Pela tarde
Já pela tarde
tomara conta dos espaços da sala;
a cama bagunçada no chão,
e os poemas que lhe escrevi,
jogados por ali.
Agora, a alma vazia,
dentro daquele silêncio maldito;
a música calma, mais violão do que voz,
era o que preenchia
a cor daqueles cômodos,
e dureza dos sonhos,
que em mim faz moradia;
porque mundo ficastes?
e essas palavras?
depois de tanto,
me pego, em seus lugares,
escrevendo paixão.
Seu olhar faltoso,
o cheiro bom de seu perfume,
em minhas tardes vazias;
eu busco sentido,
em meio ao eco e as pausas,
de minha própria voz.
A feição de seu rosto,
me vem,
em forma de ilusão;
vontade de ficar nesta tarde,
repousar em teu colo,
andar pela cidade,
um pouco mais;
de que serve viver,
sem o agraciar se da lembrança?
sonhar é reinventar os silêncios,
ainda que tarde, pela tarde.
(Emiliano Emilio)