A leitura , o texto e a Interpretação
O viajante ao viajar busca entender-se melhor a si mesmo e ao olhar o mundo em outras perspectivas. O autoconhecimento é ainda uma das facetas do longo processo que é a viagem em si mesma ao longo da vida, pois a viagem é um processo.
Trata-se de uma fuga não declarada dos problemas familiares e cotidianos que azedam semanas e dias, e a fuga serve para isso, cada viajante parte em busca de uma aventura que possa viver em paz e tranquilidade durante alguns dias da sua vida.
A busca por aventura ou experiências agradáveis deve também fazer parte do pacote, é uma parte importante de todo o processo, é um esforço para sair da rotina, e requer planejamento e outros detalhes como preparar malas. Nesta coluna , eu abrirei um longo parenteses, relatar acerca da minha viagem de cinco dias em Santa Catarina. Sendo mais específico na cidade de Tigrinhos, na companhia de um amigo de infância.
Legalmente , o ato de ler exige duas vias de conhecimento: o específico e o enciclopédico, o primeiro privilegia exatamente o conhecimento essencial sobre um assunto que se tenha domínio perfeito ou quase na linha de perfeição; o segundo por sua vez requer um conhecimento mínimo e máximo sobre o mundo. Ler um conto de fadas ou ler um artigo em jornal estrangeiro não são a mesma coisa exatamente como muitos assim pensam e imaginam.
E assim a leitura se procede com muitos ricos detalhes , pois numa viagem , o viajante em questão pode ler desde lindas paisagens de fundo rural á ricos cenários urbanos das pequenas cidades do seus país e de outra nação se for a um país estrangeiro. A leitura é um processo que se requer um pouco de reflexão e ao mesmo tempo solidão, a primeira advêm da necessidade de se compreender o texto ou a paisagem pelo qual está a frente, a segunda aparece como resultado da primeira.
Isso indica que á princípio, o leitor procede assim sua leitura de acordo com sua criação familiar, formação acadêmica e religiosa.Esses elementos tem sua importância de forma fundamental na vida de um leitor comum , mas a leitura tende a melhorar o estilo de vida do leitor , que á largos passos melhora se aperfeiçoando gradativamente , essa melhorias indicam que o leitor de certo modo venceu muitos empecilhos que ás vezes surgiram na sua vida como um leitor.
Temerariamente, o que um leitor deve ou pode ler? Qual padrão correto de leitura? Quais livros deve se ler? Em quais ocasiões deve ler certos livros?
Usualmente, os acadêmicos nos fornecem inúmeros caminhos a essa resposta. a respeito da primeira pergunta vamos a ela , então o leitor deve ler o que realmente gosta ou de tudo um pouco , como a metáfora do restaurante , que você como cliente escolhe o que deseja comer e põe em seu prato e se alimenta , parece uma comparação favorável ao assunto aqui exposto. O leitor , por outro lado deve estar de mente aberta e ler diversos textos de diferentes suportes desde um HQ á um livro da Barsa.
Realmente existe um padrão de leitura , na verdade existem vários , que comentei com Júnior amigo do bom hospedeiro em Tigrinhos, na verdade são três padrões que a Cultura Ocidental assimilou como formas de leitura, que são os seguintes: o alemão, o inglês e o francês. Esses três tracejam o ensino doa leitura no Mundo Ocidental atualmente.O primeiro diz que você precisa aprender a ler com o alfabeto e com livros ilustrados de fácil assimilação e memorização de personagens e cenários , começando com livros fáceis e novos de preferência, sem um resgate do passado necessariamente, mas que o o leitor tem uma noção primária do que venha a ser um livro e um texto adequadamente.
Assim , o segundo preconiza o resgate pleno da cultura popular iniciando esse leitor com o folclore , e os textos de origem oral , e aos poucos esse leitor vai galgando outras formas de leitura subindo degrau a degrau sem pressa alguma, nem desatenção, pois um texto requer atenção. O terceiro por sua vez liga os dois anteriores e anda valoriza a tradição oral em primeiro lugar, o leitor é preparado para assim ler textos e obras mais difíceis e complexas do ponto de vista estético e social.
