Uma Visão de Cidade

O viajante ao viajar busca entender-se melhor a si mesmo e ao olhar o mundo em outras perspectivas. O autoconhecimento é ainda uma das facetas do longo processo que é a viagem em si mesma ao longo da vida, pois a viagem é um processo.

Trata-se de uma fuga não declarada dos problemas familiares e cotidianos que azedam semanas e dias, e a fuga serve para isso, cada viajante parte em busca de uma aventura que possa viver em paz e tranquilidade durante alguns dias da sua vida.

A busca por aventura ou experiências agradáveis deve também fazer parte do pacote, é uma parte importante de todo o processo, é um esforço para sair da rotina, e requer planejamento e outros detalhes como preparar malas. Nesta coluna , eu abrirei um longo parenteses, relatar acerca da minha viagem de cinco dias em Santa Catarina. Sendo mais específico na cidade de Tigrinhos, na companhia de um amigo de infância. Dando continuidade a série em questão.

Usualmente , a humanidade nas últimas décadas parece demonstrar o desejo profundo em se tornar urbanizada. Este desejo e ensejo mostram assim como ela está conectada ás novidades que a tecnologia pode trazer como forma de benefício e ao mesmo tempo isolamento de outras pessoas, por causa do individualismo.

Mas assim podemos determinar os rumos da humanidade como um todo a partir do crescimento das cidades, em perspectiva a humanidade avançou em benefício do crescimento , mas em outro a desigualdade econômica aumentou. A humanidade apenas enxerga alguns aspectos desse crescimento, mas aqui não quero fazer uma visão totalizante de uma cidade no mundo, mas apenas algumas considerações relevantes a humanidade.

Assim o escritor Italo Calvino pondera sobre elas: "Se meu livro As cidades invisíveis continua sendo para mim aquele em que penso haver dito mais coisas, será talvez porque tenha conseguido concentrar em um único símbolo todas as minhas reflexões, experiências e conjeturas." A ponderação de Italo Calvino aqui é oportuna ao tema exposto.

Visivelmente , ele aponta para suas lembranças de cidades onde ele andou, nas peregrinações literárias ao redor do mundo, mas ele faz um pouco diferente , ele recupera o livro 'Viagens de Marco Polo' para dar assim o fio narrativo ao seu relato autobiográfico.

Indica também que recorreu assim a lembrança e as suas memórias para dar um primeiro passo nessa narrativa recriada a partir da cidade invisível que todos nós temos a lembrança em que sempre ela nos é de alguma forma útil , ele usa da recordação de uma leitura primordial como essa obra para falar ou refletir acerca das cidades em sua época.

Sinceramente , essa recorrência a lembrança é um método bem interessante para quem lê a obra em apreço, a sabedoria do escritor consiste em contextualizar essa obra referida com seu contexto cultural, essa travessia temporal revela um novo olhar sobre a cultura e o mundo.

Assim retomando a viagem realizada a Tigrinhos, a cidadezinha reflete bem outras cidades da região atravessadas pelo ônibus de viagem, uma marca regional . A tranquilidade e a acessibilidade também são marcas registradas de toda região Sul. Mas o que me chamou mais atenção foi a hospitalidade e a tranquilidade da população, poucas cidades expressam isso hoje em dia.

O momento é oportuno para uma reflexão, o que a leitura de uma cidade como texto pode nos dizer nos dias atuais?

Daí pensamos que a nossa resposta deve ser dividida em três partes iguais. A primeira , a cidade é um símbolo totalizante da humanidade, e isso é demonstrado em greves e manifestações advindas da massa popular revoltada com os desmandos de empresários e políticos corruptos que infestam o mundo . Mas qual é a origem dessas manifestações? Afinal, como surgiu o Movimento Passe Livre (MPL), e quem são os membros desse grupo político horizontalizado (sem líderes) que galvanizou a opinião pública desde que começou a conduzir os protestos contra o aumento da tarifa de transporte público nas capitais? O jovem repórter Piero Locatelli retraça - com rigor jornalístico e empenho narrativo - o dia a dia das manifestações, demonstra como a violência policial fez com que todas as forças sociais do Brasil (incluindo a imprensa, antes cética diante dos protestos) se mostrassem simpáticas ao movimento e reconstitui, grito após grito, marcha após marcha, os episódios mais marcantes e fundamentais para que a série de protestos se inscrevesse num dos capítulos mais poderosos da história recente do Brasil.

