DIFERENCIANDO SABER DE ACREDITAR

DIFERENCIANDO SABER DE ACREDITAR

Você encontrou a verdade da salvação ou acredita no que lhe traz conforto?

*Por Antônio F. Bispo

Como resultado das heranças do pensamento religioso embutido em nós desde muito cedo, é comum muitas pessoas confundirem algo que realmente sabendo, com aquilo que estão acreditando ou sentindo.

Mais comum ainda é tomar como verdade absoluta aquilo que os líderes religiosos dizem ser verdade mesmo que seja antagônico ao conceito da própria fé, ou do livro “sagrado” que se baseiam. O cristianismo por exemplo, foi o responsável por um atraso cientifico e tecnológico do ocidente por mais de mil anos, combatendo, perseguindo e destruindo qualquer linha de pensamento que não fosse aprovado pelo clero.

Como o interesse do clero em sua maioria se resumia em interesses políticos e de exploração, homens de batina que mal conheciam sobre si mesmos e que pouco ou quase nunca liam o livro que diziam ser sagrado, diziam ter respostas para absolutamente tudo sobre qualquer assunto. A conclusão de qualquer sentença favorável ou negativa era sempre baseado na “vontade de deus”. Os dias mais negros que a humanidade já viveu, foram exatamente aqueles que diziam estar debaixo da graça divina.

Até hoje isso se repete: homens de batina que não tem ou são proibidos de construírem família, querem ensinar você a como conduzir a sua. Pessoas que vivem isoladas, em orações constantes, falando com seres imaginários sobre problemas imaginários, querem ensinar você a como resolver problemas reais com pessoais reais. Pessoas com pouca ética, que vivem do comercio da fé e da ingenuidade alheia, vivem te rotulando de pecadoras e dizendo que você e não eles é quem precisam se arrepender dos pecados para obter a salvação. Já pensou?

Diferente do pensamento cartesiano que faz refletir sobre todo tipo de verdade e suas aplicações no cotidiano, o seguidor do pensamento religioso pode selecionar a verdade que lhe for mais confortável e desprezar ou atacar todas as demais. Além do interesse financeiro, isso explica o surgimento de uma nova igreja todo dia. Eles dizem saber da verdade não por que fizeram estudos aprofundados sobre esta verdade, mas por que pelo conforto ou necessidade do momento, escolheram aquela linha de pensamento e a chamou de verdade.

Em grande maioria são pessoas que acreditam que todos os problemas do mundo se resolve ascendendo uma vela a um santo qualquer, cantando um hino sem sentido, adorando uma divindade metafisica e imagem de escultura ou dando dinheiro pra líderes religiosos ficarem cada vez mais ricos e opressores. Nem sequer param para refletir, que a maior parte dos problemas sociais existem exatamente pelo foco de atenção e recursos desnecessária dados a seres que de nada precisam, enquanto ficamos omissos aos problemas reais e que quanto menos tempo passamos reverenciando seres do imaginário coletivo, mais tempo nos sobra para resolvermos causas reais.

O pensamento religioso medieval se estende além dos setores da fé e faz com que muita gente viva a vida como idolatras da própria verdade e iconoclasta de verdade alheia, fechados em seus castelos de certezas, contratando inquisidores de pensamento para vigiar e delatar qualquer um que diga algo que do seu ponto de vista não seja verdadeiro.

Entre tantas vertentes de verdades sobre os mais diversos assuntos no universo, algumas pessoas escolhem uma linha de pensamento, se acomodam a ela, e dispensam todas as outras, depois repetem todos os dias para si mesmas que estão na verdade, ou pior ainda: que são a verdade, e todas as demais pessoas devem silenciar mediante aquilo que julgam ser verdade. Nesse modo de ser, é possível que o desejo de glória inerente a nossa própria natureza humana, esteja falando mais alto que a razão, confundindo nossas emoções.

Somente os tolos julgam estar o tempo inteiro na verdade. Os sábios estão sempre em busca dela, e se for necessário se despir de uma verdade para reanalisar um outro ponto de vista, o farão sem receio algum. Reconhecer que estava errado e procurar o caminho do acerto é mais proveitoso que passar o tempo inteiro na mentira só com receio sobre o que os outros irão pensar.

A idade média passou a nível histórico, mas ela estar bem viva ainda, dentro de muita gente que leva consigo a tiracolo, sua porção de verdades adquiridas para tentar ultrajar, sobrepor e combater qualquer um que cruzar seus caminhos. Como Sancho Pança, alguns que estão ao lado destes tem de estar o tempo inteiro dizendo a tipos que encarnam o Dom Quixote, que um moinho de vento não é um gigante que o estar incitando para uma luta.

