mais fechados existem formas diferentes de dizer para os tais que 5 dias ou 5 anos de cadeia não fazem renascer o que fora morto em um assalto, não faz reerguer uma empresa ou país vítima de operações fraudulentas e nem faz corrigir o incorrigível. Em nosso país, há meliantes que chegam a cometer os mesmos crimes 50, 60 e até 80 vezes sem o devido enquadramento, ou políticos que desviam dinheiro público por toda uma vida, para somente serem punidos perto ou depois dos 80 anos de idade como recentemente tem sido mostrado pelos meios de comunicação.
Nesses outros lugares, em certos casos eles teriam apenas 1 chance e nada mais! A questão da reincidência de indivíduos é um assunto de estrema importância para qualquer sociedade que deseja ser realmente justa com todos. A hipocrisia do “amor cristão” contribui em muito para que leis severas sejam aprovadas nos congressos.
Deus e o diabo tem sido um álibi, um auxílio e um escudo para gente sem caráter e sem valor se esconder nas sociedades cristãs. Não se pode esperar muita evolução social de um país que sai em defesa de certos indivíduos e diz em alto e bom som que um sujeito que estuprou e matou uma menina de apenas 6 anos só pode ser julgado e condenado por deus, enquanto poderíamos nós mesmo evitar que outros crimes desse tipo venham acontecer.
Nossa capacidade de evoluir ou regredir não dependem exclusivamente de uma intervenção divina como muitos acreditam. Se a lei que vale para uns vale para outros, os cidadãos de bem precisam sair também em defesa de seus direitos, com a mesma ousadia que um pequeno infrator sai quando é pego cometendo crimes. Se nos valemos de uma constituição, se faz necessário invoca-la se levamos em conta a lei de parola ou a lei de livros sagrados para manter nossa sociedade de pé. A precisão de nossas respostas refletirá no futuros que teremos.
Saúde e sanidade a todos!
Texto escrito em 7/1/18
*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.