VOCÊ TRAIU A SUA CRENÇA OU O SEU GRUPO NÃO FOI HONESTO CONTIGO?

Te oferecem uma coisa e te dão outra e depois o traidor é você….

*Por Antônio F. Bispo

Já ouviu dizer que um mesmo homem não consegue passar duas vezes pelo mesmo rio, e que uma mesma pessoa não consegue ler por duas vezes o mesmo livro?

Pois bem, caso ainda não tenham visto ou ouvido essa frase, antes de passar para o parágrafo seguinte, tente refletir sobre o que essa citação quer dizer. Ambas as frases são atribuídas a pensadores orientais.

Sobre ser impossível alguém passar duas vezes pelo mesmo rio, atribui-se ao fato de entender-se que como as águas de um rio correm o tempo inteiro você não tem como passar por elas duas vezes seguidas. É possível passar pelo mesmo leito do rio várias vezes, nunca pelas mesmas aguas. Desse modo você nunca passa duas vezes pelo mesmo rio.

Quanto a questão de não ser possível uma mesma pessoa ler o mesmo livro duas vezes, atribui-se ao fato de presumir-se que quando estamos prestes a ler sobre algo novo, éramos uma pessoa sem o conhecimento contido naquele livro, após sua leitura somos outra pessoa, já que com o conhecimento adquirido temos uma nova visão de mundo. Quanto mais lemos, pesquisamos e aprendemos, nos tornamos pessoas diferentes, com um grau de conhecimento técnico, cientifico ou cultural maior. Desse modo, um mesmo homem, nunca ler o mesmo livro duas vezes por que em cada leitura ele se torna um novo ser devido ao conhecimento absorvido.

Entendendo esse fato, podemos perceber que a vida em si estimula a evolução, o aprendizado, a busca de novas experiências ou adaptações. A inercia e a estagnação vão contra a ordem natural da evolução e do aprendizado. As pessoas crescem, evoluem, tomam consciência de si e do mundo ao seu redor e podem optar ou não por seguir essa ou aquela fé ou estilo de vida. Isso não significa exatamente trair a cultura, a família, os dogmas ou a fé, já que inicialmente não nos foi dado a opção de escolher, apenas fomos inseridos na cultura qual nossos pais optaram seguir.

A língua de um povo é viva, sendo essa a principal ferramenta para construção e manutenção da civilização. A sociedade é um imenso organismo vivo que reage, absolve, readapta-se ou elimina os mais diversos “organismos” nela inserido. As percepções de valores também variam de acordo com a época e local em que você nasceu ou estar inserido no momento. Palavras que tiveram determinado peso em uma época podem não ter o mesmo peso, sentido ou valor em outras.

Há um conceito que interpretado de modo tosco ou mal intencionado, pode aprisionar vários indivíduos em seus próprios corpos, em seu próprio mundo, fazendo com que os tais vivam experiências infernais mesmo morando a beira de uma paraíso. Esse conceito chama-se TRAIÇÃO!

Ninguém gosta de ser traído não importa qual seja a forma. Pessoas que realmente se importam com os outros sentem-se mal apenas em pensar que podem estar de certa forma traindo alguém ou a um grupo. Os que sempre procuraram honrar seus compromissos e valores aprendidos, sentem asco só de pensar nessa palavra. Mas é possível trair alguém ou um grupo quando este estar sendo obscuro contigo, ou pior ainda, quando nem este sabe para onde realmente estar indo ou fazendo?

Ser fiel é muito bom! É até louvável, mas em certos casos é preciso verificar o estilo de vida ou a que grupo você estar dedicando sua fidelidade. É importantíssimo que quando os assuntos foram bem expostos e ambos entenderam bem o que estava sendo tratado e aceito, haja fidelidade no que foi tratado. Isso é questão de honra! Não havendo a real exposição dos fatos, ou o que foi prometido não estar sendo cumprido se faz necessário então rever a fidelidade a esse assunto ou a esse grupo.

