TEATRO E CIRCO PARA TODOS

Recuso-me a dizer para todos e “para todas". Já expliquei, em post anterior, que esta pseudo inclusão do politicamente correto contraria o gramaticalmente correto, que é uma forma neutra do pronome substantivo indefinido. Agora que sabem de que lado estou, continuo.

O circo, desde o mambembe até o Du Soleil, é local de diversão, alegria e respeito. Em que pese designarem certos locais e certas pessoas públicas de circo e de palhaços. Não é justo com os palhaços e nem com os circos. Agora que sabem de que lado estou, continuo.

Antes do advento da sétima arte, o palco era a tela. Mesmo que fosse em cima de uma carroça, no pátio de uma arena, ou uma improvisada tenda. O Shakespeare's de 1597, e outros teatros da idade média e mesmo medievais, já consolidavam e profissionalizavam as apresentações como arte popular e até as elitizavam aos palácios e casas dos nobres. Se formos um pouco atrás, veremos o teatro grego, o ditirambo e mais atrás ainda veremos que o teatro preenche e é uma necessidade do espírito... talvez desde as cavernas.

Depois desse preâmbulo, me permitam arregaçar as mangas e expor o principal:

No Brasil os equipamentos de teatro geralmente estão nos grandes centros urbanos, em detrimento do interior, compreensível pela falta de recursos e mesmo de demanda. Entretanto não deve ser por falta de consideração, pois o interior tem um papel importante no cenário geopolítico,cultural e econômico do país. Então, o que fazer? É aí que entra a sétima arte... os incentivos para que as peças teatrais sejam filmadas, ao vivo nas apresentações, ou mesmo em apresentações específicas e com mais riquezas cênicas. Direto ao assunto, e agora que sabem, vou fazer algumas colocações tentando elucidar dúvidas e dar corpo e mente à minha sugestão.

Perguntariam se não prejudica a bilheteria, a parte financeira do teatro. Grandes apresentações como o Circo de Soleil, cantores como Plácido Domingo, Pavarotti, maestro André Rieu (para não citar os santos de casa) tem renda garantida nos altos preços de bilheteria e também nos populares preços de seus DVDs.

Mas qual incentivo teriam as produtoras? As produtoras seriam das próprias companhias teatrais, das equipes técnicas dos teatros, dos alunos de faculdades de cinema, de companhias especializadas nesse tipo de prestação de serviços, etc. Nada das rouaneses da vida, deixemos a livre iniciativa regular o mercado.

Assim como o Pint of Science faz tipo de “sarau científico" em bares pelo mundo, também poderia ter apresentações programadas em bares com projeções de peças teatrais seguidas de debates. Isso também pode ser estendido às escolas, principalmente às do interior. Captaram a mensagem, caros mestres?

O teatro aliando-se à sétima arte só teria a ganhar, e o público, principalmente do interior, também. Outra coisa que poderia ser feita, é o incentivo, através de ingressos gratuitos, reservados anteriormente, em quantidade limitada, à caravanas e pessoas do interior. Esses ingressos, controlados, poderiam ser adquiridos juntos às Secretarias de Cultura das cidades. No retorno, poderiam participar de fóruns de debates sobre o que assistiram... Reassistindo ou dando a conhecer através do filme.

Mais ou menos por aí.... Assim, assim, talvez assado... um pouco menos, um pouco mais... Críticas? Sim! Ajudam muito... Sugestões? Melhor ainda...

Homenageio o ator Procópio Ferreira, fundador em 1924 da Companhia Teatral Procópio Ferreira, que varou o interior do Brasil, de norte a sul, levando alegria, diversão e cultura não só às capitais, mais principalmente ao interior. Tive a honra, quando criança, de estar em uma de suas plateias, quando de sua apresentação em minha cidade natal, no interior, em um teatro improvisado de lona, na praça principal. Guardo na memória o aviso de que a peça ia começar quando ouvia uma sonora, longa e inesquecível sirene... creio que ouvida pelos quatro cantos da cidade. Era o aviso de que o espetáculo ia começar...

A sirene do Procópio se estendeu além, conseguindo a regulamentação da profissão de ator. Junto com sua filha Bibi Ferreira, foi um guerreiro do teatro brasileiro.

Armand de Saint Igarapery – Textos no Face e no Recanto das Letras