O Meu Interesse pelo Sul

O viajante ao viajar busca entende-se melhor a si mesmo e ao olhar o mundo em outras perspectivas. O autoconhecimento é ainda uma das facetas do longo processo que é a viagem em si mesma ao longo da vida, pois a viagem é um processo.

Trata-se de uma fuga não declarada dos problemas familiares e cotidianos que azedam semanas e dias, e a fuga serve para isso, cada viajante parte em busca de uma aventura que possa viver em paz e tranquilidade durante alguns dias da sua vida.

A busca por aventura ou experiências agradáveis deve também fazer parte do pacote, é uma parte importante de todo o processo, é um esforço para sair da rotina, e requer planejamento e outros detalhes como preparar malas. Nesta coluna , eu abrirei um longo parenteses, relatar acerca da minha viagem de cinco dias em Santa Catarina. Sendo mais específico na cidade de Tigrinhos, na companhia de um amigo de infância. Dando continuidade irei falar acerca do meu interesse especial pelas terras do Sul.

O meu interesse particular para com os Estados do Sul, advêm da disposição em entender a poderosa Tradição dos pampas que domina a região por muito tempo , ao ter um amigo na região aguçou mais ainda minha curiosidade particular á respeito da mesma.

Mas se apropriando das oportunidades que só aprecem uma vez na vida, comento aqui que sempre ficamos atentos quando elas realmente aparecem e aguçam ainda mais o nosso olhar que requer ainda mais cuidado e atenção redobrada a determinadas situações que nos perturbam e povoam nosso imaginário, que de forma efetiva busca saídas para vida, que por si só resolvam os nossos dilemas.

E ainda venham parecer como uma das vias possíveis de solução de um problema bem enraízado em uma situação bem intimista ou pessoal. As vias de solução podem parecer bem diferentes do que realmente pensamos , usualmente não fazemos as perguntas adequadas , pois se as fizéssemos , com certeza teríamos um menor número de problemas e dificuldades a necessitarem de uma solução.

Usualmente colocamos pouco em prática essa nossa marca racional da curiosidade , a curiosidade tem o estranho papel bem generoso de ativar a imaginação que ás vezes está na hibernação , pois em muitas ocasiões nós somos guiados pelo'automático cotidiano' que cerceia com muita audácia a nossa existência por intermédio da rotina de trabalho, estudo e formação acadêmica , ainda de círculo familiar.

Incisivamente, a rotina de trabalho nos obriga a seguir os mesmo caminhos e decisões cotidianas, essas decisões tomadas sem o mínimo de reflexão ou análise. Por alguma razão não esclarecida ou clareada , nos apenas seguimos essa rotina que nos entorpece duramente, não há interesse em sair dela por causa da força maior do dinheiro que nos controla direcionando nossos passos.

Natural que as decisões cotidianas não fiquem por conta do 'automático cotidiano' pois as decisões do mundo do trabalho não podem nem devem interferir nas decisões familiares em nenhuma circunstância moralmente referente. Pois assuntos ligados ao mundo do trabalho tem por figura a bola azul , e esse assuntos tem como prioridade um outro lugar que não é exatamente o nosso lar. Convêm aqui discernir exatamente as bolas coloridas que são as seguintes: a azul simboliza o trabalho; a vermelha simboliza a família; a cinza simboliza os estudos e a formação acadêmica; e a bola amarela simboliza a presença divina em nossa vida.

Talvez muitos de nós, caro leitor em especial deixemos essas figuras se chocarem em determinados instantes da vida , não por que queremos que isso suceda ou aconteça, infelizmente isso sucede por falta de sérias medidas preventivas na medida certa para evitar esses choques.

