DE AMPUTADOS A ESCRAVOS INCONSCIENTES E INCONSEQUENTES
DE AMPUTADOS A ESCRAVOS INCONSCIENTES E INCONSEQUENTES
Entenda o doloroso processo de libertação dos que um dia “morreram para o mundo” e “nasceram para deus”!
*Por Antônio F. Bispo
Por que “o mundo” é mal sendo que foi o próprio deus quem o criou? Sendo assim, esse deus é mau, cria o mal para depois oferecer ajuda, ou renomeia de mau qualquer um que não seja um escravo obediente?
Deus precisa de seres livres e pensantes ou de escravos cegos, surdos, mudos, insensíveis e com incapacidades de questionamentos para continuar existindo e operando seu “grande amor”?
Por que deus perdoa os que fazem o mal e não perdoa questionadores? Viver para o exercício do mal é mais suave aos olhos de deus do que questionar se algo existe ou não? Em toda história da bíblia, da cultura cristã ou em exemplos cotidianos nas igrejas, vemos pessoas que viveram todas as suas vidas causando mal a dezenas, centenas e milhares de pessoas e foram agraciadas com o “amor de deus” de alguma forma, enquanto pessoas de bem, que nunca fizeram mal a uma mosca sequer, foram, estão sendo ou serão condenadas apenas por questionarem o comportamento de um líder religioso, ou os insondáveis mistérios de deus. Por que questionadores incomoda mais a deus e a seus representantes ungidões do que pedófilos, assassinos e mercadores da fé? Se faz necessário ser devasso, corrupto ou mal caráter para que deus te ame?
Por que o “poder de deus” geralmente se manifesta mais onde não há questionamentos? Seu poder é semelhante a um número de mágica de circo, que após entendermos como funciona truque, a mágica perde a influência sobre nossos sentidos e o mágico perde sua audiência? Seria os ensinamentos sobre deus um truque barato e seus idealizadores temem que o público veja através dos bastidores para que não percam a influência sobre estes? Por que tentar descobrir os insondáveis mistérios de deus faz ruir qualquer estrutura religiosa por mais “certa” que essa diga ser?
Por que um fiel religioso tem de se afastar de qualquer outra linha de pensamento que não seja a do grupo inserido para não se contaminar, sendo que os mesmos afirmam que se alimentam da pura água da fonte da vida todos os dias? Não deveriam os puros purificar os não puros pela sua pureza simplesmente por existirem perto desses?
Por que o “poder de deus” na vida de um crente se esfacela mediante perguntas simples e objetivas de pessoas que não são do grupo religioso? A pirotecnia gospel serve apenas para os iludidos do próprio grupo? Se deus é a pura verdade em pessoa, por que fazer perguntas tão simples sobre ele deixam as pessoas irritadas, temerosas e com sentimento de culpa?
Por que o “poder de deus” se enfraquece na vida de um fiel quando esse se torna culto, de mente aberta e de um elevado estado de compreensão do mundo e de senso crítico? Os ensinamentos sobre deus são apenas arquétipos para crianças crescidas que precisam serem ameaçadas com bicho papão ou boi da cara preta para sujeitar-se a vontade de seus dominadores e se tornarem dóceis?
Por que nas três religiões que cultuam o deus de Abraão, a oferta de amor deus ao seus filhinhos vem sempre seguida de ameaças de morte ou de tortura física e psicológica caso seus servos a rejeitem? Se deus é bom, as pessoas não deveriam ser atraídas a ele, ao invés de serem forçadas a seguir a ele? Por que se faz necessário enclausurar pessoas para que o poder de deus funciona na vida dessas? Ele tendo todo o poder, amor e compaixão pela humanidade como a ele são atribuídos, não seria mais viável ele destruir o inferno que ele mesmo construiu e construir algo mais proveitoso?
Se as pessoas vivem em estado caótico, não seria exatamente por que os representantes dele deitam e rolam aqui na terra usando seu nome e ele não faz nada? É justo que um pai ausente cobre bons exemplos de seus filhos sendo que ele nunca apareceu como modelo real desse mesmo exemplo? Por que condenar pessoas inocentes e confusas por um mal que ele mesmo deixou se alastrar por negligencia própria e uma má representação de sua pessoa?
Por que mesmo sendo abusado moral, sexual ou financeiramente, um fiel religiosos ainda continua defendendo seus abusadores, a onipotência e onisciência de seu deus? Faz parte dos planos de deus que as lideranças cometam todo tipo de abuso aos liderados? Que tipo de deus é esse? Nem dos seguidores capeta ouve-se dizer tantas barbaridades em gênero, número e grau, se comparado aos “servidores da luz” e dos representantes desse deus.