Mesmo para quem passou anos a fio dentro de um sistema religioso e hoje diz estar liberto, anda e vira é possível encontrar nestes, traços do raciocínio relacionado aos padrões de verdades anteriormente defendidas. Funciona mais ou menos assim: leu, assistiu ou ouviu algo que “falou aos seus corações”, que alegrou a alma, que forneceu “alimento” para aquele momento de fome existencial e então dizem para si mesmos: encontramos a verdade! Encontrar citações que se encaixem com nosso estado de espirito momentâneo, não significa exatamente o encontro com a verdade absoluta. A todo o faminto, até o amargo é doce, diz o ditado popular.

Não devemos esquecer porém, que geralmente as verdades de um indivíduo, são sempre resultados de seu nível cultural, de suas experiências o mundo exterior. Ou seja, um indivíduo frequentador de igrejas por exemplo, que ler apenas poucos versículos de um livro só, monitorado por aqueles que dizem ser os detentores da verdade para que não beba de outra fonte, terá sua verdade limitada apenas aquele nível de experiência do grupo. É como o que sofreu atrofia muscular e tem seus movimentos limitados apenas a certos ambientes, e convive de igual modo com outros atrofiado. Desse modo vão criar uma falsa ilusão que todos no mundo são atrofiados, e que o mundo se limita aos seus movimentos. Não são mais feios, nem mais bonitos, apenas sujeitos atrofiados, que poderão se desenvolver a medida que tirar os olhos da própria limitação.

Por outro lado, uma pessoa que, estuda, ouve mais do que o que fala e pesquisa sobre tudo, terá suas “verdades” aumentadas, e cada vez mais irá assumir para si mesmos que nada sabe. Pessoas assim, quanto mais aprendem, mais afirmam não saberem e desejarem saber mais. “Só sei que nada sei” - já dizia uma das mentes mais brilhantes que já passou nesse planeta. “O grupo que faço parte, só fala a verdade e é uma porta para a salvação” - diz o lustrador de assentos de igreja.

Como exemplo disso, conta-se que certa vez, um indivíduo foi zombar de Thomas Edson, um dos maiores inventores que o mundo já conheceu e que também foi o um dos inventores da lâmpada incandescente, dizendo que ele deveria estar envergonhado por errar 999 vezes e acertar apenas 1 para chegar ao resultado que queria. Ele rio e disse: “eu não errei 999 vezes, eu apenas descartei 999 possibilidades que julguei menos favorável até chegar aquilo que achei mais perfeito”.

Viu a diferença entre aquele que sabe realmente algo e aquele que julga saber? Funciona mais ou menos assim: o sujeito que nada busca, afirma já ter encontrado respostas pra tudo, e mesmo antes de tentar algo já julga saber o resultado, enquanto o que vive em busca do aprendizado constante, vai estar sempre descartando ou agregando novas possibilidades na sua construção de verdades e soluções para problemas reais.

Uma das maiores mentiras que tem sido pregado no ocidente nos últimos 2 mil anos é quanto à questão da salvação do ponto de vista cristão. Cada igreja a vende como quer, do jeito que quiser, e faz com essa ideia o que bem entender, e todos que “aceitam a jesus” ou passam a professar de certo modo um credo cristão diz: encontrei a verdade! Estou salvo! Quando jesus vier eu vou subir! Bom demais pra ser verdade...

Dizem isso, baseado na repetição constante de citações isoladas e informações antagônicas e não por que tenham certeza do que estão dizendo. Prova disso é que temem muito a morte e se apegam com facilidade aos bens materiais e vivem por meio de orações e sacrifícios fazendo barganha com o sobrenatural para levar vantagem sobre outros aqui na terra ou aumentarem o período de vida.

Se torna tediosa e praticamente insignificante a vida de quem diz já saber de tudo ou ter encontrado a verdade absoluta dos fatos. Damos sentidos as nossas vidas pela busca de respostas que muitos já julgam tê-la consigo desde o nascimento. Não é vergonhoso mudar uma linha de pensamento se necessário após muito refletir sobre o assunto considerando os prós e os contras, ou por meio de pesquisas perceber que estava errado o tempo inteiro.

