O dinheiro e os bens

NOSSO JEITO DE SER FRANCISCANOS

O dinheiro e os bens.

(Teto Machado)

São Francisco referia, se ao dinheiro como "esterco do demonio. Não é difícil compreendermos o sentido da frase, a partir do próprio modo de vida adotado pelo pobrezinho de Assis.

É possível aportar numa interpretação de que houve mais que uma simples renúncia ao uso do dinheiro, por Francisco. Houve uma total rejeição. Mas sua profética atitude evangélica não se constituía uma novidade na relação do homem com o meio de troca, pois o próprio Jesus já o havia colocado no seu devido lugar: "Não podeis servir a dois senhores..." Amar um, implica em odiar o outro e, quando se ama o dinheiro como senhor, o grande Outro, nosso Deus, é relativizado, seguido sempre no "outro", nosso próximo. Eis o ciclo ou processo da desumanização, implícito na denúncia e na rejeição do dinheiro, presentes na mensagem cristã e na prática franciscana primitiva.

Durante a Idade Média e na Idade Moderna, os filhos seculares de São Francisco, por sua ação missionária, sua presença constante e marcante em todos os ambientes onde o clero ordenado não ousava estar, buscaram a vivência do Evangelho, a entrega ao serviço onde mais se necessitava, principalmente entre os mais pobres. Deram testemunho de abnegação, renúncia ao apego dos bens terrenos e da prática de qualquer tipo de violência, obtendo licenças pontifícias para não portar armas, nem participar de milícias locais defensivas ou ostensivas.

Os terceiros franciscanos ou irmãos seculares franciscanos, tinham assimilado às lições do seu pai espiritual e fundador, que em seus ensinamentos, registrados por biógrafos, incluindo seus primeiros companheiros, orientava sobre o risco que a posse e a riqueza traziam ao atrair o orgulho, a excessiva preocupação com sua preservação, até com o uso de guardas e violência. O apego ao dinheiro afasta o amor.

Os franciscanos seculares de hoje, são chamados para ajustar suas vidas a um jeito simples de ser, relativizando o uso dos bens materiais e renunciando o excessivo apego à busca e posse do dinheiro, conforme orienta sua Regra. Fugir de toda ostentação de luxo e riqueza que afronta a miséria de muitos irmãos e ofende à Deus.

Na luta solidária pela justiça no mundo, devem os filhos e filhas de São Francisco de Assis, vivendo no estágio secular, como leigos consagrados, darem testemunho de generosidade, espirito de partilha e colaboração, ajudando os mais necessitados, de variadas formas, desde o auxílio material imediato, na medida de suas forças e condições, seja em seus processos específicos de libertação.

A nossa relação primeira é e deve ser sempre com o irmão, sendo o dinheiro e suas possibilidades de posse, apenas questões secundárias, postas na intermediação humana.

Nosso desapego deve refletir nossa ascese espiritual, que busca dar eco, reverberar a voz de Francisco que dizia: "Nu, segui o nu", a saber, Jesus de Nazaré, que morreu crucificado e despido, totalmente.

Paz e Bem!

Teto Machado
Enviado por Teto Machado em 25/05/2017
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