Se deus é universal e pai de todos, por que permite o segregacionismo e guerras religiosas em seu nome, sendo que ele “ama” a todos? O conceito de um deus universal e criador de toda humanidade, não aniquilaria por si só a necessidade de criação de religiões? Por que deixar que seus filhos briguem entre si pelo direito de paternidade sendo que ele mesmo afirma ter gerado a todos?
Vamos refletir um pouco sobre essas questões. Não precisam ficar com medo. Garanto que nesse texto há menos informações perigosas do que em certos rituais ou livros ditos sagrados de alguns grupos de fé no deus mesopotâmico cultuado por todos os “filhos de Abraão”. Nesse texto não há incentivos a matar, degolar, estuprar, extorquir ou amaldiçoar quem quer seja caso não concorde com essa linha de pensamento. Nos livros sagrados dos seguidores do deus de Abraão há citações desse tipo e mesmo assim são chamadas de sagrados. Apenas leiam e reflitam. Nem precisam concordar a princípio. Só deixar as ideias amadurecerem por si só. Se fosse pecado pensar, seu deus não te faria um ser pensante, a menos que ele não seja tão bom assim, e tenha te dado um cérebro exatamente para te condenar por fazer uso dele da razão, como fez no paraíso, criando tudo de bom, e colocando o mal no meio para provocar o casal e depois expulsá-lo de lá por um mau que ele mesmo poderia ter evitado. Nesse caso, ai sim, surge mesmo a necessidade de se repensar em toda sua crença mesmo! Reflitamos!
“Quem não abandonar pai, mãe e irmãos por amor a mim, não é digno de mim” ... “Aquele que não aborrece a própria família por amor a mim, não é digno de mim” ...Palavras atribuídas ao próprio Jesus segundo os evangelhos.
Na edição do fantástico do dia 30/7/17, foi mostrado uma reportagem sobre pessoas que foram iludidas a “aceitarem a jesus” ou “servirem a deus” em uma determinada seita americana com adeptos também no Brasil, e a partir de então, foram obrigadas a viverem reclusas, longe do convívio com a sociedade em geral, com a própria família, com qualquer outras pessoas fora grupo, e dentro deste inclusive, até as conversas entre as pessoas do próprio grupo eram monitoradas pelos inquisidores do grupo e não eram permitidos certos tipos de assuntos entre os membros. Do modo de vestir, falar, andar e pensar, tudo era regido pelas lideranças. O ensino religioso e secular também eram fornecidos pela própria igreja, e sair dos portões da igreja, só se fosse com a permissão do líder maior e monitorado por algum assistente de confiança da seita.
Nesse estilo de vida, as pessoas estão literalmente sob regime de escravidão e não percebem, mas quando questionadas, elas afirmam ser esse um caminho para a salvação e ainda dizem ser esse estilo de vida um preço baixo a ser pago, se comparado com o que Jesus sofreu por nós. Tais pessoas são levadas a acreditarem que seus torturadores querem apenas o bem para para elas, e fazem o que fazem como provar de amor e cuidado por eles. Acreditam piamente que os mantenedores da seita os amam e por meio de tantas torturas, pressões e amputações os estão protegendo do mundo, do pecado e das astutas ciladas do diabo que espreita em cada esquina, “rugindo como um leão, buscando a quem possa tragar”. O senso crítico destas pessoas e a capacidade de enxergar o mundo e se relacionar com as pessoas além do grupo, são todas aniquiladas e substituídas pelos comandos curtos e frases repetitivas da seita em questão. Um ser humano com infinitas possibilidade de crescer evoluir, criar e moldar o mundo e a sociedade ao seu redor é reduzido a pessoas amedrontadas, limpadores de banheiro de igrejas, serviçais gratuitos e particulares das lideranças, panfletistas de semáforos, auto inquisidores e como cães de guardas raivosos latem e atacam todos que ousarem chegar perto dos ungidos do senhor e dos limites territoriais da igreja.
Algumas dessas pessoas que sofreram tais lavagens cerebrais jamais irão se libertar desse estilo de vida, e outros, mesmo depois de abandonarem o grupo, irão sofrer várias sequelas durante muito tempo mesmo não tendo mais o antigo líder como inquiridor, mas tendo o medo, a culpa e a ideia de um deus carrasco os monitorando todos os dias para afligir seus pensamentos. Quanto mais pura for a intenção de um seguidor e quanto mais fiel e dedicado for esta pessoa, mais difícil será seu processo de libertação. Boa parte dos que conseguem se libertar de um grupo religioso acabam sendo tragado por outros igual ou pior, pois criou-se o bloqueio nas comunicações com seus semelhantes e criou-se um buraco enorme no peito desses que só podem ser preenchidos pela “palavra de deus” ou “fazendo a obra do senhor”.
