Religiosidade pós-moderna e hibridismo cultural - 4 matrizes da nossa bagagem religiosa...
Com os pré-requisitos da globalização conexa ao neoliberalismo em sua versão perversa, a religião se tornou uma mercadoria ou uma mercadologização da fé ingênua e massificada para o povo e manipulada por interesses de grupos.
Jesus foi um crítico da própria religião e polemizava com os líderes do judaísmo sobre práticas que enriqueciam alguns grupos e manipulava o povo de Deus. Os cristãos foram perseguidos pelo judaísmo decadente do tempo de Jesus (em diversos grupos: herodianos, saduceus, zelotas, publicanos, fariseus, essênios, Samaritanos, escribas do templo, bem mais tarde os gnósticos combatidos pela Patrística da Igreja Primitiva, pensadores gregos e latinos e seitas cristãs etc.). A verdadeira religião vem do coração e da conversão do homem aos ditames de Deus, o Pai Celestial.
A industria cultural com fortes matizes agregadas com o misticismo popular, o grande número de novas religiões (neobudismo, neo-induísmo, neo espiritismos e crenças cristãs diversas (evangélicas) como o Templo de Salomão (com tendências de visualização do vestuário e liturgia veterotestamentária com conotação judaizantes associada ao anúncio do Reino de Deus e a pessoa de Jesus... indica o luxo e milagres para dar conteúdo aos neófitos em uma sociedade pós-industrial e global.).
Na América Latina, houve uma tendência de teologia da libertação com análise marxista da realidade, repudiada pela Igreja Católica. Isso deu abertura para o pentecostalismo na Renovação carismática católica, de vertente mais neoconservadora e menos de reflexão sobre a conjuntura social e política.
Depois, no Brasil, veio a fundação de novas televisões de evangelização e o surgimento dos padres cantores. Fundação de clínicas de recuperação de dependência química.
O Brasil entrou a era pós diretas-já em 1985 depois de 21 anos de ditadura. Historicamente, tivemos a ditadura vargas antes.
Houve uma preocupação com uma espiritualidade mais introspectiva e de conversão pessoa e grupal do que com a militância politica do cristão contra os paradoxos do sistema capitalista ou socialista ou os governos de extrema direita, que dominavam o poder com a elite.
Menos investimentos na educação, saúde e segurança. Sucatearam a educação, mesmo laica. (Anísio Teixeira com a Geografia da Fome: )Não é de admirar que os governos queiram que as comunidades pobres urbanas e rurais sema críticas e exijam mais educação estruturada e democrática. Enquanto o povo for alienado é mais fácil manipulá-lo. (Paulo Freire, L. Boff e outros)
Nossas origens latino-americanas, são marcadamente híbridas e caboclas. Temos a carnavalização e a alegria intrépida e contagiante, espontânea e caótica muitas vezes, de um povo descente de índios, negros e migrantes de todas as latitudes e altitudes. Somos um caldeirão de miscigenações e sincretismos.
As obras Casa grande & senzala, Sobrados & mucambos (1936), de G. Freire fala dessas metamorfoses e violências históricas da colonização recorrentes na religião, nas culturas, na sexualidade, da opressão sistêmica, no racismo, na linguagem do português do Brasil.
O livro tem como tema a decadência do patriarquismo do Brasil rural, ocorrida no século XIX.
Aprendemos com as mãe de leite a adocicar as palavras enquanto mamávamos nos seios das negras-mães das fazendas de cana-de-açúcar. Uma estrutura rural patriarcal forte, baseada no latifúndio, na monocultura e na repressão do negro e índios e os caboclos por séculos.
No século XIX, os portugueses proibiram que se falasse o banto e o tupi-guarani em todo Brasil.
AS 4 MATRIZES DA RELIGIOSIDADE BRASILEIRA
Os povos indígenas brasileiros em toda a sua diversidade e riqueza cultural possuíam e possuem uma enorme variedade de religiosidades visto que são muitos povos com costumes e dialetos diferentes. Então, não podemos falar em religião indígena, pois há tantas formas de
religiosidade quanto há povos distintos.
A segunda matriz presente no território brasileiro é oriunda da Europa ocidental, pois ainda que se possa afirmar a gênese geográfica oriental do Cristianismo, foi de Portugal e Espanha que o Cristianismo Católico Apostólico Romano veio para o Brasil no processo de colonização.
No período colonial e imperial o Cristianismo enquanto matriz religiosa difundiu, por meio das missões Jesuíticas e da devoção aos santos e santas, o chamado Cristianismo popular
A terceira matriz introduzida no Brasil foi a matriz africana, que trouxe nas galeras os negros escravizados, a crença nos orixás e também alguns traços de influências da religião islâmica, entre outras formas de religiosidade praticadas na África.
(J B Pereira - a religiosidade como mercadoria na era global e neoliberal)
http://www.gper.com.br/noticias/ff4aef3d3c39e9aa409a4a25d34fc5c2.pdf
Casa Grande e Senzala - Gilberto Freyre - USP
www.usp.br/cje/anexos/freire_gilberto_casa_grande_senzala.pdf
Introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil — 1. Casa-grande & senzala. Formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal.
Sobrados e Mucambos – Gilberto Freyre - NSEPR
https://gruponsepr.files.wordpress.com/.../livro-completo-sobrados-e-mucambos-gilberto...
É uma honra escrever esta apresentação para Sobrados e mucambos. ... apresentar Sobrados e mucambos sem seguir o exemplo de Gilberto Freyre.
