UNIVERSALIZAR A ESPERANÇA

O que fazer com o poema, já que este existe como representação da voz do Mistério? Esta rasteira silhueta autoral sobre o papel que até por vezes se esconde dentro deste mesmo Mistério para não falar a linguagem utilitária, corriqueira, de ordens executivas, derramadas? Não há nada mais inútil, sem nenhuma aplicação utilitária do que a Poesia. No entanto, esta é absolutamente necessária ao espiritual de todos os humanos, especialmente aqueles que pretendem um vir a ser fraterno, ético, solidário, através de visionários favoráveis a mudanças sociais e materiais em favor do Bem Comum. Vivemos num mundo de corrupção, injustiças sociais, depauperamento do Belo, desvirtuamento de valores no qual o dinheiro é a “mola do mundo”, acrescido da alegada falta de tempo para cuidar do psiquismo interior e da filosofia, que nos poderiam confortar no presente e futuro. O que poderemos fazer para universalizar a esperança e sabermos diferençar o Bem do Mal? Talvez a Poesia ainda possa salvar alguns desses manos big brothers, sem torná-los alienígenas ao Primeiro Mundo: aqueles bilhões que há muito se acostumaram a chorar sem alardear a causa...

– Do livro OFICINA DO VERSO, vol. 02; 2015/17.

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