Ensaio Assêmico I
(Para Burroughs.)
Narcisolipsistas, feticheios, narcomaníacos, esquizolépticos, afáticos se juntam no festim. Alguém diz: “Meu ânus está sangrando...” Um banquete sinestésico, o celeste fálico se desloca para o centro do aparelho cósmico-cômico-carmico-carnal. Carnaval dos vermes do idealismo circense – um legista forense com tendências semaníacas examinou um defunto inaudito. Imorais apátridas declaram delírios doravante incontestáveis, detestáveis; detenha-os Doutor. Um legista forense sêmico-cínico projeta-se pela janela do quadragésimo segundo andar-altar. Alguém exclama: “Meu ânus está sangrando! ” Um samba torto-triste-doentio martela nas montanhas. Yagé, hash, nicotina, barbitúrico, cloral, mescalina, calmante javanês – um símio senil acede um baseado – se afogou no afago da fata morgana; afeto fatal: Foda-se! Um alemão entediado esquarteja um inseto e chama isso de vida; um grego convence um leão a travestir-se de presa – e chama isso de vida. Enfermos lobotomizados vagam fanáticos por corredores fantásticos; efêmeros leprosos orbitam sua cama – ao acordar daquele terrível pesadelo, Will jamais fora o mesmo. Uma cimitarra amputa o braço de um darwinista... “F” de fado, falta, fauno, fala, fada, fama, flora, fábula, foco, fel, fio, fé. No vácuo, o nada reproduz. Conflito edipiano reprimido – alegoria: moscas transam no lava-louças. Pênis, caralho, pau, piroca, pica, cacete. Um psicanalista imagina deitar-se com sua mãe no divã. Um cego chora copiosamente pela morte de um transexual nazareno. Nicolau, Salvador, Joana, Baruch, Erzsébet e Sigmund se encontram no reino de Hades para posar uma pintura orgíaca de Bosch. O ego ora ociosamente à sorte de um animal lazarento. Um cientista ara as hortas da procriação. Um cieneasta abre as portas da percepção ...O filho de um darwinista nasce sem o braço – um irônico e sádico atavismo ideológico. Um filisteu pedante regurgita termos estranhos: “causa sui, hors concours, brainstorm, habeas corpus, avant-garde, das unbewusste, ad hominem, mise en scène”. Lama. Anima-Lama. Psicolama. Um amontoado de psicolama ansioso. Psicolama com complexo de inferioridade. Lama neurótica, psicótica, perversa. Psicolama fétida acumulada. Em um almoço nu, alguém desabrocha: “Meu terceiro olho rasgou. ”
" — Por favor, conservem a calma. São apenas alguns loucos que escapuliram do manicômio."