Quando se falar em trair, possivelmente a primeira imagem que vem à cabeça de qualquer pessoa é a ideia de seu conjugue ou parceiro com outra pessoa. Não é sobre esse assunto que intento falar no momento. Há traições maiores que essa, e a pior delas é a que imputamos a nós mesmos, fazendo auto amputações para sermos aceitos em grupos que mal sabem o que estão seguindo ou fazendo. Quando somos traídos, provavelmente a falta de caráter vem do outro e não é culpa nossa. Quando amputamos parte do que somos em favor de um ideal mal intencionado ou mal esclarecido, somos nós mesmos os traidores e seremos nós mesmos carrascos de nossa própria existência.

Quando um indivíduo toma conta de si, de como tem cumprido seu papel social ou no grupo de fé qual faz parte e a contra parte não faz o mesmo e esse indivíduo decide mudar o comportamento ou abandonar o grupo, logo o líder local e os demais seguidores tem logo um dos termos que mais intimida as pessoas de bem: TRAIDOR! Traiu a fé, traiu a deus, traiu o grupo, traiu o governo, traiu o partido político... maldições, maldições, maldições...É preciso urgentemente considerar quem traiu quem, quando fica perceptível que a sua fidelidade a um grupo político ou religioso era apenas um meio, para que outros chegassem a determinado fim. Você não é obrigado manter fidelidade a um grupo político ou religioso quando perceberes que servia apenas e banquinho para outros sentarem, escada para outros subirem, massa de manobra ou fonte incessante de lucro.

Todo escravo quando decide se rebelar e procurar a liberdade é considerado traidor por aqueles que veem nesse sua fonte de lucro e conforto. A abolição da escravatura demorou acontecer em grande parte do ocidente exatamente por que os senhores de escravos em sua grande maioria cristãos, se justificavam usando a bíblia para manter tais pessoas aprisionadas, abusadas e maltratadas. Se não fossem os “traidores” aqueles que resolveram combater os costumes estabelecidos muitos destes costumes inseridos em livros “sagrados”, até hoje estaríamos convivendo com esse tipo de podridão social. A escravatura legal ou ilegal até hoje subsiste de modo oculto ou explicito, e muitos ainda se baseiam em ditames da fé para agirem assim.

Na história em geral, na maioria dos casos não foram os “fiéis” que fizeram revoluções benéficas para o povo em geral, antes sim foram os rebeldes, os anarquistas e “traidores” quem trouxe algum tipo de evolução social. Olhe ao seu redor e verás, que toda vez que vires uma pessoa demasiadamente fiel a um partido político ou religioso, na maioria dos casos os tais estão sendo remunerados ou beneficiados pelos tais sistemas e os defendem não pelo bem comum a todos, mas por interesses próprios.

Estes sim são os traidores do povo, por que pleiteiam em causa própria usando a máquina pública ou a ideia do sagrado como pano de fundo. Na maioria dos casos retratam nos outros aquilo que realmente são e o fazem para distrair as atenções espalhando uma cortina de fumaça por onde passam. Um discurso bem montado acompanhado de boas articulações gestuais, pode fazer com que um criminoso pareça um herói e os que realmente buscam pelo bem social sejam retratados como traidores.

Desde os mais antigos tempos os governantes tem procurado meios de intimidar pessoas que possivelmente pudessem ser pedras de tropeços em seus caminhos, que viessem tornar nítidas as reais intenções dos tais, expondo dessa forma os fatos como estes realmente eram e não como as pessoas foram levadas a crer. Os líderes políticos ou religiosos nesses casos usavam a força bruta para calar tais indivíduos e ainda assim pagarem de mocinhos. Nada melhor que acusar alguém de traição quando na verdade você é o traidor. Essa ainda é até hoje mais aplicada solução que gente sem honra e sem caráter costuma optar. Descubra algum “podre” do seu líder político ou religioso e veja sua vida ser atacadas por todos os ângulos, principalmente se você não fizer registros que possam evidenciar sua fala no futuro.