Cientistas fazem isso todos os dias e nem por isso se tornam menos valorosos. Vergonhoso é viver em martírio interior constante, se culpando por crimes que nunca cometeu, com medo de um castigo que nunca vai chegar, vivendo como objeto de lucro e capacho de pessoas mal intencionadas e que pela própria frustação que sentem, desejam destruir tudo aquilo que cause diversão e prazer aos que estão livres das arapucas da fé. Isso sim é vergonhoso!

Nesse estilo macabro de viver, a maioria destes gastam a maior parte de suas vidas a procura do interruptor da lâmpada alheia a fim de apagá-la, ao invés de procurar saber onde estar a sua própria para ascende-la, desejando desse modo que o outro também viva na mesma escuridão que ele vive.

Todos os que vivem em cavernas, quando são expostos a luz, se sentem incomodados e a grande maioria preferem voltar as trevas, com receio de ficarem cegos pela exposição do esplendor. Alguns se adaptam mais a escuridão por não expor a vastidão do ambiente e trazer o conforto dos movimentos limitados e repetitivos, por isso se incomodam com qualquer luzinha que outro possa ascender para iluminar o próprio caminho. Para um preguiçoso, a via cruci começa quando se percebe que um serviço tem de ser feito e o calvário dessa mesma pessoa se torna em saber que se não o fizer ninguém o fará, então terceirizar a responsabilidade para seres imaginários se torna uma forma de escapismo.

Escapar de uma situação, não significa dizer que o problema foi resolvido, apenas estamos adiando a realidade dos fatos.

Um sujeito decora ou sabe localizar alguns versículos em algum livro dito sagrado e diz ter encontrado a verdade por que sabe onde estar escrito tais citações no livro de sua crença. Não pensou sobre essas citações, não refletiu sobre elas, não comparou com outras, não buscou o contexto histórico, social, político, cientifico ou tecnológico da época de quem escreveu e nem procurou saber a situação que levou quem escreveu a escrever daquele jeito o que escreveu, apenas sabe onde estar escrito e diz que aquilo é a verdade só por que sabe onde estar escrito.

Saber onde estar escrito determinada citação em um livro significa realmente saber a verdade? Decorar trechos inteiros de passagens bíblicas, é sinal de ter encontrado a verdade? Possuir em casa um livro de capa preta como objeto decorativo que quase nunca se lê, com histórias de um povo de outra cultura, usado apenas para se auto afirmar em momentos de conflitos, significa possuir a verdade? Claro que não! Um bilhete premiado de loteria no fundo de um baú, esquecido pelo dono, tornaria esse possuidor um milionário? Claro que não!

Na maioria dos casos os que agem assim dizem ter encontrado não uma verdade qualquer, mas uma verdade universal absoluta, passível de dobrar ou sobrepujar todas as outras demais verdades existentes do universo, apesar de o conjunto de crenças completa desta mesma verdade em questão ser um apanhando de citações alto anulatórias entre si, juntadas e costuradas ao longo dos séculos como uma grande colcha de retalhos, mesclando citações de vários povos, de várias culturas, cujas citações até certo modo eram verdadeiras ou aceitáveis para a época em que foram escritas ou por quem foram escritas, de acordo com as ideias que as pessoas faziam de si mesmas e de tudo ao seu redor, usando os recursos tecnológicos e científicos da época.

Há sempre um interesse pessoal em situações como essas, em aceitar como verdadeiras, citações isoladas, costuradas e antagônicas como sendo uma verdade universal. Pior ainda é se desesperar para convencer a tantos quantos sejam possíveis que esta ou aquela seja a verdade verdadeira absoluta e inquestionável só por que estar escrito nesse ou naquele livro. O limite da estupidez e bestialidade chega ao ápice nessas ocasiões, quando um seguidor de uma verdade como essa usa de ameaças como pragas e maldições imediatas ou de sentenças irreversíveis no futuro para quem não aceitou aquilo que este considera como verdade. O extremismo se dá, quando em nome dessa mesma verdade usa-se de violência física contra si mesmo ou aos outros em forma de atentados ou guerras santas, para imputar á força ao outro esse tipo de crença.

Por que esse desespero em imputar a outra pessoa esse tipo de ideologia? Por que essa necessidade desesperada em convencer o outro ao seu ponto de vista? Se é verdade aquilo que o vendedor de sonhos diz ter certeza, bom para ele, caso o outro recuse vai ficar com toda a parte da verdade só para si.

Já diz um ditado: “laranja madura, na beira da estrada, ou está bichada, ou tem marimbondo no pé”! Desconfie de quem de modo forçoso e desesperado quer te vender algum tipo de verdade. É um possível sinal de que nem ele mesmo acredita no que estar dizendo, e precisa mais e mais de outras pessoas para tornar sólido seu castelo de sonhos.

