O INVISÍVEL MOVE O VISÍVEL
"O espírito precede a matéria"
Mokiti Okada
A atitude científica nasce com os primeiros filósofos gregos, chamados de cósmologos, porque estes, começando por Tales, formularam o axioma "Tudo é Um".
Assim, aquilo que é aparentemente diverso, plural, fragmentado, complexo, não é a realidade última, mas um mundo sensível determinado por causas únicas e simples, ainda que ocultas.
Tais causas não são, todavia, sobrenaturais. Nossa concepção de natureza é que é limitada. Os cosmólogos concebiam a Physis como a natureza em sua emergência, isto é, O Ser em seu vir-a-ser.
Heráclito, em seu fragmento 54 nos diz:
"A harmonia invisível é mais forte do que a visível".
É da harmonia invisível, no nível da causa, que provém a ordem e a unidade da natureza no nível dos eventos sensíveis, os fenômenos.
Anaximandro talvez tenha dado o maior passo rumo a abstração ao dizer que a causa de todas as coisas da natureza é o Apeíron, que em nada se assemelha ao que é material, sendo algo "indefinido" ou "infinito". Mas também Pitágoras realizou este movimento ao declarar que tudo é feito de números. Ora, o número não é a forma gráfica que o representa, nem o som que o anuncia, mas uma ideia, um ente ideal. Poderíamos dizer que o número é uma realidade espíritual! A atitude científica nasce quando, pelas vias do raciocínio, da reflexão, da análise meticulosa, da observação cuidadosa, os gregos antigos pensaram que o invísivel, que é ordenado e simples - move o visível, que nos parece desordenado e complexo.