Visão

Tremor, boca seca, olho vidrado, coração disparado, estômago revirado. Sabia: hoje não restaria ego para levantar outro dia. Onde encontrava forças eu não sabia, tantos anos se passaram absorvendo sem revidar as mesmas ofensas, me perguntava até quando iria suportar. .

Embora meu semblante demonstrasse uma fúria fétida, por dentro sentia sangrar cada cicatriz que custei tanto curar. Caminhava por aqueles caminhos tortuosos de minha adolescência perdida, onde uma garrafa de vinho era minha melhor amiga. Um cigarro, um trago, um falso sorriso no rosto, dizia saber como curar as dores de minha alma cansada, mas percebo que se hoje não sei, o que poderia dizer daquelas imaturas palavras?

Perturbadores são os rostos daqueles que me dizem falas ensaiadas, sem pudor, sem medo das mágoas que me causam. Se todos os espinhos que me encravam tornassem tudo o que esperam que eu seja, então por Deus não restaria mais nada desta carne.

Sem prantos, torno-me o que hoje eu sou, mais um ser cheio de rancor. Prendendo-me as marcas de uma vida que condenam onde vou. Desfaço-me dos laços que enganam mais um dia sem amor, esse mundo está condenado, eu sei e você sabe meu Senhor?

P Silveira
Enviado por P Silveira em 03/10/2017
Código do texto: T6131955
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