O viver de um Ancião

O momento nos convida a uma reflexão séria acerca do fio da existência , dando certa continuidade a coluna A vitalidade do Vô Mica editada em outro momento , em minha função de intérprete da polifonia da vida conforme as colunas e ensaios anteriores. Nesse coluna quero recuperar a questão do valor da existência ,como uma sinfonia bem orquestrada conforme nossa linha de pensamento já deslocada em diversos momentos precisos.

Vivenciar as experiências que a polifonia da vida pode oferecer na verdade é um presente.Ao que aprece o viver desse ancião não se resume a ideia comum de descanso, pelo contrário na altura do seus setenta anos , ainda trabalha como jardineiro em casa dos patrões.A terceira idade para ele, na verdade ganha a proporção de recuperação de um bom passado que busca de fato assim ampliar , esse esforço demanda atenção e tempo.

Isso claramente pode parecer uma ironia shakespeariana como também encarada como uma forma de afronta a velhice como condição da polifonia de vida.Após ter ouvido todas notas graves da polifonia da vida numa harmonia estridente e confusa, esse ancião desenha novos mosaicos com os fatos cotidianos bem reelaborados que ascendem seu viver, a velhice segundo ele é a mais pura reinterpretação da vida em seus momentos bem diversificados .

Viver desta forma pode dar uma garantia de que a vida valeu á pena .Ele considera que a velhice na verdade é um desenho do tempo que marca a melodia da polifonia da vida de acordo com os altos e baixos da vida conforme as notas graves e agudas.

Epicamente esse ancião já compreendeu como deve existir , um existir para si e um devenir para os outros, conforme esse ponto de vista, ele consegue agregar visões particularizadas e cosmovisões advindas de netos, filhos e irmãos onde encara a polifonia da vida de diferentes óticas.

Realmente esse ancião sabe como deve encarar a vida de acordo com sua ótica bem peculiar e construtiva que se adéqua a diversificadas realidades e contextos bem contraditórios e ensejantes que seguem essa mesma sinfonia e polifonia da vida.

Diariamente ele vivencia fatos e contradições opostas a polifonia da vida que resenha realidades e infelicidades que cerceiam seu viver de modo bem objetivo e aos mesmo tempo exato em busca da construção de um mosaico onde lhe faça parte dele de forma significativa e exata.

E a cada experiência acabada ou inacabada , a vida dele segue de foram abstrata uma polifonia que se harmoniza com a realidade desenhada no horizonte utópico, tal desenho bem estucado se desdobra em cada momento peculiar remontado nas brumas do tempo, unicamente trabalhado de forma artesanal. Este ancião teve que compreender que as cordas que melodiam a polifonia da vida de forma bem orquestrada.

Usualmente, o ancião assume posicionamentos diferentes mediante os fatos que se sucedem em sua vida conforme o dedilhar das cordas da polifonia da vida que estabelecem a harmonia e ordem nos dados cotidianos complexos, que demonstra os aspectos negativos e positivos da vida que são reconstruídos mediante os esforços humanos. Esses esforços naturalmente exigem uma forma depuração gradual, que possa recuperar o bom tempo passado.

Mediante a tudo, este ancião observa os fatos cotidianos e simplesmente organiza-os de forma que possa entender em sua totalidade, nesse caso tudo pode ficar complexo dependendo da ocasião e do contexto particular.

Assim as particularidades surgem dentro do contexto indica outros pontos de fuga ao longo do caminho, contrastando verdades e mentiras que devem ser atualizadas com o cotidiano e com fatos inéditos que podem assim acontecer de forma gradual.

Naturalmente, esse ancião acompanha os procedimentos de uma vida melhor ou se colocando de uma polifonia mais harmônica ao conceituar suas ideias ao outros da mesma idade ou mais jovens que ele, mas usa a aceitação como via popular dos seus pensamentos para com os netos ,filhos e demais parentes.

Cada fato da polifonia da vida deve ser reaproveitado de forma direta e clara, silenciando as verdades ocultas desta polifonia. Excetuando alguns contextos padrões de vida usuais e culturalmente estranhos, a concepção dele procura ser no mínimo exata.

Ironicamente, ele encerra tudo em sua enorme memória que se explicita valores, visões e realidades oriundas da mesma polifonia que se abre com notas agudas e com notas bem graves , em determinadas situações inesperadas.

Agora, ele recupera tudo de maneira honesta e fiel aos contextos bem desenhados que seguem uma linha contínua e exata, os detalhes são de maior importância para que seja composto o mosaico da vida , isso observa uma severa exatidão quase militar.

O ancião entende que tudo não passa de uma enorme memória bem confusa, mas precisa ser organizada de forma bem detalhada e adequada de acordo com o contexto da polifonia de vida , tudo bem servir como um padrão ou molde culturalmente aceito ou possivelmente rejeitado. A ideia norteadora desse texto é reelabora a figura do vô Mica vista em outro texto, nesse texto fica exatificado e ampliado seu papel como pessoa singularizada.