Anonimato Compulsório
Sou aquele a quem você nunca viu, ouviu ou mesmo percebeu. Aquele que inexiste no seu universo, na sua dimensão. Aquele que veio provar a inexatidão, a exceção da regra que diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, pois todos os dias atravesso seu seu corpo, sua alma, seu pensar... e você sequer sente calafrios . Sou pois este que aqui estando, não está. Aquele que você jamais desconfiou da existência.
Resta-me, e nisso me agarro, a perspectiva de que um dia, por um acidente subatômico, alguma partícula nessa minha dimensão possa fugir ao julgo de um átomo de uma célula má ou débil, qualquer, de meu organismo e se perda na imensidão do vazio que existe entre nós. E que também aconteça semelhante catástrofe em relação a uma equivalente microscópica particula sua. E que ambas as particulas, pelo menos subatomicamente, venha estabelecer algum relacionamento.
Por enquanto a inexpressividade deste anônimo fica aqui deste lado da existência, do lado oposto, é claro, do lado a inexistência.