Os produtos mais preciosos e de melhor qualidade no mundo geralmente não são ofertados de grosso modo ao povão, nem forçado de forma insistente. Apenas ricos, poderosos e pessoas seletas tem obtido as escondidas ou por um preço considerável o que de melhor se produz pela raça humana, seja informações, produtos ou serviços.

Se desde os mais remotos tempos os ricos e poderosos tem ficado com aquilo que de melhor a sociedade produz, o que faz uma pessoa comum pensar, que algo tão precioso como a salvação de suas almas e inserção num paraíso com ruas de ouro e toda riqueza disponível estaria acessível e de forma gratuita a estes? Não seria essa propaganda apenas um modo de obter dinheiro de mentes incautas vendendo pacotes de salvação por preços absurdos, pagos durante toda uma vida de subserviência a líderes religiosos arrogantes e gananciosos?

De certo modo, a salvação cristã como é ofertada, assemelha-se aos viciados em jogatina. Com pouca coragem de trabalhar, estudar ou investir em negócios lucrativos, vivem a vida inteira jogando dinheiro fora, apostando suas economias na intenção de ficarem milionários de repente. Pouquíssimas pessoas ganham, e quando ganham fazem mal uso do valor, por que não foi um objeto conquistado com sacrifício ou não aprenderam a produzir bens, apenas a gastar valores. Se juntassem o valor investido durante 30 anos de jogo, teriam em certos casos muito mais que o valor do prêmio conquistado.

Os que apostam no mercado da fé para se tornarem prósperos e salvos, não percebem que a quantidade de horas perdidas sentadas em um banco de igreja e a quantidade de dinheiro gasto com dízimos, ofertas, compra de bugigangas ungidas e campanhas se somados em apenas 10 anos, seria o suficiente para pagar um curso universitário ou abrir um pequeno comercio onde poderia prover a “salvação” permanente para a maioria dos seus problemas pessoais e também “salvar” a muitas outras pessoas.

O único tempo e dinheiro que realmente tem retorno que os verdadeiros cristão tem aplicado é o que se investe em causas sociais. Fora isso tudo é vão, desnecessário e inútil! Qualquer tipo de investimento financeiro ou atenção para construção de templos ou adoração a divindade seja lá qual for, terá um resultado com valor igual ou inferior a zero. Os investimentos em ações sociais mudam o mundo e salvam muita gente de verdade!

Então, mentindo a si mesmo, preferem acreditar que algumas gotas de sangue de um cara que nem existiu no contexto histórico cultural em que foi mostrado, pode pagar sua entrada nessa terra encantada se permanecerem num agrupamento religioso com rituais inúteis durante toda suas vidas.

Apesar de não conhecer o perfil sociocultural daquele que dizem ser o seu salvador caso ele tenha realmente existido, batem no peito dizem: eu sei toda a verdade! Quando de fato não sabem de verdade alguma, apenas escolheu acreditar nessa parte da história por que lhes soa mais conveniente, mesmo contradizendo tudo aquilo que poderia ter sido um messias libertador na visão daqueles que compilaram os livros do antigo testamento.

Enquanto os crentes vivem aos berros, proclamando suas verdades aos quatro cantos do mundo, tentando convencer a todos com suas verdades universais, dando de forma gratuita e forçosa suas crendices baseadas apenas em alguns poucos versículos isolados e selecionados de livros ditos sagrados, as pessoas mais ricas e mais influentes no mundo se unem as escondidas em sociedades secretas ou organizações criminosas, comungando apenas entre si um outro nível de verdade que foge a população comum, manipulando os fatos em benefício apenas deles mesmos.

Nada entra e nada sai desses círculos, a não ser que eles queiram. Quando eles querem que alguma “verdade” chegue ao povão comum, então de modo proposital eles deixam trilhas de migalhas que conduzirão a uma outra verdade previamente planejada. Não há acaso nesses fatos, apenas ideias orquestradas para sanar uma necessidade do momento. Depois criam-se quantas outras “verdades” forem necessárias para complementar aquela outra anterior. Deixam se também de propósito, lacunas que podem ser preenchido de acordo com a criatividade de cada um. Com o conhecimento de fatos passados é possível criar o presente e o futuro do jeito que quiser.