Tais lideres sem honra e sem caráter, seja do presente ou do passado, juntavam tudo que aquele indivíduo falou, descobriu ou percebeu, depois distorcia os fatos, e apresentava ao povo de forma diferente para que os tais jugassem a causa e fizessem “justiça”, incriminando um inocente e absolvendo um culpado.

Nesses casos em sua grande maioria, as pessoas movidas pela reação instantânea e sentimento de rebanho, desprovidos da razão, se sentiam felizes em serem juízes e carrascos fazendo “justiça” com as próprias mãos, achando que estavam fazendo um serviço a deus ou a uma causa comum, quando estavam apenas sendo marionetes, destruindo provas ou demonizando o que possivelmente poderia mudar a situação local para melhor. Nada do que mandar alguém fazer seu trabalho sujo e ainda fazer com que os tais se sintam bem pelo serviço prestado como se isso fosse algo realmente útil.

TRAIÇÃO! Quantos você conhece na história que foram mortos em praça pública, servindo de espetáculo e intimidação a outros, acusados por esse “terrível” crime? Se folheares os livros de história de quase todos os povos encontrarás neles, citações de várias pessoas que morreram injustamente enquanto os verdadeiros traidores ficaram impunes. A igreja católica quem sabe foi quem mais matou pessoas com esse tipo de acusação. A fé islâmica atualmente estar quase a se igualar com esta outra.

Infelizmente, todos os que dizem seguir ao deus de Abraão, esteja esse em um grupo judeu, mulçumano ou cristão e decida sair desse grupo para um outro, mesmo sendo da mesma linha de raciocínio e ainda assim seguindo ao mesmo deus, é acusado de traição! Alguns tem suas sentenças decretadas de imediato pagando com a própria vida, outros tem suas penas aplicadas por meio da excomunhão de bens familiares, demissões de cargos públicos ou privados, excomunhão da igreja, perseguição, difamação, calunia, boicote, ameaças de morte e limitações dos recursos básicos a sobrevivência por aqueles que os consideram como traidor.

Quanto mais aqueles que dizem seguir o deus de Abraão se dividem em grupos diversos, mais traidores surgem, mais infernos são criados para pôr os “infiéis”, mais limitações são aplicadas aos membros, mais restrições imposições querem aplicar aos de fora do grupo e mais infernal se torna o convívio entre os tais povos.

Ainda que tentem desmentir esse fato, a própria bíblia e a história secular provam isso, e todos os dias em todos os cantos do mundo vemos pessoas dos 3 principais seguimentos religiosos ocidentais acusando um ao outro de traição, de heresias e condenando um ao outro infernos de diferentes estilos. Um único deus, milhares de interpretações de sua vontade e bilhões de pessoas confusas internamente e guerreando entre si, preocupadas se estão ou não fazendo o certo de modo certo quanto aos ritos sagrados.

Você nunca vai alcançar a salvação! Você nunca vai alcançar a graça divina! Você nunca vai alcançar as beatitudes da fé! Você é um infiel! Você é um traidor! É isso que dizem um ao outro cada grupo religioso que se divide, se expande, e se atacam escondendo as mais espúrias das intenções em nome do sagrado: USAR VOCE COMO FONTE DE LUCRO E PODER ETERNO.

Desde os mais antigos tempo que uma pessoa que esteja no poder, seja essa um líder político ou religioso, ou ainda um juiz corrupto, poderia se valer da palavra traição para eliminar qualquer pessoa que desejasse se o desagradasse ou estivesse em seu caminho, ainda que fosse apenas por orgulho do que estava em posição de comando. Quando o indivíduo não era eliminado pela condenação à morte, recebia o eterno desprezo social, por portar esse título de traidor. A grande questão é: quem realmente era o traidor, e quem realmente estava traindo?

