O Juízo: A testemunha
- “Eu convoco a testemunha para a sessão”.
(PAUSA ATENTA)
- “Testemunha, juras com a mão esquerda no seu coração que falarás somente a verdade e nada mais”?
(RESPIRAÇÃO PROFUNDA)
- “Eu juro que meu coração está aberto somente à verdade. Espero que todos possam estar atentos às verdades”.
- “Então, testemunha, escrevas e declame aos presentes tudo aquilo que gostarias de dizer nesse momento”.
- “Meritíssimo, peço uma licença deste momento. Declamar e escrever o que está dentro de mim pode ser perigoso, mas eu preciso deixar uma prova daquilo que devo dizer”.
- “Então diga. Abra esse momento para os nossos participantes”.
(PAUSA E RESPIRAÇÃO PROFUNDA)
- “Ao escrever esse momento, eu só tenho a agradecer a pessoa que está naquela mesa. Dizer a ela o quanto eu amo muito e o quanto aprendi dispor a viver um amor sem medo. Talvez, a espera longa tenha me servido para amadurecer todas as coisas que eu sinto. Encontrar um ser que eu não conhecia. Compartilhar isso trouxe a oportunidade de colocar na mesa todas as verdades. Eu não precisei de muito para isso, pois eu achei nas imperfeições que a vida oferece a beleza dentro caos. Espero que tu resolvas chegar. Para conseguir essa paz, troquei a eternidade para estar aqui. (LÁGRIMAS E CHORO) Abri os meus olhos para vida. Que felicidade brincar com o tempo e fazer dos momentos nossas linhas tortas e sadias. Os teus abraços viraram um pedaço da minha casa. (DECLAMAÇÃO FIRME) Eu ainda estou aqui, na frente de todos, declamando fragmentos que só consegui fazer depois de muito esforço para encontrar as palavras adequadas e os locais onde elas ficariam. Sei que isso está documentado e, por mais que não tenha o infinito, as minhas escritas são vida longa. Elas deixaram a minha alma fluir. Neste presente momento, minhas palavras parecem penetrar nos ouvidos daqueles que sentem o mesmo: o desejo de viver sem medo. (RESPIRAÇÃO FORTE) Eu ainda me pergunto por que escrevo pra ti? Por que ainda tento demonstrar algo? Tem horas que penso que estou em vão nesse pedaço de papel e tendo que declamar para resmas brancas. Eu me entrego por excesso, pois eu sou esse ser exagerado. Não sei. Realmente, eu acredito que faço isso não à toa. Alguma causa existe. Mais ainda quando a distância me faz achar nas palavras uma forma de estar conectado contigo. Sei que deves crer do meu discurso, pois confias em mim, mas essa é a prova do que posso qualquer tudo que eu senti e ainda quero sentir muito mais. Meritíssimo, não vou conseguir escrever e declamar tudo que gostaria. Sinto-me falho e um pouco assustado para isso, mas tudo que disse é a minha verdade... minha? Eu espero que seja a nossa verdade. Agradecido”.
(PAUSA E RESPIRAÇÃO SÉRIA)
- “Eu sei que não falaste o todo, mas também creio o quanto tu fostes verdadeiro a todo momento. Estás liberada, testemunha”.