E a bola vermelha ao simbolizar a família integra nessa dimensão seus inúmeros problemas dessa ordem e que vigoram em nossa vida , os da dimensão familiar não podem por questão nenhuma interferir em outros campos que nós se ocupamos diariamente. A família deve ser uma das prioridades da vida , mas não podemos concentrar tudo nela.Assim ao evitar choques repentinos com outras áreas da vida , tomamos tudo por uma precaução medida , o discurso sobre isso é não misture água com óleo.

Realmente isso parece um desafio para cada pessoa no mundo não chocar as duas bolas ou as quatro bolas, retornando a tema da curiosidade tratado no início , a mentalidade pós-moderna impede de certo modo que a curiosidade tenha o seus devido espaço de ação e movimento, o choque entre bolas impede gradativamente a sensibilidade pessoal.

E a bola cinza resume em poucas palavras a ideia de uma busca pelo conhecimento que se adquire ao longo da vida que segue como a melodia de uma música cantada em um programa radiofônico ou televisivo. A busca do conhecimento é algo incessante que envolve decisões e frustrações, a primeira devemos recorrer a sabedoria e a explicações exatas e concretas que requerem um bom ouvido; a segunda por sua vez celebra as nossas limitações pessoais e indicam com certa clareza onde realmente falhamos.

Sensivelmente, a bola cinza representa a força motriz do conhecimento para a vida cotidiana, o conhecimento em si nada resolve mas quando posto em ação faz muitas coisas em prol do seus usuário de forma irrevogável e absoluta. Antes de me perder com as bolas coloridas , se faz necessário o retorno para o meu interesse pessoal pelo Sul. As bolas coloridas dizem á respeito de uma vida pessoal bem integrada , e o meu interesse advoga uma vontade de conhecer e reconhecer as diferentes tradições que fazem nosso país bem rico culturalmente.

Sempre uma viagem dialoga com a curiosidade interior que se deflagra em ações póstumas concretas e ás vezes inexatas que afluem a uma só direção, a direção pode ser dura e fria mas nos dirige a um lugar que nos seja assim bem relevante para o futuro e o presente.

E sempre o presente agita esse curiosidade divisando saídas e novas oportunidades, quando falta saídas ou uma direção olhamos para quem realmente pode dar as direções confiáveis e concretas da vida , e advêm assim um conjunto de novas propostas exatas para uma vida frutífera e abundante , nada pode impedir a busca por uma vida assim.

Pelo que sabemos somente o filósofo alemão Friedrich Nietzsche trata da do poder da vontade como uma energia motriz que movimenta a vida que estimula assim a busca por uma vida melhor a cada passo , e sustenta o universo , em seu livro filosófico Além do Bem e do Mal , ele fala com certa profundidade desse conceito e ao mesmo tempo demonstra em outras perspectivas possíveis para esse conceito central.

Em seu livro , o filósofo busca encontra certas respostas advindas de suas reflexões inerentes a vida , é fato que muito se escreveu e se escreve sobre a obra de Nietzsche, e de que a vontade de tentar compreendê-la nunca se esgota. Além do Bem e do Mal foi considerado pelo autor seu livro mais importante e abrangente. E podemos aqui tentar tecer algumas reflexões de forma inteligível, o que não é fácil e é até uma pretensão fazê-lo em tão poucas palavras. Por sinal, Nietzsche não pretendeu ser inteligível. Vamos apenas considerar que o mais fascinante na filosofia são as perguntas que ela provoca, e em especial na obra do filósofo alemão, a curiosidade que ela atiça. Mas que não esperemos respostas prontas e sob medida. Ele foi um pensador rebelde em sua época; e tentar domesticar ou demonizar Nietzsche não ajuda a compreender sua obra.

