Promotores da Paz e do Bem.

Formação Fraternal

NOSSO JEITO DE SER FRANCISCANOS.

Promotores da Paz e do Bem.

(Teto Machado, OFS).

Ser seguidor do "Caminho" de Jesus, não é e nunca foi fácil. Desde os tempos do Império Romano, quando percorriam as estradas do Oriente ou do Ocidente, os cristãos chamaram a atenção pela postura de coragem e paciência, diante da violência e perseguição oficial. Recusavam responder às provocações no mesmo tom de seus opositores, submetendo-se, resignados, aos maus tratos, prisões, trabalhos forçados, torturas e os mais variados suplícios.

O seguimento do Mestre e de seus ensinamentos, implica em sua imitação até as ultimas consequências, inclusive a morte.

Na Idade Média, encontramos uma Europa marcada pela cultura do ódio, da guerra, da violência. Todos caiam na cantilena das batalhas, dos heróis guerreiros, da cavalaria valente, dos mitos arturianos e sua Tavola Redonda. Os conflitos de famílias, as conquistas territoriais e a herança de belicosidade romana e germânica, seduziam os jovens para o serviço à Cavalaria e aos nobres.

Nesse ambiente, não demorou para a própria Igreja, desviar-se de suas origens pacíficas e aderir ao discurso do tempo, do século, do mundo. Vieram as Cruzadas contra o Islã, na Península Ibérica e, depois, contra o próprio Oriente. Era um tempo de mortes, de dores, de lágrimas, não tão diferente de hoje.

Aí surge, emerge, desse meio, de uma Cruzada Papal, após um encontro inusitado, na estrada da Apúlia e, em seguida, nas ruínas de São Damião, uma figura humana incomum. Aí aparece Francisco Bernadone, transformando-se no abandono das armas e da glória militar, bem como no abraço do leproso. Para as armas e a guerra, fala de paz e, para o leproso, fala, deseja e faz o bem.

Filhos de Francisco de Assis, seguimos seus passos, ainda que fora dos muros dos conventos. Somos chamados por Deus, nas diversas situações, como ele, a abandonar o discurso das armas, sua sedução, seu sussurro bizarro que conduz ao ódio, ao medo do outro, nosso irmão, atraindo-nos para o abismo demoníaco de nós mesmos. Francisco nos ensina a olhar o Evangelho, na perspectiva dos pobres, dos marginalizados, dos desumanizados pela brutalidade dos poderosos e pelas situações de degradação. Ainda que degradados, corrompidos, violentados e violentos, continuam homens e mulheres, filhos e filhas de Deus, nosso Pai. A paixão por Jesus, nosso Mestre e irmão, que nos chamou de amigos e não mais servos, nos faz irmãos de todas as criaturas, de todos os outros filhos e filhas de nosso Deus. Na partilha do pão e dos bens, na Eucaristia, nos tornamos um só corpo, em Jesus.

Como não desejar a paz aos irmãos? Como não querer o bem para todos?

Quando saudamos o outro, com essa saudação que a tradição franciscana nos legou, estamos nos comprometendo com coisas muito sérias! Paz e Bem!

Jamais, sob pena de sermos cobrados severamente por Deus, sob o risco de sermos traidores de Jesus, como Judas, devemos pronunciar essas palavras e termos em nossos lábios, palavras injuriosas, desejar o mal a outrem, ofender o próximo sob pretexto ideológico, político ou mesmo, religioso.

Falar de Paz e defender que a população se arme, mesmo alegando proteção, não é coisa de cristão, tampouco de franciscano. Falar de Bem e dizer que bandido bom é bandido morto, é contradição frontal ao carisma de nosso Seráfico pai, Francisco de Assis.

Promotores da paz e do bem, eis o que somos chamados a ser, numa atitude fraterna perene, que nos custa a morte do ser humano velho e o nascimento de um novo.

Paz e Bem!

Teto Machado
Enviado por Teto Machado em 25/05/2017
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