Permita-me falar sobre você sem falar de você
Estou aqui olhando para essa folha de papel em branco e pensando em você... mas eu não queria escrever sobre você! Acho que ainda não sei o que pensar sobre isso – que de fato não existe – ou talvez não queira assumir algumas coisas para mim.
Então... permita-me falar sobre você sem falar de você e deixar vir o que eu não quero ver.
Os meus trinta e poucos anos de idade me permitiram mudar de ideia muitas vezes, conhecer algumas coisas, evoluir em umas e desconsiderar outras. Entre tanto, aprendi a não me julgar e a entender que quem eu sou vai muito além do que eu faço. Cada vez mais aprendo a olhar e abraçar aquelas partes de mim que cresceram reprimidas. Tornei-me ainda mais forte e também mais intensa, muitas vezes até sem juízo! Sobre mim, sobre amor e sobre o mundo sei tanto e nada ao mesmo tempo.
Descobri que sou uma sonhadora incurável, que posso ser romântica sem o sentimentalismo, que posso ser frágil e forte ao mesmo tempo... e tudo bem! Entendi que na vida temos muitos amores, cada um se torna único sem precisar ser melhor, pior ou mais importante que o outro. E não existem regras!
Adoro me despir, mostrar cada face, cada ângulo, rasgar a carne. Ah... mas é para poucos! E a verdade é que, mesmo depois de tudo o que vivi, ainda quero me conectar de forma profunda com alguém. Simples, leve, intenso, inteiro, verdadeiro, alegre... sem o “não dito”, sem as inseguranças, sem medo.
Por que estou te contando tudo isso? Ainda não sei...
Minha vontade era te dizer para se jogar sem medo. A vida ainda guarda muitas surpresas para você. Tudo se transforma o tempo todo e você ainda tem tanto para viver. Não existe certo e errado. O seu aprendizado vai te encontrar, independente do caminho. Permitir-se dar novos passos não significa renegar o passado. Muito pelo contrário! É uma forma de honrar, fazer as pazes, permitir que te fortaleça.
Você deveria se ver através dos meus olhos. É, de fato, uma das cenas mais belas e inusitadas para mim.
Ah... juízo! Enquanto tu estás aí a dançar alegremente rodopiando em volta da fogueira, eu estou aqui a observar este movimento sem saber.
Gabi Parvati