Esse tipo de agrupamentos religioso causa mais dependência química aos integrantes do que o consumo de entorpecentes a quem faz uso deste. Quem já teve a oportunidade de acompanhar um dependente químico em fase de recuperação sabe que quase nada se diferencia em relação aos que estão buscando se libertar das dependências dos currais da fé. Crises de choros, ansiedade, depressão, medo da morte e do inferno, arrependimento por ter dado primeira tragada, vontade de revidar todo o mau que lhes fizeram, culpa, audições de vozes do além e agressividade sem motivos são sintomas comuns tanto a quem estar em processo de libertação das drogas quanto de quem estar tentando se libertar dos que usam um livro de capa preta para os intimidar e levar vantagem sobre outros. A libertação é lenta e dolorosa para ambos mas é possível em ambos os casos e só depois de libertos, ambas as pessoas poderão ver o mundo com outros olhos.
Algumas igrejas deveriam receber nomes de hospício, manicômio, casas de detenções, presídios, casas de jogos, ou casas de todo tipo de exploração. Todas elas recebem o nome de casa de deus, lugar da verdade, lugar de amor, justiça e salvação, pelo menos pelos que estão dentro delas. Algumas pessoas até se revoltam quando autoridades judiciais chega a interditar locais como esses quando descobrem o tamanho das barbaridades que ocorrem dentro desses portões de recintos fechados. Os membros encaram isso como ação do próprio demônio, já que este faz de tudo a fim de parar a “obra do senhor” e o projeto de salvação de deus para o homem. Toda igreja tem seu próprio pacote particular de salvação, e uma vez adquirido por meio de uma confissão ou batismo público, querendo ou não, aceitando ou não, admitindo ou não, o novo convertido se torna objeto de interesses particular dos que dirigem aquele grupo, de toda hierarquia para ser mais exato. Tudo em nome da fé e em nome de deus, e o cara onipotente, onisciente e onipresente de lá dos céus olha sem nada fazer, pois afirmar não poder intervir no livre arbítrio de seus servos, a menos que você o questione, ai sim, ele interfere na hora, te ameaça e tal. Caso contrário, todos podem deitar e rolar em seu nome, que no dia do juízo final ele diz que vai acertar as contas com todos.
Os casos mais comuns de interdição judicial nesses recintos religiosos geralmente acontecem apenas quando veem à tona por meio de séries jornalísticas que demonstram tais abusos. Casos contrário o poder público não se manifesta mesmo sendo patente aos olhos de todos. Os abusos e extorsões financeiras aos fiéis em nome da fé são feitos de modo escancarado diariamente em quase todos os cantos inclusive em canais abertos de TV e as autoridades não se manifestam pois afirmam que as pessoas dão seu dinheiro, tempo livre ou patrimônio de forma livre e espontânea nessas casas de comercio, sem levar em consideração que o princípio de lavagem cerebral ocorre tanto no que é induzido a dar dinheiro e viver “em liberdade” quanto aqueles que são obrigados a viverem reclusos em portões fechados apesar de não darem dinheiro algum, ou viverem sob duras normas de servidão física ou psicológica. Será que os que estão ali naqueles recintos, estão realmente de livre e espontânea vontade? Claro que não! Elas são ameaçadas com inferno, fogo, enxofre, gafanhotos, devoradores e um número sem fim de enfermidades caso se recusem a permanecerem ali ou não obedecerem aos seus líderes. A própria bíblia é um livro recheado de ameaças com dezenas de exemplo de pessoas que se recusaram a obedecer seus líderes e foram punidas por estes ou pelo próprio deus. O caso de Ananias e Safira é o mais usado para ameaçar que se recusar a dar dinheiro pra igreja. Como dizer então que aquelas pessoas estão ali de livre e espontânea vontade todas elas? Quem nasce nesses recintos, não conhece outro mundo senão aqueles e acha que isso é normal.
