O "TRAFICO DE DEUS" E OS PROJETOS DE LEIS MEDIEVAIS
QUEM REALMENTE SÃO OS BLASFEMADORES DO DEUS CRISTÃO?
*Por Antônio F. Bispo
Existem dezenas de projetos de leis medievais que tentam fazer a humanidade retroceder a idade da pedra nos países onde o poder da igreja ainda é igual ou superior ao poder do estado. Alguns desses projetos tem tramitado em nosso país entre os poderes municipais ou estaduais, e outros chegam até o congresso. Anda e vira ouvimos alguns propondo projetos absurdos disfarçado de boas intenções, que só iriam privilegiar alguns poucos desenvergonhados e escravizar toda uma população. Um desses projetos ou petições, é o pedido de tornar hediondo o crime de blasfêmia, ou seja, aquele que for pego falando mal, ou dizendo não acreditar no deus cristão, em seus representantes, ou no cristianismo de modo geral, seria preso e julgado, com sentença semelhantes a de um cidadão que mata outro com requintes de crueldades. Dá pra imaginar? Quem já estudou o mínimo de história do cristianismo, das religiões, ou do deus hebreu na própria bíblia, sabe o quanto isso foi usado em outras ocasiões na história e não teve bons resultados. Os maiores crimes que já foram praticados pela raça humana em gênero, número e grau, foram exatamente aqueles cometidos para proteger a imagem de um deus, a sua memória ou a honra dos que lhes representam. É por meio de proteger essa honra e essa memória que até hoje as maiores mentiras, manipulações, falsificações, charlatanismo e acobertamento do erro tem sido praticado em sociedades teístas de inclinações corruptas. Um projeto inútil para uma lei retrógrada feitas por pessoas mal intencionadas ou de pouco cérebro é o que tentam implantar de goela abaixo para todo o povo. Um convite a uma nova idade das trevas, podemos presumir.
Atitudes como essas, são semelhantes às de um comerciante que não se atualiza, não se moderniza, não procura empreender em outras áreas, e quando bate em suas portas um concorrente de peso, oferecendo uma variedade de produtos e serviços de qualidade, o mesmo comerciante medíocre se sente ameaçado, ultrajado, passado para trás, e usa todo tipo de táticas baixas, inclusive ameaças de mortes para intimidar aquele que de modo honesto estar ganhando espaço prestando um bom serviço à sociedade.
A ignorância é o maior aliado do pensamento religioso opressor. Seu concorrente é a razão e a moderação. O desespero de lideranças religiosas demonstrado em criar leis como essas, só expõe o quanto sua fonte de lucro estar ameaçada e usam a ideia de proteger o “nome sagrado” como desculpas para frear os que se arriscam a deixar a zona do medo criadas por estes. O limite entre a zona do medo, o vale da ignorância e o reduto do equilíbrio, em certos casos estar delimitada apenas por uma linha imaginária muito frágil, semelhante a um risco de giz no chão. Uma simples reinterpretações dos argumentos que baseiam a própria fé são capazes de fazer sumir essa linha imaginária tornando possível alguém que outrora também iludido, possa empunhar a bandeira da liberdade. O medo da maioria dos que tem no imaginário seu porto seguro, faz com que esse não venha se arriscar em aguas profundas do oceano das múltiplas possibilidades. Não estou convidando ninguém a fazer isso se não se sentir seguro. Sugiro apenas uma reinterpretação da própria fé e já é um bom começo. Usando esses métodos, você começa como se estivesse em um bote inflável, todo inseguro, até perceber que poderá estar navegando em um poderoso navio quebra-gelo dos mares frios e escurecidos da sua consciência, enegrecidos pela longa noite da escuridão imposta pelo temor religioso. Vamos navegar um pouco. Pensar não é pecado e refletir não é crime. Vejamos:
Com o avanço das tecnologias de comunicação em massa, é notório que as pessoas de modo geral, tem tido acesso a uma infinidade de conteúdos que outros povos nunca tiveram no passado, e muitas dessas informações as libertará de vários conceitos impostas a estas, desde o nascimento sem direito de opção de escolha. Nos países teístas, ou em qualquer povo que cultue a uma divindade metafísica, as pessoas cultuam tais seres por força da conveniência e não por livre opção. Chega um dia em que alguns desses que desde o berço foram obrigados a seguirem as tradições de seus pais, mediante tais constatações decidem tomar outros rumos para suas vidas e isso é normal, faz parte da evolução interna de cada um, e da evolução da humanidade como um todo. Quando se chega a esse ponto, os que vivem à base do lucro da ingenuidade alheia ou do temor desnecessário de seres que apenas existem no imaginário coletivo, movem ações energéticas com o intuito de reprimir tais indivíduos, e irão lutar pelo direito de serem escravos do próprio conceitos e das próprias mentiras ou lutarão pelo direito legal de escravizar os outros em benefício próprio, e nesses casos, a mesma quantidades de informações disponíveis para provocar a liberdade de um ser consciente e destemido, será também usado de forma manipulada para oprimir ainda mais os que infelizmente se deixam fazer prisioneiros da ganancia alheia. Veneno de cobra pode matar ou curar o que fora picado por uma víbora. Um livro “sagrado” ou as leis de um povo podem ser usados para sua liberdade ou para sua opressão, depende de quem manipulam as informações contidas nos conjuntos de escritos tidos como leis divinas ou humanas. Nesses termos, que falem por si só os últimos acontecimentos do cenário político brasileiro!