Quem vive no meio ou faz parte do alto escalão dos meios de comunicação em massa, das companhias militares, das altas corporações sacerdotais e em certos casos dos setores de alta tecnologia, sabe o quanto de quando em quando tem de se fabricar “verdades” instantâneas para dar para o povo. Algumas intencionais, outras para evitar o caos social, e outras ainda por um “proposito maior”, pois enquanto alguns vivem desesperado em busca de alguém para incriminar pelos desafetos sociais, outros temem que seus castelos de sonhos venham a se desmoronar. Então fabricam-se informações, e dão-se ao povo para silencia-los ou massagear o ego de muitos.

Assim, nem toda informação é notícia, e nem toda noticia será verdadeira. Em certos casos será apenas o resultado de um produto de um clamor social momentâneo. Assim, constroem-se mitos, heróis e “demônios” num estalar de dedos, como uma válvula de escape social. De certo modo, a comparação sobre o comportamento de certas pessoas com alguns aves de quintal caem como uma luva: brigam desesperado pelo milho e depois vão ciscar de cabeça baixa. Em outras palavras, estão o tempo inteiro a procura de assuntos medíocres para debaterem, de “verdades” para serem veneradas ou ultrajadas, que os meios de comunicação ofertam todo tipo de lixo para manter as mentes dos tais ocupadas, “ciscando” num lixão de informações fabricas apenas para manter o povo ocupado. Mas qualquer um que tenha visto essa ou aquela informação em um meio de comunicação dirá:” eu sei toda a verdade, eu li, eu vi, passou no jornal, então é verdade”!

Se o paraíso das religiões fosse algo tão verdadeiro e acessível assim como dizem ser, certamente não seria ofertado de forma gratuita e nem forçosa a quem quer que seja. Estaria nas mãos dos poderosos e seria vendida sob medida apenas para um seleto grupo de pessoas, de forma padrão e não de qualquer jeito como as igrejas vendem, cada uma extorquindo o povo ao seu bel prazer de forma desordenada e sem um padrão especifico.

Pensem nisso! Em praticamente tudo no universo há um padrão geométrico, de cores, de tonalidades, de textura e tantos outros detalhes que se repetem o tempo inteiro. Mas a salvação das almas, aquilo que diz que é o mais precioso bem ofertado aos mortais, é vendido de qualquer jeito, por qualquer pessoa, pelo preço e modo que ele estipularem. Não acham isso um pouco incoerente?

A grosso modo, a maior parte dos cristãos comuns, baseado em sua fé, desde os mais remotos tempos, vivem ofertando riquezas apesar de viveram na pobreza, ofertando saúde enquanto vivem na doença, ofertando paz enquanto vivem constantemente em guerras internas ou como todos os demais por questões ideológicas, ofertando descanso enquanto vivem cansados, atarefados e atribulados, rodeado de “demônios” que os tentam tirar o tempo inteiro do “caminho da graça”, ou estão preocupados demais se esforçando para dar um percentual considerável de tudo que produzem para líderes inescrupulosos e folgados pois os tais os ameaçam com maldições caso não tenham aquilo que desejam.

Ofertar o que não se tem ou que não se vive é hipocrisia! Querer convencer outros a todo custo a esse tipo de verdade é um sinal de desespero e não certeza de salvação! Quem estar certo, estar certo e pronto! Que o mundo se desmorone, que a lua se exploda, que as estrelas caiam do firmamento, mas quem estar certo estar certo! O indivíduo irá continua calmo e sereno de suas verdades e não vai ficar tentando censurar ou inibir qualquer um que ouse apresentar opinião contrária a sua.

Ninguém precisa de uma lupa ou lentes de aumento para observar que os maiores líderes de grupos religiosos, de modo oculto ou visível, fazem partes de algumas sociedades secretas enquanto publicamente condenam esse ato. Alguns assumem e outro negam tais fatos. Alguns que na frente do povão brigam, se ofendem e se atacam, parecendo estarem de lados opostos e que são concorrentes e inimigos, as escondidas são irmãos e camaradas ou membros de um mesmo conselho secreto para decidirem o destino de suas vidas (posso rir de você que acha que realmente seu líder vive o que prega? Há, há, há...). A encenação é tão bem feita, que se dividem em modalidades de pensamentos diferentes para lotearem paraísos imaginários e venderem ao povo, criando a falsa ideia de concorrência, quando na verdade são farinha do mesmo saco, irmãos de sangue, unidos por baphonet, belzebu, por interesses políticos ou qualquer outro pacto sinistro que possa haver. E você ai, bobão, dizendo pra todo mundo que sabe da verdade e que deus é quem dirige a igreja qual você faz parte!