Se considerarmos o princípio da não coação psicológica garantida por lei, ameaçar as pessoas de irem ao inferno ou de terem suas saúde física ou financeira comprometidas por se recusarem a dar dinheiro dentro de uma igreja para a “obra do senhor” , já seria por si, objeto de apuração para fechar 95% das igrejas que operam em nosso país usando a bíblia como recurso para esse argumento indecente, sendo que o próprio deus a quem eles afirmam existir, seja imaterial, atemporal, incriável, indestrutível e auto suficiente, não dependendo de nada ou ninguém para continuar existindo e que sendo assim, qualquer tipo de valor financeiro destinados a ele se torna uma proposta mentirosa.
A “justiça” não interdita ou proíbe tais ações dentro das igrejas mesmo sabendo que tais fatos são corriqueiro ao longo de toda história mundial em vários segmentos religiosos, pois a religião sempre serviu de braço forte para o controle das massas e manobras políticas, e um povo sujeito a um deus e pragas imaginárias se tornam bem mais dóceis e fáceis de se controlar do que um povo que não tem o imaginário como opressor maior e usam a razão ao invés da fé para gerar resultados. Como na maioria dos países do mundo mais de dois terços da população é voltada a algum tipo de crença religiosa, quando um político tiver dificuldade em executar suas manobras políticas basta se aliar a um líder religioso qualquer e tudo fica mais fácil e desse modo fica bem mais viável manter políticos inescrupulosos no poder. Não haveria políticos ruins se não fosse a ideia desse deus carrasco para punir questionadores.
A própria bíblia ensina a sujeitar-se aos políticos como exemplo de obediência ao próprio deus. Seria cômico se não fosse trágico! O próprio cristianismo no modelo que hoje conhecemos, com uma trindade e tudo mais, foi criado do nada exatamente por um “politico” da época no intuito de manter os domínios do seu império que ameaçava ruir. Há quem diga que foi o próprio deus encarnado que desceu do céu e fez tudo que a crença cristã ensina como forma de amor à humanidade. Quando pesquisam a fundo sem a coleira dos líderes perceberão que nada disso é verdade! Por esse motivo, não é novidade nenhuma que igrejas tem servido de currais eleitorais e desde que surgiu a tal de bancada evangélica, pastores são respeitados e valorizados pela quantidade de “cabeças” que tem em seus “currais”, pois tem sido assim há séculos. Mudam-se apenas o nome da bancada, mas o pano de fundo é o mesmo. A inquisição e as leis civis da maioria dos países islâmicos são a maior prova de que religiosos no poder absoluto só fazem o que não presta!
No artigo 5 de nossa constituição, é citada como legal e permitida a liberdade de expressão religiosa a qualquer indivíduo do nosso país. Porém no mesmo artigo, é citada também vários outros direitos do cidadão como a de expressão artística, intelectual, cientifica e de comunicação além de dizer que ninguém deve fazer nada por coação ou contra a sua própria vontade. Dizer que se alguém não der o dizimo, não aceitar a jesus ou não obedecer cegamente a uma liderança religiosa vai para o inferno, estar ferindo esse princípio garantido por lei.
O modelo que muitas igrejas cristãs operam no brasil, faz com que muitos dos direitos do cidadão garantidos por lei sejam violados, distorcidos ou manipulados. De 77 parágrafos que constam nesse quinto artigo da constituição, alguns líderes se valem apenas do parágrafo que diz respeito a liberdade de culto religiosa para obstruir até 50 outros parágrafos inseridos nesse mesmo artigo. Se levarmos em conta a Lei universal dos direitos humanos, alguns grupos religiosos seriam recordistas em infrações e abusos nesse quesito. Pode uma coisa dessas? Pode aqueles que dizem ser os percussores da liberdade do homem, serem os primeiros a infringir tais liberdade? Em nome da fé pode tudo não é? Geralmente alguns líderes religiosos buscam a constituição apenas quando querem ter seus direitos validados, mas quando querem obstruir o direito alheio, usam a “bíblia sagrada” dizendo que somente a ela devemos obedecer. Nesses locais, o livro dito sagrado intimida pessoas mais do que o ambiente hostil que se cria em uma favela infestada de marginais portando fuzis e metralhadoras. Um livro usado para ameaçar e oferecer castigo ou recompensa sendo manuseado por pessoas ignorantes ou de má fé, tem causado mais males do que as maiores epidemias ou guerras que a humanidade já conheceu. A própria história da igreja revela isso e há dezenas de exemplos desse tipo inseridos na própria bíblia. Um livro dito sagrado para ser usado em atitudes profanas. O cúmulo do absurdo!