Os propósitos nefastos da religião, procuram estar amparados nas leis, para dar mais segurança aos executores, e mais submissão aos executados. Crimes hediondos como compra, venda, troca, torturas até a morte, e exploração física e sexual de escravos, sempre foram praticados pela sociedade religiosa com amparo nas leis vigentes dos seus países. Um crime amparado por lei não deixa de ser crime, apenas prova o quanto é vã a defesa do sagrado em detrimento da opressão do humano.
Nesses casos, quando a manipulação das leis é evidente, uma pessoa de mente sadia e não movida por interesses próprios usa a logica, a razão, as evidencias dos fatos e os artigos da lei para dar sentido ou fazer valer a própria leia, fazendo com que a mesma passe de opressora a libertadora, enquadrando o manipulador em seu devido lugar, tornando possível com que o mesmo venha receber o devido título a ele merecido. O contraste chega a ser tão grande, que nos recintos religiosos o que mete a mão no bolso do povo de forma descarada recebe o nome de “homem de deus”, “ungidos do senhor”, “vossa santidade”, etc. Os que de modo conivente não se comovem com esse fato, são chamados de “vossa excelência”. Aos que se manifestam contra os abusos a fogueira santa inquisição os esperam. Os que se sujeitam aos abusos correm o risco de irem ao nirvana eterno, ou para as praias ardentes ao lado do anjo caído segundo a própria crença.
Nesses termos, convido você, leitor, consciente, capaz de usar suas faculdades mentais a pensarmos juntos nesse texto sobre o possivel “crime” de blasfêmia cometidos contra as divindades e seus intocáveis representantes. Vamos usar os argumentos da fé contra a fé, da logica contra a lógica e da razão contra a razão, projetando no mundo real os sintomas provocados por cada atitude diferente dos que seguem e não um princípio apenas de fé como regra geral para uma sociedade laica. Não dá para se usar a lógica contra a fé. É perca de tempo! Geralmente é o caminho mais curto por aqueles que não tendo argumentos, evoca o metafisico como seu juiz numa causa física. Contra fé, usamos os argumentos da própria fé e seus conjuntos de conceitos que dão suporte a própria crença, e desse modo podemos reconstruir a própria crença (se necessário), como um cirurgião plástico faz com alguém que teve o rosto deformado num acidente. Quando não é possível a reconstrução, o melhor mesmo a ser feito é a amputação para evitar sofrimento eterno ao que carrega em seu corpo, um pedaço de si mesmo adormecido, agora tido como corpo estranho pelo próprio organismo.
Para melhor nos situarmos no universo dos que são regidos pelo medo eterno do ser que tudo ver e de seus representantes, vamos considerar do ponto de vista cristão, que realmente exista esse ser cultuado, com todas as suas qualidades metafisicas fantasticamente a ele atribuída e vamos por lado a lado cada conceito em seu contexto comparando com o resultado esperado desse mesmo conceito. Vejamos:
FATO 1-Se blasfemar é denegrir, degenerar, diminuir, menosprezar ou destruir a imagem do ser sagrado, isso por si só já seria impossível, pois a mesma crença diz que esse mesmo ser não se degenera por ser auto existente, eterno, imortal e incorruptível; não pode ser diminuído nem mensurado pela sua infinita grandeza e por que não há outro acima dele para quem ele venha olhar acima de si mesmo; não pode ser rebaixado pois seu poder e autoridade vai além de qualquer limite imaginado pela mente humana. Todo poderoso é um dos seus títulos; nem pode ser destruído, seja sua pessoa ou sua imagem, pelo simples fato de o mesmo nem se quer ter uma imagem já que ele é declarado como sem forma e nem sua pessoa pode ser destruída, pois ele não tem um corpo e se declara imaterial. Nisso concluímos que, pelo sentido da palavra é impossível blasfemar contra o sagrado, pois nesses termos ele seria “imblasfemável”. Se existe a capacidade de ofensa, existe contra aquele que acredita nesse ser ou em suas qualidades e não diretamente ao ser metafisico. Nesses casos, se é crime se ofender-se por falar do deus cristão, deve ser crime também falar sobre qualquer divindade cultuada e não apenas deste. Os cristão ao mesmo tempo que querem respeito para suas crenças, exigem o direito de menosprezar a crença alheia, principalmente os evangélicos em sua maioria, pois fazem com maior prazer e de modo aberto a zombaria de qualquer divindade de forma direta sem punição alguma. Malhar o culto alheio é o enredo de alguns cultos cristãos da atualidade. Em alguns templos religiosos, não existiria culto algum se não houvesse uma divindade da concorrência para menosprezar durante aquilo que erroneamente eles chamam de liturgia.