Basta olhar e ver quem fica com o bônus e quem fica com o ônus. O povão que se ataca entre si comprando “verdades”, salvações ou bugigangas ofertadas nas igrejas, sem perceber só estão contribuindo para o crescimento do império financeiro destes. Acreditam piamente que há um deus no céu controlando tudo isso. Só se esse deus gostar de presidir associações que mais se parecem ao crime organizado, ou não possuir nenhuma das qualidade surreais a ele atribuído.

Acham mesmo que se a salvação cristã fosse algo realmente sério, e que se tivesse um deus realmente sério olhando tudo isso, ele deixaria que fizessem a “cachorrada” que fazem usando o seu nome há mais de 2 mil anos? Nem marginais e líderes de grupos terroristas aceitam que usem seu nome e sua reputação de forma indevida manchando a sua honra. Por que um deus justo e santo deixaria? Por que achar que as coisas mais profanas feitas em nome do sagrado faz parte de um plano divino? Sem falar que a humanidade estar aqui nesse planeta a dezenas de milhares de anos, e somente nos últimos 2 mil anos essa ideia de salvação como a conhecemos tem tomado a forma que tomou.

Não se pensava na salvação desse modo antes disso. O cristianismo desenhou a salvação como a conhecemos no mundo ocidental e vende ao povo como sendo um projeto real, palpável, tangível e funcional desde que a humanidade existe. Nesse caso, todos os outros povos nascido antes de surgir o cristianismo estariam condenados por que não ouviram o “evangelho” e assim, todos os cristão assumem indiretamente que não há justiça alguma em seu deus por não dar a todos os povos de todos os tempos a mesma capacidade de escolha, enviando somente no fim das eras a salvação para uns poucos egoístas e presunçosos por meio de seu filho amado que são três e um ao mesmo tempo.

Não quero com isso endeusar sociedades secretas, nem fomentar ainda mais teorias de conspirações. Tais teorias também tem importantes papeis se for sujeita a um crivo de pesquisa. Aceitar tais teorias por serem convenientes ou por preencherem algumas lacunas sociais e existenciais é tão perigoso quanto uma religião qualquer, e de certo modo acaba também virando uma religião quando cria gente abobalhada vendo sinais de conspiração até na flatulência de um cachorro de rua. Viver dizendo o tempo todo que tudo, absolutamente tudo é uma conspiração é tão bobo quanto dizer o tempo inteiro que tudo que de ruim acontece no mundo é sinal da volta de cristo.

Para encontramos um possível equilíbrio pela busca da verdade no quesito de salvação, quero que pensem apenas em uma coisa: Foram os ricos e poderosos que sempre controlaram os meios de produção, comunicação, religião e natalidade dizendo em que, onde ou quando as pessoas deveriam acreditar ou fazer algo. Pobres, analfabetos e pessoas comuns apenas obedeciam e acreditavam no que lhes eram imposto. Os tais possuíam os corpos e as mentes dessas pessoas. Foi assim por dezenas de séculos em vários locais. Tem sido assim até hoje, ainda que de modo disfarçado.

Você pode adquirir a salvação aqui e agora, se conseguir deixar de ser abobalhado, seguindo padrões repetitivos, confundido acreditar em algo, como saber realmente a verdade. A liberdade de consciência é a maior salvação que alguém pode adquirir, e o melhor: não precisa morrer para que isso aconteça. Aqui e agora sua salvação acontece! Diferente do que é ensinado, não basta apenas crer! É preciso pesquisar, estudar, refletir construir, reconstruir ou se desfazer de conceitos. Ela será instantânea, duradoura e permanente se vier acompanhado de bom senso e domínio próprio. Cada minuto, cada segundo, cada instante de sua vida você pode estar salvo o tempo inteiro, e não apenas no porvir se tomares consciência de quem realmente és, e do mundo ao seu redor.

Basta observar por conta própria que a busca pelo conhecimento fora da igreja é aquilo que os dono do gado mais proíbem dizendo se preocupar com a sua alma. “A letra mata”! “Você vai perde a unção se estudar”! “O espirito santo vai se afastar de ti”! “Você vai se tornar frio na fé” ! “Deus fica irado se trocarmos bancos de igrejas por bancos de escolas” ... Na verdade estão apenas com medo de perderem o domínio e o lucro sobre você. Qualquer “ovelha” que descobrindo que os lobos devoradores estão dentro e não fora do aprisco e vendo a porta do curral aberta, logo deixarão de dar lucro ao que vive do rebanho. Então, após conduzir uma ovelha ao aprisco, toma-se todas as precauções possíveis para que essa não possa escapar. E aos berros as ovelhinhas ficam a dizer: “sou livre-êêêêê”, sou livre-êêêêê”!