O texto possui diversas formas de existência , e sempre anda á procura de um leitor real disposto á encará-lo e a compreendê-lo sob algum aspecto exatamente , por essa razão todo exige um contexto que com ele se relacione realce seu valor estético e moral para determinada época. O texto sempre vai buscar algo próximo a realidade ali dimensionada atualizando-a com o momento presente , mas um filme , um quadro sempre são formas de leituras de obras do passado ou do presente.
Timidamente um texto requer um dimensionamento prévio do tema li tratado e requer uma atenção maior ao que lhe propõe ao leitor que se desafia a ler um texto por um bom tempo, essa leitura exercerá o papel de uma descoberta que aos poucos sendo revelada e achada , essa descoberta depende exclusivamente da ação do leitor que a cada leitura extrai algo novo para sua vida.
E a cada leitura se abre um novo horizonte ao tempo novo das descobertas , e cada leitura de um texto abre um conjunto de releituras possíveis e imagináveis que altera ma existência da humanidade de tempos em tempos , essa alteração é resultado de profunda inflexão e reflexão sobre a relevância dos temas atuais que movem a humanidade em suas inúmeras angústias que imerecidamente recebem ao longo da vida.
Xaropando a existência, um texto exige muito mais que um bom leitor, um bom texto está a espera de um leitor ousado e pronto para desafiar sua vida com força de vontade e disposição que requer ações frias e decisões exatas que lhe farão uma pessoa madura e pronta para desafios futuros e frisados.
Talvez, o texto existe para afirmar convicções e produzir dúvidas em corações inconstantes que vacilam em horas complexas e difíceis da vida que surgem de tempos em tempos, nunca esperados por pessoas complexas. Mas surpreendentemente o texto se auto explica suas condições de existência e seus leitores também devem aceitar essa contrapartida oferecida pelo texto.
O texto pode ser visual ou escrito, essas duas formas se misturam e se integram com a realidade do leitor que por sua vez desmonta e remonta o mundo e o redesenha de acordo com a necessidade de se ler o presente por hora ampliado a cada leitura e proposta de intervenção cultural e social. O texto pode ser entendido como uma forma de discurso de poder em determinada situação e reação de um leitor. Essa visão contrapõe definitivamente as anteriores , e ao mesmo momento oferece uma outra saída possível a um leitor.
E o texto se dispõe a um saída coerente de visão dominada versus uma visão dominante regida por uma ótica canônica dirigida por uma casta de intérpretes privilegiados que ocupam as funções de poder uma sociedade letrada , pois nem todas leituras são aceitas como corretas em uma sociedade letrada, pois ela ficam aprisionada em um conjunto de regras convencionais de poder, e cada texto visual ou escrito essas leituras se divergem e convergem no mesmo lugar.
Assim já falamos longamente sobre um texto , e agora cabe uma longa inflexão sobre a ideia concreta de interpretação, o leitor é um intérprete privilegiado por hora, mas o que realmente uma interpretação?
Isso carece uma seria resposta de tríplice monta, a primeira possível resposta vem á seguir, interpretar é em termos práticos , entender o sentido global de um texto, e qualquer texto , dimensionando o sentido literal do sentido figurado. O primeiro segue os rastros deixados pelo autor na hora da redação do mesmo , e persegue uma linha canônica da leitura. O segundo por outro lado, enxerga algo que está por detrás de um texto em apreço, enxergar isso é desafiar um texto ao longo de sua existência, na verdade absoluta os dois sentidos andam unidos , somente os leitor os distingue exatamente.
Normalmente um texto possui os dois sentidos, mas retornado a ideia inicial da interpretação , agora trago comigo a segunda explicação acerca da interpretação , ela faz a conexão do texto com a vida do intérprete , visto que a vida e o texto estão entrelaçados ao longo da existência.Essa conexão é um resultado da compreensão totalizante de um texto , essa visão total expõe esse intérprete a um novo caminho traçado por leituras frias.
Talvez, uma boa leitura requeria uma noa estrada para um novo mundo ainda não descoberto nem povoado ou explorado , o leitor é escrevente e escravo dessa descoberta que exige alguns sacrifícios a abluções pessoais e individuais que condicionaram a um novo entendimento do mundo em si mesmo.
E nem sempre seguido por lobos da dúvida e da incerteza que acompanham o bom leitor em seus caminhos da interpretação e reação ao texto em apreço , os lobos indicam as dúvidas que sempre aparecem em um texto , como brechas de uma construção, parecem um um pouco com Fenrir. Eles sempre ameaçam o leitor e o texto em diversos momentos da leitura.
