Os Relatos dos Viajantes
Os relatos, diários, anotações avulsas e documentos são fontes históricas imprescindíveis para o trabalho dos historiadores. Estes testemunhos fornecem múltiplos olhares e interpretações sobre um determinado período. A região litorânea do Rio Grande do Sul era caracterizada como um território de transição de contingentes humanos e intenso movimento comercial e militar. Há sistemáticos registros desde o século XIX que podem revelar as mudanças e permanências culturais de uma zona de passagem que foi extremamente influenciada pelos processos migratórios coloniais e pré-coloniais. São leituras fascinantes que envolvem pela peculiar linguagem escrita, descrição da fauna e flora, dos acidentes geográficos e dos paradouros, assim como registra edificações e monumentos históricos que desapareceram no tempo, a exemplo dos casarios e sobrados centenários e as fortificações militares. A etno –história carrega em sua narrativa valores subjetivos, tensões sociais e elementos da cultura popular. Em geral, as pessoas vinculadas as áreas das linguagens e das ciências humanas e sociais adoram ganhar livros de presente. O amigo Cristiano Brum (doutorando em História/PUC) foi participar de um congresso e viu um livro que segundo ele, lembrou imediatamente de mim, pelo caráter regionalista das minhas pesquisas historiográficas. Recebi de bom grado o presente que é considerada uma das “pérolas” nos estudos sobre o Litoral Norte. A obra é organizada pelo professor Marcos A. Witt, considerado um dos grandes pesquisadores sobre imigração alemã no RS, e apresenta rico material sobre o registro dos viajantes do século XIX e XX, além de vasta bibliografia sobre a região. Um material indispensável para os interessados no assunto e historiadores que se dedicam a registrar e refletir sobre os processos históricos que se estabeleceram no território costeiro. A publicação “ As Fontes Litorâneas” aborda questões sobre a proto-história, o clássico registro de Auguste Saint – Hilaire, as detalhadas anotações de Carl Seidler, a expedição arqueológica de Edgard Roquette – