CIÊNCIA E FÉ
Quando se fala em Criador, Ser Supremo, Deus, tem-se a ideia e imagem de um velho com um cajado em riste, pronto a dar uma porretada no primeiro que pisar fora da linha. O homem concebeu essa imagem, por não compreender a sua própria origem. Daí, pela antiga crença de que somos Sua imagem e por não conseguir explicar as agruras da vida, cria-se a imagem física de um ser pronto a castigar qualquer infrator. Mas será que essa semelhança é no aspecto físico? Não seria em sua essência? Ou ainda, que sejamos parte dessa essência? E a necessidade de explicar sua origem? Hoje a ciência fala na existência de multiverso, não sendo este, em que vivemos, o único. Não há nenhuma comprovação, e estamos longe dela, mas é um pensamento viável. Seria presunção supor que a explosão que originou nosso universo fosse o único. Enquanto a ciência tenta explicar a origem por demonstrações e estudo, a religião também o tenta fazer através da convicção e herança de conhecimento originado lá atrás, nos primórdios da humanidade. Enfim, tanto uma como a outra, vivem tateando no escuro, tentando identificar qualquer coisa palpável e que possa ser sentida, mesmo que indelevelmente. Se, como no início exposto, o homem sentiu a necessidade de dar um rosto a Deus, tentando defini-lo numa imagem física, a ciência tenta desfigurá-lo, dar-lhe outra consistência, mesmo que inconscientemente, tentando entender-lhe a essência. O que disparou o gatilho originando o Universo, chamado pela ciência de acaso, de fato inexplicável, a religião o chama de Criador; e é nessa essência que devemos nos firmar.
Não sendo de consistência física, e sim uma energia existencial, não é possível afirmar que Deus seja uma entidade única, melhor dizendo, como um ser localizável no espaço e tempo, controlando toda energia que compõe o universo em que vivemos. Se “quem” chamamos Criador originou o universo em que estamos, significa que ele está “além” de qualquer dimensão compondo um todo. Não falo de uma pessoa ou entidade, falo de uma essência criadora e doadora de si, em um plano atemporal e “não-espacial”.
Tudo neste universo é energia. Matéria é energia. Energia gerada pela criação. A disposição dessa energia forma as dimensões.
Neste Universo, vivemos em uma espiral chamada de tempo. Uma das dimensões criadas junto com este universo. Fora dele, na singularidade, essa dimensão não há sentido. O que faz desta dimensão uma prisão atrelada ao espaço. Não é exagero dizer então, que vivemos num único instante. Toda a existência condensada num único momento.*
Ciência é matéria física, palpável, e Fé, está voltada para outra dimensão, na psique humana, a energia além da matéria; dimensões essas criadas junto com o universo, três delas conhecidas desde a Grécia antiga, e o tempo, recentemente reconhecido como dimensão, sem contar outras teorias e suposições sobre outras dimensões e cabíveis em nosso universo. Porém tudo é energia dispersa na singularidade. As duas linhas de pensamento, ciência e fé, seguem paralelamente e não podem ser dissociadas, pois se completam e convergem a um mesmo ponto. Buscam o mesmo mistério no respaldo que o outro se fixa, razão pela qual uma não segue adiante sem a outra. Quando (e se) o homem conseguir fundir os dois fundamentos, ele poderá compreender a formação do universo em que surgiu e a si mesmo como essência.