Realmente um leitor deve estar preparado para essa realidade de leituras e desafios da interpretação que ocorrem com qualquer texto , sem essas pontas e desafios o leitor segue a sua leitura como segue um rio em seu leito , sem intervenções e obstáculos possíveis.
Provisoriamente, a ideia de interpretação esconde a visão de liberdade e identidade , essa visão revela assim a mentalidade avançada e aguçada de um leitor na posição de intérprete recorda um pouco do seu passado e presente , em busca de um futuro ainda distante e possível.A liberdade reside exatamente nas leituras livres de textos sagrados feita por cartunistas , humoristas e romancistas ao redor do mundo , a exemplo a turma do CQC e do jornal francês Charlie Hebdo, essa liberdade também comporta riscos e perigos , aqui trago a memória a pessoa de Salman Rushdie com seu livro Versos Satânicos.
Realmente a liberdade resgata por si mesma a ideia da identidade pessoal e nacional que romancistas, poetas , articulistas e dramaturgos possuem em grande escala. a respeito da identidade posso entender a dimensão da liberdade de um escritor, a identidade apenas é um resultado pleno da liberdade que alguém possui , onde existe um texto haverá liberdade e identidade.
E na casa do bom hospedeiro durante a viagem numa sexta feira fria lemos a Bíblia em textos que se exigiam um pouco mais de identidade com nossa realidade , a viagem inumeráveis esclarecimentos sobre ações , situações e reações de pessoas e pessoas tudo em razão da ortodoxia interpretativa de um texto e de um livro, a viagem teve um função didática e corretora de várias interpretações inexatas de certos textos que se abrem ao viajante e o hospedeiro.
Talvez, você caro leitor pense assim se a liberdade anda com a identidade , por essa temos um inúmero conjunto de leituras livres de tudo quanto é texto visual ou escrito, essa liberdade sempre solicita condições e deveres por parte dos intérpretes e autores. Cabe aqui dizer alguns cuidados que um leitor deve possuir.
Assim , o primeiro cuidado vem de encontro com os riscos da interpretação, caro leitor leia as linhas e depois siga lendo com maior cuidado as entrelinhas , mais aqui reside o risco da dúvida nosso ‘primeiro lobo’, esse lobo só deve destruído com a veracidade do texto em si mesmo .
Cordialmente segue outros dois risíveis lobos que aparecem em um texto e sua interpretação. O ”segundo lobo que vem após a dúvida, e a insegurança advinda de um escritor, essa insegurança assume as sombras de um ‘lobo’ gigantesco que desafia o mundo e o leitor andando nas sombras escuras da noite e do ocaso solar. O último ‘lobo’ e a escuridão que acompanha a dúvida e a insegurança , diminuto em vista dos outros ‘dois lobos anteriores’ , por ser um pouco mais pequeno deve ser percebido com severa sagacidade, pois assombra muito mais levando um leitor a um certa confusão coexistindo com o texto.
Assim caro leitor, ao recuperar as reminiscência da viagem resgato elementos importantes e verdadeiros de um viagem curta, esse pouco tempo foi bem gasto. Em vias de uma conclusão inconclusa que nos desafia e nos confia um pesado motivo, após refletir longamente acerca do texto e da interpretação , a conclusão nos convida a pensar na guerra que move nações , a busca contínua de poder , o intérprete também está busca de conhecimento e não da informação . Em especial ele fica numa posição privilegiada acima do texto e do livro , dando as cartas baratas do compreender e do entender, mas não podemos esquecer que nessas cartas existe o ‘curinga’ sempre por perto.
O ‘carteado’ do entender vem antes do ‘carteado’ do compreender , o intérprete fica em busca da aquisição plena do entendimento global de um texto e requer muita atenção e boa intenção , a visão globalizante de um texto abre inúmeros caminhos e riscos perigosos tão temerários quanto a morte , essa dimensão de entendimento abre a porta para outra menos confusa e mais limpa do texto.O ‘carteado’ do compreender atende a dimensão dos perigos acaba finalmente o leitor alcança uma certa tranquilidade que desafia um mundo em crises existenciais , e dá ao leitor o aumento das possibilidades de uma interpretação séria e segura , as possibilidades aumentam e por usa vez o intérprete se vê em uma dimensão de liberdade total.