A intolerância marcou estupidamente nossa formação étnica e moral, gerando exclusões, moralismos, perseguições, morte, etc.
A Igreja foi cúmplice com o sistema colonial, infelizmente.
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ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL (LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010.), faz defesa expressa do direito a não discriminação das
religiões de matrizes africanas:
“Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias.
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos
cultos religiosos de matriz africana compreende:
I – a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à religiosidade e a
fundação e manutenção, por iniciativa privada, de lugares reservados para tais
fins; [..]
Art. 26. O poder público adotará as medidas necessárias para o combate à
intolerância com as religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus
seguidores, especialmente com o objetivo de:
I – coibir a utilização dos meios de comunicação social para a difusão de
proposições, imagens ou abordagens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou
ao desprezo por motivos fundados na religiosidade de matrizes africanas
Outro documento oficial que cita o conceito de matrizes é o Art. 26 da Lei de Diretrizes e ...
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Ainda bem que não vivi no tempo de corrupção na Igreja católica!
Como católico, hoje vejo a Igreja diferente - mais pastoral, mais humanizada, mais respeitosa com as minorias, defendendo negros e índios, mulheres e idosos, crianças contra o aborto... Uma igreja dos pobres e humildes, embora ainda há grupos de bispos e padres que não descobriram a vocação de cuidar com Jesus dos pequenos e empobrecidos pelo sistema perverso e injusto, hipócrita e marginalizador.
DOCUMENTOS DO CONSELHO EPISCOPAL LATINO AMERICANO (CELAM)
http://universovozes.com.br/editoravozes/web/view/BlogDaCatequese/index.php/documentos-do-conselho-episcopal-latino-americano-celam/
IGREJAS MEMBRO:
Aliança de Batistas do Brasil - ABB
www.aliancadebatistasdobrasil.com
Igreja Católica Apostólica Romana - ICAR
www.cnbb.org.br
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil - IEAB
www.ieab.org.br
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB
www.luteranos.com.br
Igreja Presbiteriana Unida - IPU
www.ipu.org.br
Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia - ISOA
www.igrejasirianortodoxa.com
https://www.conic.org.br/portal/igrejas-membro
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Veja S. Francisco de Assis que cuidou de leprosos e da natureza sustentável, obra do Criador; São Vicente de Paulo, Marillac e Frederico Ozanam que iam ao encontro dos mendigos e pobres da França, Irmas Dulce do Brasil, Teresa de Calcutá, Paulina que iam às ruas para acolher os marginais e marginalizados; Dom Bosco que fez a primeira pastoral de Crianças na Itália (seguindo seu exemplo: Dom Orione e outros), o garoto com atitude heroicas José Del Rio contra a revolução mexicana que explorava e tirava a liberdade religiosa dos camponeses; Dom Luciano que defendia pobres e humilhados no Brasil com presidente da CNBB juntamente com o exemplo profético contra a ditadura em Dom Hélder Camera; Dom Pedro Casaldáliga - bispo católico radicado no Brasil desde 1968; emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia; Doutor "Honoris Causa" pela Universidade Estadual de Campinas - contra a morte de camponeses e índios no Pico do Papagaio no Mato Grosso. Ele ajudou a fundar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) incentivou a criação de comunidades eclesiais de base com líderes que sejam fermento entre os pobres.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Casald%C3%A1liga)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS de Elói Corrêa dos Santos
Equipe pedagógica ASSINTEC
eloi_correa@seed.pr.gov.br
http://lattes.cnpq.br/9784068194566670
BITTENCOURT, José Filho. Matriz religiosa brasileira. Religiosidade e mudança social. Petrópolis:
Vozes/Koinonia, Petrópolis/Rio de Janeiro 2003.
BOFF, Leonardo. O povo brasileiro: um povo místico e religioso. Disponível em:
https://leonardoboff.wordpress.com/2014/03/16/o-povo-brasileiro-um-povo-mistico-e-religioso/.
BRASIL. [Estatuto da igualdade racial (2010)]. Estatuto da igualdade racial [recurso eletrônico] : Lei nº
12.228, de 20 de julho de 2010, e legislação correlata. – 3. ed. – Brasília : Câmara dos Deputados, Edições
Câmara, 2014. 120 p. – (Série legislação ; n. 115).
BRASIL. LDB : Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. – 5. ed. – Brasília : Câmara dos Deputados,
Coordenação Edições Câmara, 2010.
DROOGERS, André. (1987), "A religiosidade mínima brasileira". Religião e Sociedade, vol. 14, nº 2: 62-
86.
FAILING, W.-E.; HEIMBROCK, H.-G. Gelebte religion Wahrnehmen: Lebenswelt, Alltagskultur,
Religionspraxis. Stuttgart: Kohlhammer, 1998.
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. 43 ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
KAVINAJÉ, Tata Kisaba: O sacrifício do povo africano cultura Afro - Americana. Disponível em:
<http://www.ritosdeangola.com.br/Historico/historico04.htm. Acesso em 28 jan. 2016.
Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/a-influencia-africana-no-processo-de-formacao-da-culturaafro-brasileira/21319/#ixzz4AQtNNb5v
MUNDURUKU, Daniel. Mundurukando. São Paulo: Editora UK’A, 2010.
_____ O sinal do pajé. Ilustração de Taísa Borges. São Paulo: Editora Peirópolis, 2011.
PEREIRA, J. J. F. Mborayu: O espírito que nos une. Estudo sobre um conceito da espiritualidade
guarani. Tese de Doutorado. Metodista- SP. 2010.