A YALORIXÁ *(vidas que vivi no palco)
Essa é mais uma das Vidas que vivi... no Palco: a Yalorixá do Espetáculo AFROBRAZILIDADE – 2016, da Cia de Teatro e Dança Afro Aiê Orum! Aconteceu por acaso.
Todos os dias, após largar do trabalho, ia esperar Minha Filha, Minha Neta e Meu Genro, no complexo do Teatro Deodoro, onde ensaiavam um espetáculo de dança, música e teatro.
Ficava aguardando, sempre quieta e calada, observando... ou escrevendo meus textos: ELE, O MEU AMOR... MEU PEQUENO BEIJA-FLOR ou LINHAGEM ou O MEU TESOURO!
Um dia, recebi um convite para participar e aceitei.
No dia 15.11.2016, no hall do Teatro Deodoro, pari uma Yalorixá, meio que às pressas, menos de 12 horas para memorizar o texto... saiu, como? Nem me perguntem. Mas saiu. Foi uma experiência e tanto.
Foi Primeira vez que me vesti com os Paramentos Sagrados de uma Yalorixá.
Honrada com o convite, mesmo num curto Espaço/Tempo, tentei o máximo que pude memorizar as falas... e, percebi que essa senhora, a quem emprestei minha voz, não estava contando apenas uma história repleta de saudosismo alheio.
Ela contava a História de Seus Ancestrais, a partir do que lhe contaram.
Lembrei das Minhas Antigas... Minhas Iáiás, Minha Mãe... eu mesma e Minhas Descendentes... todos os dias somos vitimas de preconceito... racial, socioeconômico, religioso... há quem nos discrimine até pelo nosso nome de família, o bairro, a rua, a casa onde moramos, a marca da roupa, do perfume e do calçado que usamos... nossa aparência física (altura, peso, cor da pele, cabelos, estrutura da face, cor dos olhos)... o som da nossa voz... etc, etc, etc e tal.
E não são apenas brancos e pseudobrancos que nos xingam e ofendem, são negros também... o que é bem pior!
Mas, ensinei aos Guerreiros da Minha Tribo uma frase que li, em algum livro, muitas décadas antes, quando ainda não fazia parte de uma Tribo... "___Enquanto os cães ladram, a carruagem real passa ao largo e ilesa!"
Posto que... desde criança, vivo assim: https://www.youtube.com/watch?v=tjZgiXwDxwQ.
Durante as três apresentações do espetáculo... não era eu quem estava ali... não era também uma Sacerdotisa Africana... era um Guerreiro Mestiço, diariamente ultrajado pelos componentes de uma sociedade hipócrita e mascarada. O Brasil não é branco (nunca foi e nem será), não é negro (nunca foi e nem será), já foi índio puro (hoje não é mais)... hoje O BRASIL É MESTIÇO!
Mas, a denúncia é válida!