Situações semelhantes as que foram mostradas na reportagem da seita americana ocorrem todos os dias em nosso vasto território em dezenas de igreja, sejam extorquindo ou explorando o dinheiro e tempo útil das pessoas, seja forçando-as a seguirem um louco estilo de vida contrário a própria natureza humana, privando-as de prazeres triviais e comum a todos, seja ameaçando-as diariamente com inferno e maldiçoes no presente e no porvir caso não obedeçam cegamente as suas lideranças. Como a ideia de deus e os conceitos do cristianismo são todos subjetivos e passiveis das mais diversas interpretações, cada pessoa que abre uma igreja interpreta de modo particular a vontade desse deus e vira ao mesmo tempo carcereiro e encarcerado de seu próprio mundo particular. Nesse perfil existirão aquelas que te proíbem de usar até um simples shampoo nos cabelos, àquelas que irão te proibir de beber um copo de café ou te obrigar a guardar dias santos, por viverem procurando demônios naquilo que eles mesmo dizem ser a criação perfeita de deus. Essas igrejas se tornam ambientes em que o louco e o médico são as mesmas pessoas e que pessoas livres, honestas e de almas puras, são convencidas de que são miseráveis pecadoras destinadas ao inferno e que precisam estar naquele recinto sendo vítimas de todo tipo de abuso para serem salvas de um crime que nunca cometeram, cujo único crime foi ter nascido humano em um planeta bom criado por um deus bom.
Quem sabe, se tais pessoas tivessem nascido um simples animal precisariam passar por tudo isso, apesar que tenho quase certeza que o próximo produto vendido pelos exploradores da ingenuidade alheia será a salvação para os PETS da família. Como a sociedade mudou e hoje as pessoas de hoje estão se preocupando mais com a aparência física e bem estar do seu bichinho de estimação. Então, por que não vender a salvação para eles também? Afinal, você ir para os céus sem o seu totozinho não dá, não é? Podem contar os dias e aguardem essa novidade! Será que estou sendo um profeta? Será que estou auto sugerindo a criação de um novo modelo de comercio de fé? Acho que não! Baseado no passado da igreja é muito fácil prever seu futuro, nem precisa de revelação divina para prever tais coisas! Se a igreja vende lixo de construção como objeto sagrado para abençoar seu lar, não seria capaz de vender um pacote de salvação para animais domésticos? Claro que sim! Pode tudo, absolutamente tudo em nome da fé! É pior que a dita casa da mãe Joana! Com aumento gigantesco e oportunista das igrejas da prosperidade, a outra possibilidade lucrativa que vejo nesse mercado de gente mal intencionada, é que qualquer dia desses, para consumirmos carnes, aves e peixes em qualquer açougue, terá de vir não o certificado de vigilância sanitária, mas sim o certificado de que aquele produto tem o selo de alguma dessas igrejas loucas, e se não foi orado, benzido ou ungido por alguma “homem de deus”, essa carne não poderá ser consumida. Se na idade média, até as espadas dos templários eram ungidas pelos sacerdotes para causar uma “morte santa” aos que estavam sendo transpassados, podemos esperar qualquer coisa desse nicho de exploração.
Poucas pessoas inseridas nesses recintos percebem que são escravas ao invés de pessoas livres e salvas como se auto denominam. Muitos poucos ainda quando percebem, tem a capacidade de se rebelaram contra seus opressores ou um sistema, com medo de represálias em público, ou serem excluídas do convívio social. Em certos casos as pessoas não recuam pois destruíram todos os seus relacionamentos fora do grupo, e por ser um animal social, o ser humano percebe que tem dificuldade de viver fora de grupos. Isso é proposital. A maioria desses líderes te ensinam a destruir suas amizades fora da igreja ou fazer com que você veja todos que estão fora como inimigos exatamente para que você não volte atrás, não recue e não abandone a “casa de deus”. Se seus relacionamentos fora do grupo não forem demonizados, na primeira dificuldade que você passar nesse ambientes eles iriam te perder. Se lá fora você foi levado a acreditar que tudo é do diabo, você se sentirá seguro com seu líder opressor e manipulador. Agatócles, um tirano do passado em Siracusa, quando desembarcou Cártago, cidade que ele iria atacar mandou queimar os próprios navios, vetando assim a possibilidade de seus homens tentarem fugir caso achassem que iam perder a guerra. Incentivar a destruir os relacionamentos sociais fora do grupo e passar a ver a todos os demais como filhos do diabo é importantíssimo para manter qualquer um dentro de um curral para livre exploração. Até animais selvagens depois que passam muito tempo em cativeiro ficam vulneráveis quando são posto em seus ambientes naturais. O senso de caça e auto defesa são prejudicados e acabam morrendo de fome ou atacados inclusive por animais inferiores a eles.
