Depressão (fenômeno cultural na sociedade pós-moderna)


Escrevia menos ruim,
Quando era com lápis e caneta.
Hoje em dia uso teclado.
Dedos são marionetes pernetas.

Dançam, se exibem cheios de vida e energia.
Dançarinos a passar de um lado para o outro,
Pulando e agachando como folclore russo.
Letras de braços dados vão na tela se alternando.

Se existe ribeira no tempo,
Naveguei seu curso em pensamento.
Ingiro o lenitivo, falo manso, penso, repenso e admito.

Estou diante da concepção equivocada,
O mundo pós-moderno que sucumbiu.
As letras agora fogem de mim,
Como o lenço fugiu ao vento.

Escrevo preto no branco, ponho no papel
E o texto não está lá.
No juízo não há derrotas nem vencedores,
Mas, não me basta pensar, sou escritor.

Há uma década, milhares.
Poucos anos depois, centenas.
Hoje, só dezenas me lerão.
Amanhã, não haverá leitor.

O que me leva a supor:
A expiação será a sentença.
Deduzo, será texto original sem autor.

 
MARCELO RUSSELL
Enviado por MARCELO RUSSELL em 29/08/2017
Reeditado em 17/10/2017
Código do texto: T6098112
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