A DIALÉTICA DA EVOLUÇÃO - Uma Visão Sistêmica

A vida é um “reality show”, em que somos apenas atores espontâneos (livre arbítrio) da tragédia humana. O desafio consiste em fazer dessa tragédia o caminho mais curto para nossa evolução. Este caminho é um processo implacável e inevitável, com suas próprias leis e com sua própria dinâmica, o que o caracteriza como um Sistema Evolutivo. É um processo inerente à vida e dela indissociável. O livre arbítrio, percebido pelo ego inferior como a licença do Universo para qualquer ação humana, é, na verdade, a liberdade, intrínseca ao Sistema Evolutivo, para que possam ser suscitadas experiências evolutivas. No caminho inexorável da evolução, a liberdade tem como contrapartida a responsabilidade tanto como a assunção inevitável da autoria de pensamentos, sentimentos e ações de qualquer natureza, como a resposta sistêmica - Lei Universal da ação e reação - desencadeada de acordo com a natureza destes pensamentos, sentimentos e ações. Assim, no processo evolutivo, a identidade do autor, intransferível, é o endereço certo da resposta do Sistema ao uso do livre arbítrio. 

 

O Sistema Evolutivo possui uma energia própria, capaz de manter uma dinâmica cíclica em espiral ascensional, sustentada por três etapas sucessivas que, juntas, completam um ciclo evolutivo ou uma volta da espiral em ascensão. As etapas de cada ciclo eclodem sucessivamente uma na outra, assomando a última etapa de um ciclo à etapa inicial do novo ciclo, agora num patamar mais elevado de consciência. Cada uma das três etapas cíclicas possui um aspecto estático e outro dinâmico. O aspecto estático corresponde aos três momentos da dialética de Hegel: tese (primeira etapa), antítese (segunda etapa) e síntese (terceira etapa). O aspecto dinâmico é representado pelos três pilares evolucionais revelados pela Sabedoria Iniciática das Idades: transformação, superação e metástase.

 

Na primeira etapa, o aspecto estático é a tese, o status quo, tomado como cenário de referência inicial, em qualquer nível evolucional da consciência. Nesta etapa, o aspecto dinâmico é a transformação, que se origina no inconformismo em relação à tese, ao status quo, que já não mais responde aos anseios do ego em evolução. A transformação é a eclosão do impulso rebelde, demolidor dos padrões ultrapassados da tese rejeitada; é o rompimento com a tese, que conduz ao segundo estágio do ciclo evolutivo: a antítese. Mas a antítese possui em si, a germen da mudança evolutiva, que transmuta rebeldia em conciliação. 

 

 

O processo da evolução pela transformação (fazer-se um ser humano integral), superação (saber-se espírito) e metástase (ser – Eu Sou).

 

Não há superação sem transformação e não há metástase sem superação. Mas esta interdependência ocorre a cada patamar da evolução humana. Qualquer nível de transformação conquistado conduz a um nível correspondente de superação e metástase. Assim, a evolução se processa dinamicamente, as três fases interagindo de forma recorrente e cíclica, a cada salto evolucional, mesmo que mínimo e imperceptível.

 

Na dialética (Hegel) da evolução, tese, antítese e síntese são três momentos / ” estágios” da dinâmica evolucional que se saturam e eclodem, respectivamente, nos “processos” de transformação, superação e metástase, que, por sua vez, conduzem, cada um, ao seu próximo estágio. Então:

 

TESE(estágio) >-eclode em-> TRANSFORMAÇÃO (processo) >-que polariza a tese na->

 

ANTÍTESE(estágio) >-que eclode em-> SUPERAÇÃO da dicotomia (processo) >-que produz a->

 

SÍNTESE dos opostos (estágio)>-que eclode em-> METÁSTASE (processo) >-que conduz à->

 

NOVA TESE (estágio, num patamar superior).

 

Descritivamente, tese e antítese se polarizam através do processo de transformação. A superação vence a dicotomia entre tese e antítese, pelo conhecimento-sabedoria, adquirido pela experiência vivida no processo, e promove a síntese dos opostos, elevando o ser, através da metástase, a um patamar superior de consciência, a tese do novo ciclo evolucional... que se repetirá indefinidamente, até a metástase integral da consciência no espírito.

 

Assim funciona a Lei dos Ciclos; Assim é que “Deus escreve direito por linhas tortas”, pois não existe evolução em linha reta.

 

Mas... a evolução não é (somente) para ser explicada em nossa linguagem limitada. Qualquer tentativa é apenas um esforço pedagógico. Pois, na realidade, para cada aspecto da vida, que interage e está contido em todos os outros, no tempo e no espaço, os ciclos evolucionais acontecem simultaneamente, em níveis diferentes de consciência, numa aparente desordem absoluta, mas em forma tão sutil como uma modulação suave da música das esferas, que não se pode entender pela lógica da razão...somente sentir pela percepção da alma.

 

Roberto Guelfi
Enviado por Roberto Guelfi em 29/11/2017
Reeditado em 22/02/2023
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