Para quem tem o mínimo de bom senso sabe que acordos para serem cumpridos fielmente, se faz necessário o entendimento e que fique claro os direitos e deveres de ambas as partes, se assim não o for, o conflito será certo. O dever de um governante é governar para povo, usando os recursos do povo em favor do povo e não regendo em benefício próprio ou de uma minoria que o apoiou em períodos eleitorais. O dever dos legisladores é construir e fazer aplicação das leis de modo imparcial, tendo como intuito principal manter a ordem social. Não havendo isso, não será o povo o traidor e não se deve encarar os que buscam o enquadramentos dos fatos como traidores.

Além das traições conjugais, condenadas pelas maiorias das sociedades e religiões do mundo novo e antigo, parece que o segundo maior crime considerado traição que alguém possa cometer é quanto a trair a sua fé original. Essa é quem sabe a maior de todas as mentiras, e o meio pelo qual é possível controlar á distância qualquer indivíduo. Uma ferramenta de “tecnologia” mais poderosa que os atuais meios de controle remoto que possuímos, pois quem criou esse tipo de controle, pode acessar a mente das pessoas em distancias de tempo e espaços ilimitados. Basta só treinar desde o berço em que um indivíduo deve ou não acreditar e você o terá sob controle por toda uma vida. Quando ele decidir rejeitar tais ensinamentos, acuse-o de traidor, e exponha isso a sociedade qual ele estar inserido e a sociedade o julgará. Talvez assim, este problema se corrige sozinho. Poucos se arriscam a enfrentar uma crença seguida pela sociedade ou enfrentar as ideologias de seus representantes. É possível pagar com a vida nesses casos, mas toda liberdade tem seu preço.

O conceito de “fé original” como imposição a ser seguida é tão ridículo quanto impossível, seja em que época ou cultura que um indivíduo esteja inserido, pois todos nascemos sem fé, sem religião e sem crença em deus algum. Ao nascermos somos como um disco virgem, pronto a gravar ou que quer seja. Nossos genitores ou responsáveis nos criaram na concepção de fé qual achavam correta, geralmente tais imposições eram forçadas, sem a opção de escolha, introduzida aos membros como sendo a verdade universal e inquestionável pelos líderes religiosos que os presidiram e só pelo fato de nascermos em tal lugar, sob tais circunstâncias, dizem que estamos traindo a “fé original” quando resolvemos escolher outro caminho.

Um indivíduo, que depois de crescido, que decide pesquisar e estudar por conta própria os termos da própria crença que até então seguia, passa a ser considerado um traidor, e não importa o quanto antes ele tenha sido obediente e prestativo aos membros daquele grupo e aos seus líderes, agora ele passa a ser visto como uma má influência, um herege, um filho do capeta, a encarnação do próprio diabo. Os mais fracos (a grande maioria), recuam, retornam aos seus confortáveis casulos produzidos pela pura e cega fé, e os poucos que decidem seguir adiante passam de heróis a vilões, de mocinhos a bandidos, de filhos da luz a filhos das trevas num estalar de dedo. Numa sociedade teísta (hipócrita), os méritos, as honras, as condutas e as conquistas de um indivíduo não importam. Importa apenas o seu grau de subserviência a um líder político ou religioso.

Não é meio suspeito que a traição e a desobediência aos deuses estejam sempre associada a busca pelo conhecimento? Por que os deuses precisam de pessoas ignorantes e submissa para poder existirem? Talvez por que pela lógica, razão, argumentação e decisão própria a quem eles foram apresentados, os deuses não existiriam ou não seriam considerado deuses. É pela cega fé, pela imposição forçada de crenças, pelo ciclo castigo-recompensa, e pela humilhação e excomunhão de quem os rejeitam que os deuses sobrevivem. Dizem que eles são amados, mas na verdade eles são temidos pelo retrato que fizeram deles.