FATO 2-Se o deus cristão ou qualquer outro deus existe, se é real, e se realmente se ofende, ele mesmo deveria se defender pois já tem idade suficiente para isso, a menos que ele ainda seja de menor, que seja um inválido, cego, surdo, mudo ou que seja carregado pelas mãos dos outros e precise de um tutor ou um advogado para o defende-lo, representa-lo, ou cuidar de suas necessidades. Pelo infinito poder, bondade e justiça a ele atribuídos existiria várias maneiras de o mesmo se defender sozinho, ou punir apenas o “blasfemador” pelo crime cometido, e não usar seus representantes para destruir vilarejos ou reinos inteiros por que um de seus moradores o ofendeu ou não se curvou diante dele. A história bíblica e secular comprovam que ele sempre tem se utilizado de seus representantes ou seus representantes se utilizado dele para cometer os mais diversos crimes. Tirania e justiça não são atributos de uma mesma pessoa nem podem coexistir no mesmo tempo e espaço em um mesmo ser, seja ele físico ou metafisico. Se ele por si só não pode se defender, deveria nomear publicamente, diante de todo povo, sob a audição de todos, um representante digno de sua reputação, que primeiramente tenha controle sobre seus impulsos primitivos e domínios das próprias emoções para depois representar um deus tão grandioso! Esse ato deveria ser feito de modo visível e audível a todos e não isoladamente como fez como Moisés, Maomé, Constantino e com cada “ungido” ou “profeta” que dormindo ou sonhando acordado, tiveram seus maiores contatos de teofania ou epifania de modo oculto, isolado e duvidoso. É notório lembrar que cada um desses, após cada o teofânico que esses líderes tem hoje em dia, sempre vem um pedido de dinheiro para determinado projeto ou pedidos de abstinências, sacrifícios inúteis ou autoflagelações, quando não vem uma ordem direta para atacar e destruir qualquer um que duvide do mesmo contato com o ser metafisico e suas intenções. Muito suspeito, eu diria. Um ser todo poderoso, que diz amar a todos de modo igual e só aparece a um punhado de líderes dominados pela inveja, ganancia, luxuria e soberba é algo questionável! Os maiores líderes religiosos, após os contatos teofanicos isolados que tiveram, a primeira ordem foi a execução de um povo e de qualquer um que duvidasse que houve a epifania. É muito amor para um deus só! Leiam sobre os primeiros contatos que Moises, Maomé, Constantino e tantos outros tiveram e tirem suas próprias conclusões.
FATO 3-Se existe realmente um deus justo, bondoso e criador da raça humana e que deseja levar o homem para os céus ou qualquer paraíso imaginário, ele seria universal e não tribal. Ele jamais deixaria ser representado como propriedade particular de quem quer que seja. Ele seria um pai criador de todos, lutador e defensor de todos, e não propriedade particular de nenhuma igreja, de nenhum povo e de nenhuma cultura. Ele jamais iria permitir que nenhum ser humano viesse nem mesmo trocar farpas em defesa de sua honra, sendo que ele gerou a todos e mantem funcionando toda a criação. Um deus universal, não pode ter um povo escolhido. Toda humanidade seria alvo de salvação, e não o motivo de anseio de seu castigo. Não pode haver um povo escolhido se todos de fatos foram feitos pelo mesmo criador. Um ser que entende o mínimo sobre o comportamento humano, entenderia que o homem é o produto do meio, e que nossas escolhas são baseadas no medo e na ganancia, e que nossas escolhas são o tempo inteiro manipuladas por aqueles que controlam os sistemas financeiros, religiosos, militares e educacionais quais estamos inseridos. Somos como bichos criados em viveiros, e ele deveria saber muito bem disso. Os líderes que os representam, fizeram com que as pessoas confessem que o amam por medo, e não por escolha própria, e isso seria perdoável e não objeto de condenação.
