Esquálido

Ponto de interrogação não é precisamente um ponto, mas também eu não considero ser essa frase preponderantemente afirmativa, porque duvido sempre do que costumo pensar.

Vivo atormentado pensado em estabelecer várias hipóteses de classificação para o meu discurso que flui assim irresponsável, inclusive, suponho agora que, nesse caso específico, ele seja apenas uma provocação, um mantra, um estimulante, mas posso estar pensando errado, porque pior: posso estar pensando simplesmente em vazios semânticos.

Esqueça, esqueça, esqueça! Esqueça o que eu falei até aqui, eu não vou incorrer em insanidades, surtos existenciais herméticos, pioneirismo literário, não! Quero falar de futebol, carnaval, Luta Livre...

Luta Livre!

Preciso aprender a ser mais convincente ou... preciso aprender a me deixar ser convencido. Que horas são? — Está vendo aí —, não devo estar interessado em saber que horas são, coisa nenhuma! Isso deve ter sido um artifício criado pelo meu consciente aloprado, com o intuito de abortar de mim qualquer tentativa de autoajuda, o filho da puta folga em me ver sempre nesse contorcionismo dialético. Não! Luta livre, sim! Concurso de Miss Universo, sim! O escarcéu!

Tive uma ideia: já que o cérebro humano é dividido em duas partes, uma responsável pelas criações objetivas, edifício, botijão de gás, Capitalismo, transgênicos, comida a quilo, salário mínimo e tralalalalá; outra parte, por digressões infinitas do real, vou entrar sem nenhum sentimento de culpa na primeira academia de ginástica que encontrar pela frente.

Chego lá para o personal, vou logo deixando bem claro, nada de glúteos, panturrilha, bíceps, gordurinha localizada, não. Manda aí um daqueles suplementos para cavalo. Duvido que assim não dê certo, que eu não consiga descolar um upgrade para essa minha memória volátil.