Conhecer-te a ti mesmo, brevíssimo ensaio
Somos estranhos para nós mesmos. O "conhecer-te a ti mesmo", dístico, segundo a mitologia grega, está na entrada do templo de Delfos, solicitava que cada "visitante" que ali adentrava, deveria responder a uma pergunta do Oráculo, habitante do tempo. Fala-se que desse tempo ninguém nunca que tinha dado uma resposta correta. Assim, por muito tempo, a frase "conhecer-te a ti mesmo" permaneceu sendo um grande mistério. O que ela queria significar era algo que ninguém entendia. Isso perdurou até o Oráculo disse que Sócrates era o mais sábio, porque esse lhe dissera que tudo que sabia era que não sabia de nada. Nesse instante, me parece, que "Conhecer-te a ti mesmo" é precisamente ter essa consciência de que ser sábio não é se sentir portador de extrema sapiência, de que o conhecimento é um bem a poucos destinados e que esses, tomados de certa soberba, se comportam como se essa "pré-destinação" fosse um presente dos céus e, por isso, deferencial para agirem arrogantemente com os outros. Quem assim age, certamente não se conhece, pois, se se conhecesse, saberia o qão é efêmero o conhecimento quando só serve para se exaltar frente àqueles que se supõem nada saberem. A bem da verdade, quem padece desse sentimento, penso tratar-se de alguém que sente medo. Medo de se deparar com os percalços da vida, com as contingências que a vida nos apresenta e que, uma vez tratar-se de algo "novo" para essas pessoas, não sabem como enfrentar o problema. Conhecer-te a ti mesmo, me remete a essa simples verdade: não há conhecimento plausível quando dele não se tira algo mais precioso, qual seja, de que nesse oceano chamado Humanidade, somos apenas gotas.