Logo entendemos que esta é a melhor definição que já vi sobre a forma como Nietzsche se comunica com seus leitores: “às vezes Nietzsche parece estar gritando conosco; em outras parece sussurrar algo profundo em nossos ouvidos”.Dúvidas antigas sobre a moral humana: nossa essência é boa ou má? Nascemos bons e nos tornamos maus ou já nascemos maus e o meio é que nos coloca freios morais? Ou será que não nascemos nem bons nem maus, apenas dotados de instintos? E ainda, de onde surgiram os conceitos de bondade e maldade? Para Nietzsche, a religião, especialmente o cristianismo no Ocidente, criou valores que limitam o homem a se superar. A expressão “instinto de rebanho” em Nietzsche vem talvez de um conceito religioso, no qual a moral ensina ao indivíduo a só atribuir valor em função do “rebanho”, que também poderia ser traduzido em Estados e sociedades.

O homem virtuoso, “escravo” das expectativas dos outros, das boas e das más opiniões, faz-se dissimulado, ao mesmo tempo culpado e infeliz. O que afinal Nietzsche quer dizer quando fala em “ir além do bem e do mal”?É possível que ele queira nos fornecer coragem para transcender o nosso modo de ser, ou melhor dizendo, um modo de consciência que observa o mundo sem definir as coisas como boas ou más, e sim apreendendo-as como se revelam para nós. Quem sabe podemos chamar essa condição de uma “grande lucidez”.“O que alguém é começa a se revelar quando o seu talento declina – quando ele cessa de mostrar o quanto pode. O talento é também um ornamento; um ornamento é também um esconderijo.” (Nietzsche em Além do Bem e do Mal).

Se o filósofo alemão conseguiu esclarecer com certa exatidão a questão da força de vontade que certo modo dirige a vida , o antologista Alberto Manguel via esclarecer um pouco mais acerca da curiosidade,oferecendo assim uma resposta exata. Na introdução da obra o autor afirma isso mesmo – “Sou curioso acerca da curiosidade” – e argumenta que uma das primeiras palavras que se aprende em criança é “porquê?” “Porque queremos saber mais acerca do mundo misterioso em que involuntariamente entramos, em parte porque queremos compreender como é que funcionam as coisas nesse mundo, e em parte porque sentimos uma necessidade ancestral de nos relacionarmos com os outros habitantes desse mundo, após os nossos primeiros balbucios e arrulhos, começamos a perguntar ‘porquê?'”, argumenta.

Usualmente no texto, o autor refere as suas leituras de Michel de Montaigne (1533-1592), o filósofo quinhentista francês, de quem se afirma amigo desde a adolescência, para afirmar que “talvez toda a curiosidade possa ser resumida na famosa pergunta” deste autor, “Que sei eu?”, que aparece no segundo livro dos seus “Ensaios”.Também na introdução, o autor crítica os sistemas de ensino, que “não fomentam o pensamento em si mesmo e o livre exercício da imaginação”.

Levianamente mais “interessados em pouco mais do que a eficácia material e o proveito financeiro, as nossas instituições educativas já não fomentam o pensamento em si mesmo e o livre exercício da imaginação”, afirma Manguel. “As escolas e os colégios tornaram-se campos de treino para mão-de-obra qualificada, em vez de fóruns de questionamento e discussão, e as faculdades e universidades já não são viveiros para os indagadores a que Francis Bacon chamou, no século XVI, ‘mercadores de luz’. Ensinamo-nos a perguntar ‘quanto custa?’ e ‘quanto tempo demora?’, em vez de ‘porquê?'”, escreve Manguel. Agora se encaminhando para uma possível conclusão os dois autores apontam para uma vida abundante por intermédio da força de vontade e da curiosidade que nos indica caminhos seguros para uma vida boa e completa. Meu caro leitor eu indico dois livros aqui relevantes , e deixo a conclusão para que cada leitor decida qual a melhor dada por si mesmo como um leitor autônomo e consciente do seu destino. Os dois livro são Além do Bem e do Mal de Nietzsche e a História Natural da Curiosidade de Alberto Manguel para um divertido aprendizado e sempre nos acompanhe por aqui nesse espaço.

JessePensador
Enviado por JessePensador em 11/08/2017
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