Ao serem inseridas em quase todo agrupamento cristão, umas das primeiras coisas que as lideranças inculcam na cabeça no recém convertido, é que ali é o lugar seguro, e que fora daquelas paredes ou da supervisão daquela liderança tudo é mal, pecaminoso, impuro e indecente, incluindo pessoas e objetos inanimados. Dentro daqueles recinto tudo é bom, puro, santo, maravilhoso e há um montão de gente que te ama ali e fora dali tudo é mal, perdição ou do diabo. Essa linguagem construída é repetida tantas vezes que ao ouvido de quem ouve se torna real e depois de um tempo, não se questiona a veracidade dessa informação assim como não se questiona quase nada dito. Na verdade esse aparente amor grupal não passa de uma grande ilusão, pois você só é objeto de desejo enquanto estar fora, depois as mesmas pessoas que te convidaram possivelmente poderá te ver como concorrente caso você alcance um posto mais elevado que o dele e agora tu poderás ser repudiado, perseguido e odiado.
Em quase todas igrejas de regime fechado os membros são orientados a desfazer ou esfriar suas amizades com “pessoas do mundo” sendo que todos eles moram no mesmo mundo, e são induzidas manterem todo tipo de relação afetiva e amorosa apenas dentro do perímetro marcado pelas lideranças. Se romperes algum limite imaginário marcado pela liderança, a humilhação em público é o mínimo que sofrerás! Faz parte do processo de adestramento castigo-recompensa. Nesses casos, os obreiro das igrejas servem de olheiros e informantes constantes para te denunciar ao líder maior, acrescentando ou inventando ao seu respeito o que viu e o que não viu a fim de serem promovidos a um cargo maior e serem reconhecidos em público pelo serviço de delação premiada que estes voluntariamente se encarregam de prestar. Nesses casos, enquanto o que estar sendo injustamente delatado é humilhado e rebaixado sendo vítimas de calúnias e difamações, o delator é exaltado, ganha notoriedade e sobe de função no grupo. Um verdade inferno se torna esses lugares de forma literal! Desse modo, pessoas simples constantemente são acusadas e punidas por “pecados” que nunca cometeram por que um puxa saco de pastor os dedurou para mostrar serviço e subir na hierarquia da igreja.
Não é por mérito que a maioria das igrejas promovem seus oficiais a cargos de obreiros e tantos outros. É pela capacidade de bajulação e submissão as lideranças e pela capacidade de trair e dedurar outros membros do grupo. Muitos dos santos obreiros do senhor, são semelhantes a burros correndo atrás de uma cenoura amarrados em suas cabeças, e são condecorados diariamente pelos seus líderes por serem pessoas dissimuladas e traiçoeiras. Quem por acaso pretende se aperfeiçoar em estudos, disciplina e ser um sujeito ético e moral, estar perdendo tempo. Esses não são requisitos solicitados para quem deseja crescer nesse ramo. Bajular, trair, mentir, e reproduzir todos o sistema é o caminho mais curto para crescer na “obra do senhor”. Não se poderia esperar nada melhor desse tipo de agrupamento. Vieram de Roma, são frutos de Roma, tem de agir como os romanos em tramas e artimanhas para galgar o poder e demarcar territórios!
Quanto aos membros comuns, se fossem livre para falar sem represália, eu diria que 9 a cada 10 pessoas em igrejas de regime fechado já passaram por “duras provações” e tem de engolir a seco, chorar aos cantos e “entregar tudo nas mãos de deus”. Nesses casos, o inquisidores não são apenas os de fora ou os obreiros da própria igreja. Conjugues e filhos são incentivados a dedurarem uns aos outros para terem a atenção das lideranças. Se você foi flagrado por exemplo com uma cerveja na mão, apreciando uma mídia audiovisual que não seja consumida pelo grupo, ou conversando um “infiel”, se prepara! A noite o pau come e deus vai revelar tudinho pela boca do seu santo ungido! Vão fazer de você gato e sapato por algo tão simples, enquanto as maiores barbaridades são cometidas por tantos outros e deus nada revela! Como chamar um lugar desses de casa de deus, lugar de justiça amor e paz? Um clima desses só se é observado em penitenciarias de segurança máxima, onde estão confinados os indivíduos mais perigosos da sociedade e a regra é comer ou ser comido, matar ou ser morto! Mas o mesmo clima de tensão, suspeitas e traições encontra-se dentro dessas igrejas e somos obrigados a chamar isso de casa de deus e seus representantes de homem de deus? Isso é uma ofensa! Nos poupem de tal agressão a sanidade!
