Mistérios da meia-noite
"Ninguém trai sem motivo"
"Tá gostosa, depois é abusada no metrô e não sabe o porquê"
"Vagabunda, só faz arte"
"Tatuagem é coisa de ignorante"
"Gay e sapatão é mal-amado"
"Brinco é coisa de delinquente"
"Boa gente não mutila o corpo"
"É biscate, fica trepando dentro de casa"
Uma vez viajamos ouvindo meu CD favorito, ele perguntava da minha vida, do homem que conquistaria meu coração aventureiro.
Ontem disse que serei abandonada pelo namorado porque sou difícil de suportar.
Aos seis anos, dei-lhe um presente e me abraçou por cinco minutos.
Aos dezenove, agradeceu, pegou o celular e ficou tirando fotos.
Aos dez disse que meu sorriso era o mais lindo do universo.
Aos quinze, que eu não sorria porque era antipática e nojenta.
Uma vez fiz um copo de bebida em copinho de requeijão, rimos da situação e bebemos até ver as estrelas embaçarem.
Semana passada, gritou comigo porque não coloquei numa taça com uma rodela de limão na borda.
Aos 13, andava com roupa de sitiante pela casa.
Aos 18, esse shorts rasgado é ridículo, vai colocar alguma coisa mais apresentável.
As pessoas mudam, amigos, parentes, nós mesmos.
Perdi a vontade de contatar em torno dos 16, peguei ódio aos 18. É pai, suporto, mas poderíamos escolher.