Já prestaram atenção que desde o Éden, segundo o deus cristão e seus representantes, o conceito de trair a deus resume-se principalmente na busca pela verdade além dos livros ditos sagrados, e o fato de os humanos se juntarem em busca de soluções para os seus próprios problemas é considerado como rebeldia?

Não te é estranho que o conceito de pecado resume-se também no fato de um indivíduo não obedecer cegamente uma ordem que lhe foi dada, mesmo quando essa ordem seja para sua própria destruição ou destruição de outro?

Não te é estranho que a “grandeza e o poder dos deuses” aumentam cada vez que as pessoas se tornam ignorantes, vivendo apenas em obedecer e seguir sem questionar? Não te é mais estranho ainda que o conceito de pessoa boa para a igreja não estar baseada na bondade, na justiça e bom relacionamento que um indivíduo mantém com os demais, mas sim na capacidade de subserviência que esse tem para com os que dizem ser representantes de deus?

A ignorância é o chão no qual os deuses firmam seu trono. A subserviência forçada aos seus representes é a única base pelo qual esse trono subsiste. O desejo de grandeza e poder é o combustível que alimenta as almas de tais líderes. A inercia, o medo da evolução e a necessidade de terceirizar suas responsabilidades pelas massas é o elo principal que liga o trono dos deuses ao mundo dos homens.

Como um balão de hélio preso em uma fina linha, a “tesoura” do conhecimento é capaz de deixar voar para outros mundos, todo um reino mítico e ilusório, fazendo com que os súditos desse reino, deixem de ficar olhando o tempo inteiro na vertical, e compreendam a vastidão do mundo na horizontal que os aguardam, e passem a viver de cabeça erguida, olhando para frente e para os lados, e não prostrados, olhando para cima em busca de um socorro que nunca virá.

Agora pensem: por que um indivíduo é considerado um traidor por abandonar a fé de seus pais, se no ato de optar por aquela fé, ele não teve a capacidade de entender ou de pelo menos escolher o que estava aceitando? Pode uma criança recém nascida, que teve água jogada na cara como sinal de aceitação ser considerada traidora no futuro se decidir optar outra linha de pensamento? Pode um indivíduo que acima dos 12 anos, teve seu corpo mergulhado em água num rito de passagem ser considerado traidor se no futuro ele descobrir que todos aqueles ritos e liturgias, são cópias fieis das crenças que ele foi ensinado a condenar e chama de pagãs?

Para que os tais fossem considerado traidores, seria necessário que houvesse pleno entendimento de ambas as partes do que estavam concordando. Nenhuma igreja faz isso, pois é na fé e não na lógica que elas subsistem.

Para que o abandono de uma crença fosse considerado realmente traição, seria necessário que o indivíduo fosse esclarecido de modo fiel, como sua religião se formou aos milhares de anos desde que o homem é homem e mesmo assim aceitasse seguir.

Não é pela clareza dos fatos que os deuses são ofertados aos homens. É pela ocultação da realidade e manipulação de outros fatos, além da imposição quase que obrigatória dessa fe para que você não seja considerado um ser antissocial que eles são inseridos. Horas eles servem de muletas, horas servem de tropeços, nunca como asas ou propulsores da liberdade. Sem falar que os conceitos da fé, em sua grande maioria todos eles abstratos, tornam impossível seu real entendimento, ou passiveis das mais diversas linhas interpretações, tanto é que todo dia abre-se uma nova igreja, tendo como pano de fundo a lucratividade fácil, ou uma reinterpretação de um versículo isolado da bíblia.

Não vemos mal algum quando uma criança depois de crescida deixa de acreditar em papai Noel, Branca de Neve, bicho papão e tantos outros ícones criados para intimidar ou fantasiar até certa idade. Quando um indivíduo, adulto, que já sabe fazer uso da razão, que estudou, pesquisou e decidiu não mais viver de crenças infantis revela isso publicamente a sociedade em si cai matando, condenando, crucificando, considerando que todas as mazelas que ocorrem no mundo é devido a não crença de um único indivíduo.

