Cinco décadas
Sempre repensando os valores, a qualidade de vida, vou adentrando meu meio século nela.
Como ser pensante - a psicanálise, a Gestalt, Freud, Yung e todas as terapias comportamentais ou de ajuda psíquica que me perdoem - tenho como terapia minha mente e meu olhar ao próprio umbigo.
Mente aberta a aprender, trabalho os problemas mesmo antes de a tempestade começar.
É isso talvez que impulsiona a vida e o entendimento de que somos perecíveis e faça a efemeridade ser cativante. Tudo é passageiro e muito, muito rápido.
Cinéfila, leitora assídua, quase visionária, descabelo-me diante da violência gratuita, da bestialidade diante de toda espécie viva.
Meio trágico-comica, penso que a vida imita a arte.
Alguém imagina que Spierberg teve a genialidade por ser intelectual quando desenhou o personagem ET ou Alien, ou os dinossauros de Jurassic Park? Não. Ele tem algo de genial que o faz único. Algo que, aliado à oportunidade intelectual e financeira o fez captar a vida, a magia ficcional, os sonhos de criança, enfim, transpôe tudo em enredo de sonho e magia e assim se faz a película e o sucesso.
Felline, Franco Zeffirelli, Hitchcock ou Trufaud com certeza viram a vida, os amores e as tragédias com lente de aumento. Focaram e interpretaram o amor, a vida e a morte.
Mestres da palavra como Drummond, Pessoa, Jobim, ou Chico, Coralina, Clarice e Spanca, todos, devem ser de outra galáxia, de outro mundo que não este.
Ser anônimo não é para poucos. É maioria. Difícil é deixar em legado, uma página de vida marcada em maior número. Esses sim são únicos. Incomparáveis.
Em minha humilde vida, o que deixarei? Talvez minha família se lembre de mim, como a mãe, a filha, a guerreira que sempre fui.
Enquanto não me vou, vivo. Intensamente e com vivacidade e alegria. Entrego-me ao que acredito. Acredito e me decepciono e logo volto a acreditar. Apaixono-me, doo-me, entrego-me e leio a vida e as pessoas.
Assisto, sou diretora, personagem, mocinha e bandida.
Em capítulos especiais, aplaudo a mim mesma. Protagonista e crítica. Estapeio-me quando erro. Apago velinhas. Parei de por em números, mas somei em experiência. E ainda haverá outro ato, e outro, e outro.