SENDO RAIO, RELÂMPAGO E TROVÃO
Reza a lenda
Que em dias árduos e de pouco sol
Há que se manter um alerta
E caminhar mais devagar
Dizem os mais antigos
Que em dias assim, sombrios
Há que se relembrar de orações antigas
E renová-las em sinal de respeito
Há que se curvar diante do inevitável
E seguir sem se lamentar
Mas, ei! E se eu não quiser agir assim
E mantiver a rota no prumo planejado?
E se eu segurar teimosamente o manche
E me amarrar ao mastro em sinal de protesto?
E se eu disser que não, não aceito
E que sim, sei onde estou indo
E não desistirei por coisas passageiras
E não desmoronarei por pessoas vis?
E se assim, teimando
Eu encontrar novos caminhos
E abrir novos rumos
Para os que vierem depois de mim?
Se não me engano
É apenas nas Terras Médias
Que temos nossos passos apagados
Pelos ventos fortes que vem do Norte
Mas já que por aqui
Nestas terras tomadas por pagãos
Todos tem pressa
E atropelam e não se importam
Deixarei então meu legado
Com pistas para os raros que observam
E haverá um tempo
No qual em dias assim
Árduos e de pouco sol
Sombrios e de pouca fé
Poderemos sorrir e mostrar força
E inigualáveis seremos vistos
A desmantelar o que antes de nós
Eram aceitas como muralhas intransponíveis
E a distribuir cada grão de satisfação
Antes negada até nosso aniquilamento.