A segunda forma de resposta defende a ideia de que a humanidade divisa um tempo de poder com a construção de uma cidade a antiga ilusão de Babel, e onde também se reúne todas formas de poder que são centralizadas nela, a imagem de uma cidade em paz , é uma visão idílica que precisa ser resgatada e recuperada , parece que Tigrinhos conseguiu recuperar essa visão.

Cidade é uma referência ao sonho utópico dos poetas e filósofos antigos e modernos e cada um poeta e filósofo tem a sua perspectiva de cidade grande ou pequena , aqui como referencial tomamos Tigrinhos como um modelo a ser seguido como um tipo referencial, mas sinceramente parece um condomínio e não uma cidade , mas o que não parece é.

Incisivamente , a terceira resposta segue o mesmo raciocínio da segunda . Mas na terceira veremos a amplidão de uma grande cidade, em que pego como referência Bommbaim, como um modelo a não ser seguido por nenhuma outra cidade , faço aqui nota ao texto escrito por Suketu Mehta. Planejando escrever um livro sobre as ruas caóticas que nunca conseguira de fato abandonar, o autor mergulhou no universo dos pistoleiros, políticos, religiosos, prostitutas e atores de cinema que fazem de Bombaim (também conhecida como Mumbai) um espetáculo incessante de luxo e miséria, violência e tradições. O livro é o resultado grandioso da imersão de Mehta no cotidiano de uma das cidades mais populosas do mundo. Ele entra em contato com os tipos humanos mais variados, embrenhando-se na imundície das favelas ao mesmo tempo que frequenta os salões da diplomacia, da política e da alta sociedade. Os conflitos religiosos que marcaram a década de 1990 na cidade fornecem a pista inicial de uma série de deambulações urbanas, guiadas pelas histórias de numerosas personagens reais. O autor percorre os meandros infindáveis de Bombaim para registrar os contrastes da metrópole em sua pulsação frenética.

Isso demonstra somente níveis de desigualdade que Bombaim e qualquer outra grande cidade no mundo tem atualmente, o escritor busca dar uma visão exata e panorâmica de uma cidade em reflexos e retratos finos e claros de uma crise social bem concreta apenas existente nos países emergentes ou nos Brics. A concretude de sua reportagem busca apenas não só recuperar a humanidade dos pobres e também sua dignidade por hora perdida ou marginalizada de forma bruta e fria.

Dadivosamente um escritor vê mais nas sombras ás respostas frias de suas questões ainda não respondidas que ao seu tempo serão tratadas cuidadosamente aquilatadas por um analista frio e exato em suas ponderações conceituais no contexto inserido. A sabedoria do analista virá de acordo com as perguntas ainda a ser reveladas. As sombras de uma cidade são somente sujeitos marginalizados e rejeitados. E as luzes são somente os cidadãos ricos que exigem soluções exatas á respeito da mesma de tempos em tempos.

Assim , todos governantes e cidadãos deveriam assim por as cartas á mesa e discutir os problemas que suas cidades possuem ontem e hoje no mundo , e aliás esse é um dos papéis da política no mundo. O olhar de um político e de um cidadão comum para pode refletir sobre uma cidade , as posições serão diferentes e não exatas sobre os mesmos dilemas sociais e morais de morar ou residir numa cidade grande ou pequena.

Divinamente , temos uma visão exata de uma cidade sem crimes . O Cristianismo Reformado defende e fala á respeito de uma cidade matematicamente quadrada para os vencedores em especial. Em parte pode parece uma fina ironia shakespeariana, Deus premia os vencedores, de que e por que? O teólogo Luiz Sayão responde essa perguntas com exatidão: 'Toda nossa história começa em um jardim, mas termina numa cidade. O projeto de Deus para a humanidade é urbano'. Neste aspecto nos parece que Deus reconhece que a humanidade sempre gostou de morar em cidades ,e por essa razão Deus dá como um prêmio completo uma cidade inteira aos que vencerem. A humanidade começou com uma cidade rústica e campineira e terminará em uma cidade dourada.

E por princípio, devo agradecer em primeiro lugar aos hospedeiros que generosamente cederam sua casa para minha estadia e também ao prezado editor Davambe por me ceder espaço nesse grande jornal. Ao leitor permito quer tire sua própria conclusão dos fatos aqui relatados com eficácia e honestidade , em tempo oportuno faça a sua interpretação, você nesse momento é um intérprete privilegiado em busca entender esse relato com os fios da verdade que enlaça esse relato.

JessePensador
Enviado por JessePensador em 20/08/2017
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