E se a poesia fosse uma foto?

Buscando nas fotos que considero interessantes qualidades que poderia trazer para poesia, percebi que elas têm em comum alguma singularidade, algo que é só delas, buscam nos chamar a atenção para a solidão dos detalhes e sua beleza intrínseca.

Para isto é claro, procura-se o melhor ângulo, a melhor luz, a melhor distância, o melhor foco. E aqui o melhor nem sempre é o padrão. A alma do artista/fotógrafo pode nos traduzir o melhor como o mais inusitado por exemplo.

As fotos que eu mais gostei foram aquelas que me causaram compaixão ou aquelas que brincaram com meus sentidos.

O motivo pode ajudar, mas acredito que se a foto for boa pode ser de qualquer coisa:

De um senhor idoso maltrapilho sentado no meio fio,

De uma flor solitária nascendo teimosa num paredão de rocha

Ou de uma sombra que remete a outra imagem.

Acredito que o segredo da boa poesia é ser um tradutor que aguce a curiosidade dos sentidos dos que não estão vendo o que o artista vê e sente.

Vi meu filho colocando frases verdadeiras ou inventadas de famosos ou por brincadeira citando algum anônimo ilustre, explicando o que seria poesia. Então pensei na foto e sua singularidade sendo explicadas para um cego. Assim, numa analogia, pensei numa definição de poesia:

“Poesia é a tradução do artista para imagens e sensações.”

Sabendo das sensações que podem provocar, a fotografia clama para vermos a poesia das imagens, já na poesia o artista convida a termos as sensações das imagens, imagens de objetos físicos ou imagens dos sentimentos da alma.

Convido você a pensar na sua definição para poesia. :)