Nessa falácia de que só os do grupo são do bem, amigos, colegas de trabalho, mestres e até pessoas da própria família, agora passam a serem vistos com maus pelos novos convertido e as lideranças e somente os de dentro daquela igreja querem o bem destes. Os demais estão sendo guiados pelo próprio demônio para desviar o novo convertido dos “caminhos do senhor”. Evangélicos da década de 50 a 90 em igrejas tradicionais e pentencostais no Brasil se forem honestos consigo mesmo dirão que já viram casos de pessoas que foram orientadas se preciso a morar na rua por “amor a jesus” e que deveriam abandonar até a própria residência para não serem perturbadas por aqueles que queriam desvia-los dos caminhos do senhor e alguns o fizeram. Alguns foram mais além, e abandonaram casa, emprego, família e saúde, para viverem como loucos, pregando aqui, cantando ali, evangelizando acolá, achando que realmente estavam fazendo algo útil a um ser superior, quando na verdade estavam apenas fundando alicerces para vários bases de arrecadações financeiras denominadas de igrejas num futuro próximo. Tais obreiros por serem pessoas de boa fé e não entenderam como funciona a “jogada” nesses recintos, fizeram tudo a troco de nada, e foram apenas ferramenta de lucros posteriores para suas lideranças. Quem entendeu como funciona as regras do jogo e aceitou subverter até seus princípios morais, aproveitaram e passaram a usufruir também de parte do faturamento continuo e infinito que são as maiorias de tais igrejas. Quem não entendeu como funciona, ou entendendo se recusou a tal baixaria, percebeu apenas tarde, que trabalhar para o senhor nesses recintos, nada mais é que manter um grupo de pessoas iludidas a fim de tirar de outras pessoas o maior proveito possível. A “obra de deus” é um gigantesco campo de treinamento onde tornar outra pessoa iludida é sinal de grandeza e criar prosélitos nesse mesmo pensamento medíocre é sinal de sucesso. A insanidade torna-se o santo graal de praticamente todos os seguidores das milhares de vertentes religiosas dos adeptos do deus de Abraão.
Depois que os mesmos te incentivam a destruir todos os seus relacionamentos sociais fora da igreja, fica mais difícil você abandonar a igreja, pois em certos casos, o novo convertido passa dos limites, ofendendo a todos que não quiseram entrar no mesmo grupo que este, e agora ciente que foi iludido, se torna orgulhoso em voltar atrás e segue adiante, mesmo a contragosto e as vezes tendo ciência do “rolo” que se meteu. Outros não ousam sair da igreja, pois suas habilidades de comunicação social fora do grupo foram reduzidas ao máximo em palavras monossilábicas com a linguagem do próprio grupo, que serve apenas para o grupo e não conseguem se encaixar bem fora do grupo agora. Então o sujeito sofre por ter rompido e demonizado suas relações fora daquele grupo e pra completar vive atormentado diariamente com ameaças constantes de que sua deus vai pesar a mão nele ou em sua família caso este venha abandonar o grupo.
Há dezenas de versículos bíblicos preparado pelo grupo ou pela liderança para fazer esmorecer qualquer um que ouse pensar em deixar o grupo. Ameaças de enfermidades, desempregos, acidentes, doenças terminais, e mortes cabulosas estendidas não apenas ao integrante do grupo mais a qualquer um de sua família até várias gerações são algumas entre tantas ameaças que um crente sofre caso queira deixar o grupo que lhe vendeu um jesus enlatado e com validade vencida. Vale lembrar que tais ameaças valem somente para pessoas produtivas ou lucrativas dentro da igreja. Obreiros, dizimistas e pessoas que podem gerar lucro, oferecer serviço gratuito ou trazer mais membros pra o grupo. Pessoas comuns, que nada dão ou produz não são alvos do “amor de deus” nem de suas ameaças caso queiram deixar o grupo. Sua entrada assim como sua saída na igreja é insignificante e tanto faz como tanto fez! Mendigos, pobres viúvas e necessitados quais seriam um dos motivo real de arrecadação dos dízimos nos tempos bíblicos, esses sim, devem ficar longe dos portões da “casa de deus” pois dão despesas ao invés de darem lucros e os “ungidos” do senhor não querem dividir com ninguém o fruto do seu “árduo” trabalho.