Em uma igreja evangélica por exemplo, quem realmente é o traidor? O líder ou grupo completo que oferece jesus, a palavra de deus e a salvação e depois enchem as pessoas com dogmas inúteis que mais oprimem do que liberta, ou o fiel membro que percebeu como realmente funcionava as coisa e depois abandonou as tradições do grupo e a subserviência aos líderes? Os que te ofertam jesus como salvador nunca pesquisaram de modo honesto sobre jesus e nem sobre o conceito de salvação ao longo das eras, e quando você o faz, você e não eles é considerado traidor. Usam ícones tido como sagrado apenas para ter influência sobre você ou extrair seus recursos e ainda te chamam de traidor. Pouco importam se estão sendo ou não antagônicos a própria ideia de sagrado. O que importa é o lucro e o domínio sobre ti. E te chamam de traidor quando você não aceita esses fatos.

Por outro lado, o mais cômico é ninguém pode trair a deus! Ninguém pode trair aquele diz saber e ver tudo antecipadamente. Isso torna impossível o conceito de traição! Se ele já sabia de tudo que você ia fazer e pensar mesmo antes de você nascer, você não é um traidor, pois ele já previa tudo. Mais estúpida fica a situação quando você aceita que tudo, absolutamente tudo já foi desenhado por deus para a humanidade e que não cai uma folha de uma arvore sem que ele não tenha projetado isso e que você não pode mudar seu destino já traçado por ele. Nesse caso você não seria um traidor, apenas uma marionete daquilo que acreditam ser o deus todo poderoso.

Em pleno século 21, ouvir uma pessoa dizer que estar sendo castigado por deus por desobedecer ao seu líder religioso, ou por desobecer a uma “doutrina” de sua igreja é de doer na alma. Pior ainda é ouvir da mesma pessoa a citação de que não apenas ele, mas toda sua família estar sendo punida com pragas, enfermidades, desempregos e conflitos nas relações pessoais por algum “pecado” que este cometeu. Quando você pergunta, qual foi esse grandioso pecado que o infeliz cometeu, este simplesmente diz que o toda essa punição é advinda pelo pecado de ler um texto “herege”, fazer pesquisas sobre conhecimentos científicos, ou simplesmente trocar ideias com pessoas de uma fé diferente. Que pecado gravíssimo!

É muito doloroso se deparar com a dura realidade dos fatos quando são expostos. O mundo literalmente cai quando percebemos como as coisas são e como foram projetadas para ser. Pior ainda é saber que a utopia é a regra de pensamento imposta pela igreja e pela política para poder manter o controle sobre as pessoas. A igreja evangélica parece deter hoje em dia o monopólio de ameaças e controle mental dos individuos. A política como funciona hoje no ocidente é apenas um braço extensor da igreja. Uma sempre se valeu da outra em dias de crise, quando viram seus impérios ameaçados pela razão.

Se fosse permitido que um fiel religioso falasse sem ser interrompido, condenado ou humilhado em público e expressasse tudo que pensa ou afirma saber sobre deus e sua vontade, uma pessoa de mente sã teria vontade de chorar com as conclusões que esse tem da vida e de si mesmo. A vida de um cristão comum é um embate diário. Uma luta eterna, um sofrimento eterno. Não uma luta real, mas uma luta imaginaria, travada contra demônios e forças do além, tudo baseado na ideia de pecado construída pelo grupo qual frequentam.