Em todas as épocas, desde o descobrimento da pedra e da lança como armas de defesa e de ataque, até a fabricação da bomba atômica poucos anos atrás, que os ajuntamentos humanos tem tentado roubar a tecnologia bélica uns dos outros em benefício próprio, para opressão de tantos outros. Desse modo, a ideia do deus cristão do modo como foi construída, tem sido como uma grande arma de destruição em massa, sendo hackeada e aperfeiçoada por cada nova “potencia” para fins pessoais. Pior que nesses moldes, qualquer pode se tornar uma “potencia” quando porta uma bíblia! Basta encontrar uma pessoa impotente, desprovida do uso da razão, ou acometida pelo sentimento de rebanho para essa potência se tornar opressora em nome da fé. Outrora o deus cristão já foi arma de destruição em massa utilizada por povos sumérios, depois dos semitas, depois dos hebreus e hoje é motivo de disputa entre judeus, mulçumanos e cristãos. Todos eles dizendo ser o pai da patente, todos eles usando esse “material bélico” como arma de opressão e não de libertação ou evolução. Desse modo podemos concluir que se o deus cristão existe, ele não tem sido apresentado como sendo um deus universal, bondoso ou amoroso, antes sim, como objeto de uso particular ou tribal com intuitos militares, jurídicos e comerciais e o “tráfico de deus” ganharia para o tráfico de qualquer objeto já comercializado ilegalmente pelo homem, com efeito superior inclusive ao tráfico de entorpecentes. Se cada indivíduo, ou cada tribo em particular pode fazer o uso que bem entender desse deus, concluímos que ele é semelhante a um objeto manipulável e não contrário.
Algumas características comum em todo tipo de tráfico são: gerar consumo em massa; corromper as autoridades; subjugar todos os que se opõem ao tráfico; criar dependentes; se adaptar ao mercado e suas diferentes formas de distribuição e consumo; acrescentar ou diminuir a essência do produto traficado para render o lucro, aumentar a dependência, ou despistar as autoridades não corruptíveis; usar as pessoas menos favorecidas seja financeira, emocional ou intelectualmente para expandir seus territórios; gerar o caos para depois apresentar uma falsa solução, etc.. Alguma semelhança com aqueles que fazem do mercado da fé sua fonte de lucro? Responda para si mesmo. Se até aqui sua cabeça não deu um nó, meus parabéns!
FATO 4-Se existe um deus universal preocupado com a salvação da raça humana, ele poderia começar salvando diariamente e a todo instantes crianças e mulheres para não serem vítimas de maus tratos e abusos sexuais dentro e fora da “casa de deus”, inclusive por seus representantes infalíveis. Sendo ele provedor da salvação humana, o tráfico de pessoas, o tráfico de entorpecentes e de armas poderia ser sua meta de número um e os traficantes o alvo de sua imensa ira, e não querer destilar sua raiva em um “ateuzinho” qualquer. A abolição de todo trabalho escravo no planeta seria outra causa de suma importância também a ser defendida por ele. A história da escravidão remota a tempos imemoriais, e as maiores construções já feitas pelo homem em grande maioria são oriundas de trabalho escravos, incluindo os templos suntuosos do passado e do presente construídos em sua honra. É questionável um ser preocupado com uma salvação futura da humanidade que não se preocupe com a salvação presente da mesma. Se só a vida espiritual tem sentido para ele, por que nos criou de forma material?
Outra causa não menos importante no quesito salvação humana pelas quais ele deveria lutar, seria a não obrigatoriedade de adoração, culto e louvor a ele mesmo sob duras ameaças. O mundo seria outro se cada indivíduo que já ouviu falar desse deus não fosse ameaçado de morte por ele mesmo ou seus representantes cada vez que se recusasse a amar ou adorar a esse ser. A tão anunciada mensagem de salvação proclamada pela maioria dos cristãos, não passa de mensagem de perdição, pois sempre vem acoplada a um castigo caso o receptor se recuse a obedecer alguns dos comandos estabelecidos pelos representantes desse ser. A ideia de uma salvação apenas futura destinada somente para um punhados de pessoas cegas, mudas, surdas e submissas é a coisa mais absurda que o cristianismo pode propor a humanidade. Nesse pensamento redutivo, os céus seria um lugar apenas para anencéfalos! Sofrimentos presentes, soluções presentes e não futura! Onde estaria a justiça de um deus que ver uma pessoa inocente sendo extorquida, torturada, estupra ou morta no aqui e agora para fazer justiça só no juízo final, sendo que ainda por cima tal pessoa ira amargar no inferno por que nunca levantou sua mão e aceitou a jesus, enquanto seu inquiridor, o criminoso de carteirinha que cometeu os mesmo atos por décadas seguidas, será salvo só por que um dia antes de morrer, ou na hora do crime, enquanto agonizava depois de alguns tiros em confronto com a polícia, a mesma pessoa levanta a mão, aceita jesus e estar salvo? Tem cabimento uma coisa dessas? Esse tipo de mensagem deveria ser classificada como mensagem de terror e não mensagem de amor e salvação. Conversa pra boi dormir! Os que assim pregam deveriam se envergonhar de tais falas, ou pelo menos serem mais coerentes com os argumentos do discurso. Precisam revisar seus conceitos de deus, amor, salvação, etc..