Essa realidade não é coisa de outro mundo. Em todos os cantos do planeta e em quase todos os modelos de crenças religiosas coisas como essas ocorrem com frequência. Quem sabe talvez, as crenças de matriz do deus de Abraão sejam as recordistas nesse estilo de aprisionamento. Gihadistas, evangélicos, católicos e algumas linhas do judaísmo querem ter total e ilimitado acesso a vida dos integrantes de seus agrupamentos. Saber o que eles falam, como eles pensam, com quem conversam e quais os planos para o futuro de seus integrantes é fundamental para a sobrevivência do grupo e vida de regalia dos que lideram. Não existe no mundo inteiro um produto mais lucrativo do que o mercado da fé. Nem o tráfico de drogas, armas ou pessoas supera esse grandioso mercado. Um produto auto renovável, que não precisa de reposição, garantias ou prazo de validades. Cada um vende do jeito que quiser, para o público que quiser, quantas vezes quiser e tudo fica bem. Sempre tem público para esse tipo de mercado e se não tiver um público específico, cria-se um num simples passo de mágica. Do deprimido com tendências suicidas ao grande empresário com tendências megalomaníacas há espaço para ambos. Do puritano que casou virgem aos 40 anos sem nunca se quer ter dado um beijo nas mãos de uma moça a fim de manter a “pureza espiritual”, àquela que aos 15 anos já tinha suas genitálias mais tocadas do que carne de segunda em fim de feira de um dia chuvoso, tem espaço para ambos. “Deus” ama a todos”! E a igreja sabe exatamente quanto cobrar e o que fazer para que “deus” te aceite!
Assim como uma agencia de viagem vendem pacotes de turismo de acordo com o bolso e o perfil da pessoa, as igrejas vendem seus pacotes de salvação usando como base a ignorância ou a ganancia do seu público. Ou te pegam pelo medo e pela culpa, ou te pegam pelo seu desejo de riqueza e lucro fácil. Sempre eles acham um jeito. Mudam apenas a estratégia, os vendedores e o modo como vendem cada pacote de salvação, mas o pano de fundo é o mesmo. A ignorância sobre o mundo, o passado da humanidade, outras culturas e sobre o domínio das próprias emoções, é o principal alimentador desse mercado.
Você não deve se sentir culpado por não estar mais inserido nesse recinto, afinal, provavelmente você o abandonou por que não condizia com seu padrão ético e de moralidade. Nesse caso, não foi você quem os traiu abandonando-os, mas eles quem te traíram usando a ideia do sagrado para fazer em seus recintos coisas profanas. Você não deve sentir culpa ou vergonha por desejar ser honesto e não querer enganar as pessoas. Eles quem deveriam ter vergonha de usar a fé e a ingenuidade alheia como meio de renda e domínio.
Alguns outros abandonam o grupo por que crescem e evoluem, e o grupo já não pode satisfazer aquela necessidade inicial que uma vez na ignorância era suprida. Muitos dos seus brinquedos de crianças que antes eram super interessantes e prazerosos deixou de fazer sentido há um longo tempo. Muitas das histórias que te causavam medo hoje não te provoca nada. Os líderes religiosos desejam manter as pessoas em um mesmo estado de espirito o tempo inteiro. Isso vai de encontro a natureza humana e toda evolução de modo geral. Por mais que alguém tente represar as correntes de um rio criando barragens e usinas, um dia elas irá encher o suficiente para destruir a própria barragem que a segura. Com o conhecimento não é diferente. Os que buscam evoluir, o farão independente de quem os oprima. E quando essa barragem for rompida, uma força avassaladora irá modificar toda paisagem ao redor, por onde essa onda de conhecimento passar.
Medo, ira, ganancia, ódio, inveja, submissão cega, castigo, punição, trabalhos forçados, humilhação em público e coisas do tipo não podem ser coisas vindas ou ordenadas de um ser que se diz superior. Tenham coragem de encarar os fatos, e pôr no lugar deles, aqueles que querem te usar como objeto de manobra e fonte incessante de lucros. Se deus precisa de adoradores e pessoas sem cérebro para continuar expandindo seus domínios, ele é pior do que você e não deve ser temido, adorado ou reverenciado! Aprender a conviver com pessoas normais de carne e osso te trará mais resultados em todos os campos de sua vida do que aprender a se relacionar com seres metafísicos e seus representantes de caráter duvidoso.
Não deixe que você, uma criatura de potencial fabuloso seja reduzido a um objeto de uso particular de lideranças eclesiásticas. A vida é muito mais que isso.
Um brinde a sanidade!
Texto escrito em 12/8/17
*Antônio F. Bispo é Bacharel em Teologia, Estudante de Religião em Filosofia e Capelão Ev. Sem vínculo com denominações religiosas desde 2013.