A lei de Deus e a lei dos homens.
“É impressionante como ambas as leis buscam o bem-estar do homem, mas de uma maneira totalmente diferente, para não dizer avessa.
A lei de Deus é perfeita, e se baseia no amor, simplesmente. Basta traduzi-lo para compreender a sua essência. Já a lei dos homens é baseada na recompensa, na obrigação, no pacto, no contrato em todo tempo. Até busca trazer um sentido de justiça, mas a partir da retribuição de cada um, de acordo com a obrigação realizada.
Neste sentido esta última seria um “nada” diante da primeira, pois, enquanto o amor supere tudo e seja a razão de tudo, na primeira; nesta última, o amor só existiria através de um pacto. Caso contrário, ou na situação de descumprimento deste pacto, cada um receberia a sua justa retribuição, sob pena de se cometer injustiças, e este não é o papel da lei humana, nem a sua real finalidade.
Ao revés, numa visão de lei Deus, o amor prevaleceria sempre e abarcaria a própria justiça; já que a justiça divina não seria nada parecida com a justiça terrena. Ela agiria amorosamente, aceitaria perdas em prol de benefícios futuros, acreditaria na regeneração do indivíduo, na ressignificação do sujeito no mundo e, principalmente, com a ajuda do tempo.
A dos homens entenderia tudo isso como perda de uma parte em detrimento da outra, e, buscando a harmonia entre as partes, objetivaria dar a cada um o que é seu sem perdas ou benesses para qualquer das partes em prejuízo da outra. O equilíbrio seria a sua grande busca no caso concreto, visando deixar ambas as partes igualmente satisfeitas. Perdas, portanto, não existiriam, a não ser que fosse na mesma proporção para ambas as partes.
Com isso compreende-se que o homem busca o equilíbrio em ambas as leis (de Deus e dos homens), a ponto de melhorar as suas relações sociais e encontrar a felicidade, a “virtude”, dita pelos filósofos. E, ao mesmo tempo, a lei dos homens bebeu na lei de Deus desde o início, na tentativa de trazer tais benefícios para o homem, ainda que aja de forma, muitas das vezes, aparentemente, contrária a ideia da Lei divina.
Contradições ou más-interpretações à parte, o importante é atentar para ambas as leis e procurar viver harmoniosamente com Deus e com os homens, porquanto a paz interior seja o mais relevante”.