Labirinto Matrix IV - Cristianismo
"Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro." Apocalipse 22:13
Minha família, apesar de não ter por tradição uma prática religiosa, como muitas também sempre buscou cumprir alguns sacramentos católicos como o batismo, crisma e matrimônio. Assim, na infância fui batizada e crismada na Igreja Católica.
Lembro-me de quando eu era criança, meu avô materno tinha uma velha Bíblia, mas costumávamos vê-lo lendo apenas o Novo Testamento num livro à parte, quase que sorrateiramente. Não se falava de religião, portanto, se ele adquiriu algum conhecimento, fé, ou se tinha alguma dúvida acerca dos Evangelhos, levou consigo ao deixar esta vida.
Quando eu estava com oito anos de idade mudamo-nos para perto dos parentes de meu pai e nossa nova casa ficava bem em frente à pracinha da única Igreja Católica da pequenina cidade.
Minha tia, irmã caçula de meu pai, por quem eu tinha grande admiração dada a sua beleza exótica e sempre elegante, certa vez me arrumou pessoalmente para me levar à missa, mas meu pai chegou bem na hora e e simplesmente proibiu minha ida. Ele discutiu alto com ela, mas eu não consegui entender a conversa, pois era muito criança ainda.
Fiquei com a sensação de que "igreja" talvez não fosse algo bom, afinal.
Como fui uma criança muito curiosa e o assunto, aliás a falta dele em casa sobre religião era constante, certa vez me inscrevi às escondidas, num curso de teologia por correspondência. Eu achava que receberia noções básicas de Cristianismo, mas qual não foi o meu susto quando recebi a carta de um padre diretor do curso querendo entrar em contato com meus pais para tratar da minha "vocação" religiosa! Fiquei apavorada com a possibilidade de ser enviada para algum convento e desisti imediatamente. Sobrou-me a impressão de que "cristianismo" era de fato um monopólio católico.
"Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim." João 14:6
Somente muito tempo depois, aos quarenta anos, fui novamente em busca do Cristianismo. Nessa altura, estudando a Bíblia, já havia me convertido porém, a minha fé, assim como certa reserva em relação ao catolicismo, me direcionou para uma igreja evangélica, na época, Igreja do Evangelho Quadrangular. Logo passei pelo Batismo e entrei para o grupo de louvor. Também recebia alguns membros da congregação em minha casa para as reuniões de estudos bíblicos.
Depois, numa outra denominação pentecostal fui membro fixo do grupo de oração. Sempre tive muita fé no poder que a oração tem de ser atendida por Deus, e eu sentia que podia ajudar a igreja (os membros) em suas necessidades, através delas.
Foi um período de muito trabalho na igreja e de muito estudo individual, tanto da Bíblia quanto de diversos autores cristãos-protestantes.
Não sei quanto aos demais, porém eu busquei a Igreja como forma de exercer a minha fé e não para ser doutrinada, porque segundo pude perceber, fazer parte do Corpo de Cristo (igreja) é uma orientação subjacente nos Evangelhos.
"Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!" 1 Coríntios 10:12
Houvesse divergência apenas entre o Catolicismo e o Protestantismo, tudo seria bem mais simples... Mesmo relevando os primórdios belicosos da Igreja de Roma, ou a tendência anti-semítica de Martinho Lutero...
A desunião entre as denominações evangélicas é um problema grave para o qual não há solução, uma vez que não existe uma liderança central evitando o antagonismo que acaba, por incrível que pareça por criar inimigos declarados!
Muitos cristãos esperam no protestantismo, praticar uma religião simples, sem luxos e com total embasamento bíblico. Mas atualmente muitas práticas estranhas foram instalando um certo misticismo entre os membros, a ponto de não conseguirmos mais separar o que é necessário e correto do que é prejudicial à pureza do Cristianismo.
"Se, com tua boca, confessares que Jesus é Senhor, e creres em teu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo!" Romanos 10:9
Na época me converti ao Cristianismo ávida pelas promessas de perdão, transformação e salvação. E não duvido de que grande parte dos cristãos-evangélicos o tenha feito pelos mesmos motivos. Ou seja, impulsionados pela dor e buscando o alívio do Bálsamo de Gileade, que espiritualmente, apenas Jesus Cristo pode proporcionar.
Porém, de humilhados e alquebrados muito rapidamente é possível passar a orgulhosos e superiores em relação aos demais, muitas vezes, em relação ao próprio irmão em Cristo.
Se por um lado tem-se a impressão de que numa igreja católica a Salvação é "dificultada", dado aos dogmas, intermediários e purgatório, por outro, numa igreja evangélica independente das obras o neófito é prontamente "salvo". E isso, apesar de banalizar algo de extrema importância ao cristão, o coloca numa posição equivocadamente privilegiada pois, ainda que ocorrendo a Salvação, privilégio concedido por Graça de Deus, o cristão sabe que; a quem muito foi dado, muito será pedido!
Eu sinceramente, apesar de não compreender os dogmas católicos e achar que as canonizações desviam a atenção dos fiéis do Senhor, não nego de forma absoluta o Dogma da Imaculada Conceição. Também não consigo julgar, duvidando da veracidade de qualquer que se diz "cristão", como é comum no meio evangélico. Tenho sim, aversão a qualquer ritual ou ensino sem embasamento bíblico dentro da Igreja, a menos que, inadvertidamente eu não o consiga detectar.
A religião, que deveria principalmente nos religar a Deus, muitas vezes acaba por afastar o homem de Deus, uma vez que o leva à desilusão de tal modo que o mesmo não entenda que o erro foi do ser humano e não da Palavra. A falta de estudos e a confiança nas promessas vãs levam à desilusão.
Eu creio que pela Graça de Deus, por meio de nossa Fé somos salvos, mas a Fé sem obras é morta, conforme já aprendemos...
"E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." Lucas 23:42,43
Enquanto a igreja discute a gramática correta do versículo acima, eu aceito pela fé o poder do Cristo de estar na terra e no Céu ao mesmo tempo.
Por mais que se estude, sempre dependeremos, nós os leigos, da interpretação dos estudiosos da língua usada na compilação das Escrituras.
Mas àqueles que aceitam a Trindade, o principal é ouvir a doce voz do Espírito, pois como o apóstolo Paulo ensina; ninguém declara que "Jesus é Senhor", a não ser pelo Espírito Santo!
Por isso, não tenho dúvidas diante da exultação do meu coração perante a Palavra:
"para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos.
E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor." Filipenses 2:10,11
Sim! JESUS CRISTO É SENHOR!