Quanto mais fechados forem os grupos mais “pecadores” e doentes essas pessoas se tornarão. “Pecam” da hora que acordam, até a hora que vão deitar, e até no sono, continuam pecando, sonhando coisas que não deviam segundo a mentalidade do grupo. Ter nascido é o maior pecado que já cometeram. O segundo maior pecado que cometeram, foi após ter nascido agir de modo instintivo, procurando os seios de sua genitora para saciar a fome. Depois disso, só pecados, e pecados e pecados lhe são imputados diariamente. Desde o instinto natural de acasalar e procriar, até o modo como sepultar seus mortos, movidos ou não por ações ritualísticas o sujeito inserido nesse contexto vive sob o pecado, com medo de condenações e humilhações eternas.

Culpa, medo, pressão psicológica, paranoia, esquizofrenias...tudo isso parece ser o prêmio dos que vivem em constante devoção aos seres metafísicos e obediência cega aos que dizem ser seus representantes. Pessoas doentes, que fazem questão de adoecer todos ao seu redor, tornando negro o mais lindo dia de primavera, demonizando atos simples do cotidiano, que conseguem enxergam maldade em tudo e em todos, menos naqueles que lhes exploram e usando o próprio medo como guarda da própria prisão pessoal.

O modo como alguns cristãos chegam a descrever a imagem do deus que servem, de certa forma se parece mais com a descrição de um gangster, um cara do mal, um mafioso da pior qualidade e não um ser de luz. Afinal, o que realmente é o deus cristão? Um ser do bem ou um ser do mal? As descrições que seus representantes fazem dele nos últimos 5 mil anos deixa essa dúvida.

A mentalidade medieval do povo referente ao deus irado continua a mesma desde Moisés, que começou estabelecendo o culto oficial a esse ser por meio de pirotecnia ou tecnologia não identificada para amedrontar o povo “escolhido”. De lá para cá só o medo e o terror tem se propagado na mente dos súditos desse ser, e todas as suas “conquistas” funcionam na base da violência, da força bruta e de ameaças. Todos que rejeita ou questiona seus métodos são vistos com mau olhos ou considerado traidores e a depender em que local do planeta você esteja agora, você pode inclusive ser torturado e morto se fizer qualquer questionamento fora dos padrões aceitáveis a cerca desse deus.

Há ainda quem acredite que é o seu espirito que se encarrega de convencer o povo para aceitá-lo. Só que o método usado por esse “espírito” é o mesmo que um bandido usa para convencer uma pessoa a entregar dinheiro, documentos e chaves do carro apontando uma arma para cabeça desta mesma pessoa. “Ou me dar o que quero ou eu te mato”. Diz o marginal! “Adorem a deus e para sempre em uma igreja ou ele te manda para o inferno”. Diz o “espirito santo” por meio dos que dizem representar esse deus!

Muito fácil convencer as pessoas assim! É muito fácil conseguir o “amor” das pessoas usando ameaças! Difícil seria convencer a aceitá-lo pela lógica e razão dos fatos, e pela liberdade de escolha sem ameaças! Até um pequeno meliante consegue submeter pessoas a sua vontade e ser “amado” quando se apresenta portando armas, munições e fazendo ameaças.

Do mesmo modo que uma mesma pessoa nunca passa pelo mesmo rio mais de uma vez, e um indivíduo nunca ler o mesmo livro duas vezes, por motivos já explicados no primeiro parágrafo desse texto, é impossível aos que buscam conhecimento continuarem vivendo o mesmo estilo de vida e de crenças. Isso não é pecado, traição ou imoralidade.

Pecado, traição e imoralidade é usar a ideia do pecado, do sagrado ou a máquina pública para extorquir, ludibriar ou manipular pessoas. Lembre-se: “pecadores”, “rebeldes”, “anarquistas”, “loucos” e “profanos” ajudaram a melhor o mundo de forma coletiva. Os que são de modo demasiado fiel a um grupo político ou religioso, estão ajudando apenas a melhorar seu próprio mundo!

Saúde e sanidade a todos!

Texto escrito em 5/11/17

*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 06/11/2017
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