SEM SABER ATÉ QUE HORAS OS RELÓGIOS FUNCIONARÃO
Eu me sentia indiferente
E diferente me portava
Acreditando em decisões minhas
E me gabando de autossuficiência
Mas surpresa, fui descobrindo
Que os deuses que habitavam o Olimpo
Ainda brincam com nossas vidas
Se chamando agora, destino
E acontece que ainda que fincasse meus pés
E insistisse em ser eu – do jeito que eu quisesse
Ocorreu que vazou a represa
Transbordou o bom senso
Inundou a paciência
Fez-se o que foi possível
Exercitou-se a linha tênue
E esticou-se até o ponto do arrebento
Tudo foi refletido
Pesado, averiguado
Arquivado em subpastas no cérebro
Mas eis que elas se abriram ao mesmo tempo
E fez-se o estrago já profetizado
Não foi escolha minha, saiba
E indiferente já não me sinto
Queria segurar minhas rédeas
Mas há quem mais as segure
E o som do freio que ensurdece
Também providencia um tal sabor ruim
Que antes fosse amargo, assim o explicaria
Mas eis que não o conheço
É a tal da névoa, de novo
Quem diria, você riria
E viria de novo, me oferecer a encosta, na pedra
Justo a pedra que me levaria de novo
Ao início da indiferença
E, de novo, àqueles tais do Olimpo.