Nem se dão conta que os deuses dos povos são substituídos sempre que necessário e em certos casos a toque de recolher, e dado ao povo um novo deus qual deva ser adorado a curto ou longo prazo. Tem sido assim há milhares de anos. Vai ser assim até que o despertar aconteça.

Osíris, Hórus, Anúbis, Marduque, Dagon, Baal, Astarote, Odim, Zeus, Apolo, Dionizio, Mitra, e tantos outros, tiveram os seus dias de gloria e suas utilidades no passado e logo foram substituídos por outros com características semelhantes acrescidas de outras da cultura local. Com o deus cristão não será diferente! Sua personalidade tem sido modificada ao longo dos últimos 4 mil anos desde que ele foi escolhido pelos judeus. A princípio ele era apenas um entre tantos deuses tribais mesopotâmico, adotados pelos judeus, “roubado” pelos cristãos, se dividiu em 3, depois acrescentou-se a essa tríade uma virgem mãe de deus pelo meio, e uma infinidade de santos. Depois de tantas ramificações é difícil definir hoje o que ele é ou pra que serve, apesar de termos de concordar que sua maior utilidade é servir como objeto de intimidação e fonte de lucro infinita aos que se valem dessa ideia.

Sua identidade atual é incompleta e inconstante, pois cada um o invoca como quer em ocasiões distintas. Quando estão com raiva, invocam o deus de Abraão, Isaac e Jacó, aquele deus irado, que matava tudo e todos por qualquer bobagem. Quando se sentem sozinhos, convidam o deus filho, para sentarem em seu colo, contar seus lamentos e mentirem a si mesmo dizendo que tem um deus particular só pra si. A linha da modernidade, da nova era, da corrente universal e da energia positiva, invocam o mesmo deus, só que o chamam de fonte universal de energia e puro amor. Dizem que ele é só amor! Preferem excluir de suas lembranças todo o passado de ódio e brutalidade, milhões de mortes de inocente que estar escrito que esse deus provocou, e dizem que ele é puro amor, só amor e nada mais, e que as pessoas é que fazem confusão! Deve ser o efeito de algumas ervas alucinógenas em alguns casos.

Entende? De acordo com a personalidade do indivíduo, ou situação diferentes de interesses, a pessoa invoca deus de uma maneira diferente, depois diz que ele é imutável, indivisível, instransponível, etc, etc, etc. Dá pra ser fazer o que bem entender com um conceito tão vago como a ideia de deus inclusive matar ou morrer por ele, ficar rico ou ficar pobre em nome dele. Dá até pra ser abusado ou abusar sexualmente em nome dele e ele jamais vai se manisfetar! Acho que levam muito ao pé da letra a parte que diz que tudo é dele, para ele e por ele...

A grande sacada é que quem escreve sobre o passado, controla o presente e o futuro. Isso é sabido pelas mais brilhantes mentes. Um escritor do século passado também o disse em um livro famoso. Criar do nada uma criatura mística qualquer e inseri-la como objeto de culto para um povo, dizendo que esta existe desde a fundação do mundo não era coisa difícil para os governantes do passado considerando que mais de 90% das pessoas eram não alfabetizadas. Era só dizer: “estar escrito aqui nesse livro” e ninguém iria contestar já que pouca gente sabia ler, e livros custavam mais caros que uma propriedade domiciliar.

Hoje, apesar de termos mais de 70% das pessoas alfabetizadas na maiorias dos países, ainda continua sendo fácil criar seres místicos num passe de mágica, e dizer que esse ser também existe desde sempre. Para isso basta usar a massificação das informações. A repetição estratégica e compassada de qualquer informação nos meios de comunicação de massa, faz com que qualquer informação seja vista como uma verdade inquestionável. Se estar escrito é por que é verdade, não importa que seja em um jornal, numa revista, ou num livro sagrado... Se estar todo mundo comentando deve ser verdade... Se uma pessoa importante falou é por que é verdade...Assim as “verdades” vem e vão de acordo com o interesse de uma minoria que sempre manipulou as principais informações.