FATO 5-Se realmente existe alguém com capacidade de blasfemar daquilo que se entende como a ideia do sagrado, esses tais não estão fora da igreja, antes sim estão dentro dela e são os principais líderes do mesmo movimento. Estes sim rasgam a própria bíblia e são os verdadeiros blasfemadores do sagrado. Pregam contra a riqueza e os prazeres do mundo e são os primeiros a busca-los incessantemente! Pregam contra a arrogância mas são os primeiros arrogantes, não permitindo que ninguém se defenda, questione, ou tire duvidas da própria crença quando necessário! Pregam contra a corrupção mas vivem de mãos dadas com políticos corruptos e tantos outros do tipo! Pregam contra a exploração mas são os primeiros a explorarem o dinheiro ou o tempo útil do povo com campanhas intermináveis e cultos 3 vezes ao dia deixando a pessoa vivendo apenas em função de um rito religioso! Pregam contra a abstinência de certos alimentos, mas as escondidas deixam se extravasar em orgias de sexo, alimentos e bebidas alcoólicas! Dizem a todos que devemos fazer a obra de deus por amor, mas se os mesmos não receberem “trocentas” vezes mais o retorno do próprio investimento feito, o amor de deus acaba e eles mesmo nada fazem, fecham a igreja e vão embora. São como cadáveres mal cheirosos que alguns grupos tem de carregar nas costas até o dia da sepultura. Esses sim, deveriam ser condenados por blasfêmia, caso isso fosse realmente possível. Os que mais trazem escândalos ao evangelho e distorcem a ideia do sagrado, são exatamente aqueles que querem calar os que buscam trazer ao povo o esclarecimento dos fatos.
Apresentei esses cinco pontos no momento. Abordaremos outros pontos em outros títulos, para não “embriagar” os que os que estão começando a abrir os olhos no momento.
Entendo que em algumas sociedades cristãs do presente ou do passado, textos como esses seria motivos mais que suficientes para levar alguém a fogueira por crimes de heresia. Entre os mais de 100 países cristãos existentes, alguns estão regredindo a idades das trevas lutando pra criar leis como as que citei acima, ao invés de estarem preocupados com problemas sérios da sociedade em geral. Outros países estão aos poucos se libertando das correntes que prendem o barco do progresso e da evolução humana aos rios caudalosos da fé e que conduzem ao oceano da barbaridade, truculência e da ignorância. Foi através de textos exatamente como esses, que algumas sociedades por meio de emendas constitucionais e de pessoas destemidas, que as mesmas tem conseguido deixar seu estado precário de ser, galgando aos poucos um estilo de vida mais digno e justo a todos, e não apenas as classes eclesiásticas e politicas dominantes. Todos quantos venham a fazer declarações como essas estão cientes dos riscos que estão correndo, mas numa sociedades de zumbis, é melhor lutar ao lado da “resistência” e ter uma vida abreviada mas com sentido, do que ter seu cérebro comido de forma gratuita, sem mesmo ter entrado na peleja e passar décadas em estado vegetativo e deixar essa existência sem ter aproveitado nada ou deixado algo de bom que fosse aproveitado por outros.
Devemos voltar nossos recursos, atenção e misericórdia aos nossos semelhantes. Os deuses, por si só saberão se defender sem precisar de nós! Ao invés de nos ofendermos por aquilo que dizem a respeito dos deuses, deveríamos no incomodar pelos crimes reais, cometidos diariamente contra os menos favorecidos e mais ignorantes.
Saúde a todos!
Texto escrito em 11/6/17
*Antônio F. Bispo é Bacharel em Teologia, Estudante de Religião em Filosofia e Capelão Ev. Sem vínculo com denominações religiosas desde 2013.