A grande falácia disso, é que pouca gente na realidade se dar ao trabalho de ler e principalmente comparar informações para checarem suas verdades. Elas preferem canais audiovisuais, ondem alguém já lhes deem um resumo daquela mesma informação, apontando desse modo que linha de raciocínio seguir baseado naquela informação. Pensar dá trabalho e pode adoecer de certo modo pessoas que ficam frente a frente com a realidade dos fatos. Fica mais ou menos assim: “me disseram que...”; “ouvir dizer que...”; “fulano falou que...”; “tal you tuber disse que...”; “meu líder religiosos disse que...” E constroem suas verdades apenas em fatos assimilados no conceito de verdade do outro ou em conceitos isolados de um grupo ou de um livro.

Daí você pergunta: “você mesmo leu tal informação”? Resposta: “Não, mas eu acredito que...” Percebes? Saber e acreditar são coisas distintas, apesar de parecerem iguais.

Há uma diferença gritante na personalidade das pessoas voltadas a prática de leituras diversas, e os que usam apenas estímulos audiovisuais e opiniões prontas para criarem suas próprias verdades. A maioria dos que servem de massa de manobra para fins eleitoreiros e de rendimentos dos currais da fé se enquadram na segunda categoria. Infelizmente boa parte dos que usam a luz da literatura como fonte de descobertas se vendem muito barato, reproduzindo exatamente o que o sistema deseja em troca de favores ou destaques sociais. Uma quantidade ínfima se arrisca a remar contra a maré, de serem tidos como loucos agora para apenas no futuro por mentes mais sadias serem considerados revolucionários.

Outra triste realidade é que alguns que usam as letras para descobrir possíveis verdades, deixam que o orgulho lhes subam as suas cabeças e passam a se atacar de modo gratuito, no intuito de sobrepujar um ao outro para apenas mostrar quem sabem mais entre ambos. Alguns entram pelo caminho do estrelismo, e ao invés de procurar manter sua chama acesa, procuram apagar a chama alheia, para se tornar assim o centro das atenções e objeto de culto. São capazes de promover campanhas a fim de boicotarem qualquer linha de pensamento, mesmo que seja paralela a que este defende por simples ciúme bobo.

Numa era em que as informações e os recursos tecnológicos aumentam o tempo inteiro, é muita presunção alguém se julgar sabedor dos mais variados assuntos por completo o tempo inteiro.

Houve uma época, em que mesmo numa cidade grande, entre os conhecimentos técnicos e filosóficos, a sociedade se resumia apenas em militares, pedreiros, carpinteiros, ferreiros, tecelões, agricultores, pescadores e pecuaristas. A forma de transmitir conhecimento era mais prática que verbal e todos aprendiam um oficio com alguém. Nessa época os campos da metafisicas, alquimia e filosofias eram reservados a alguns poucos apenas e os tais eram venerados como pessoas de grande importância por conter esse tipo de conhecimentos, saberes que iam além de atividades práticas reproduzidas repetitivamente.

Hoje temos as mais variadas profissões e as mais variadas formas de pensar. Ficou praticamente impossível uma pessoa só prejulgar saber sobre tudo, mas assim mesmo é possível palpitar sobre tudo, mediante a disponibilidade de informações obtida pela instantaneidade dos meios virtuais. Hoje todo mundo pode ser filosofo, político, teólogo, astrólogo e de tudo um pouco nesse universo da telinha. Não haveria problema algum nisso, se aumentando o número de seguidores os tais não passassem a se achar donos da verdade surgindo a necessidade de sobrepujar a “concorrência” como fazem os que vivem do mercado da fé. Qualquer um que diga ter encontrado a verdade universal, absoluta e inquestionável não passa de um tolo.

A grande questão que mais incomoda é que saber como as coisas realmente funcionam as vezes incomoda por que mostra a necessidade de mudanças de comportamento. Acreditar em algo é confortante, estático e não se exige esforço nenhum. Acreditar que há um ser metafisico vendo tudo e controlando tudo, é um prato cheio para aqueles que gostam de estarem isentos de suas responsabilidades e terceirizar suas culpas. Saber que se algo não for feito pouca gente o fara, é uma verdade que só os realmente altruístas assimilam.

Se a salvação é um produto caro, ela não deve ser adquirida por mãos de pessoas baratas e preguiçosas ela pode ser aqui, agora e construída gradativamente. Alguns porém acreditam que a sua salvação será apenas no porvir se forem sujeitos a uma infinidade de diretrizes confusas, e se submeterem a todo tipo de abusos por pessoas inescrupulosas. Cada um escolhe o seu modelo de salvação. Cada um escolhe a realidade que deseja estar inserido. Cada um colherá o fruto de suas escolhas. Entre saber e acreditar, você decide que rumo seguir.

Saúde e sanidade a todos.

Texto escrito em 21/10/17

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 22/10/2017
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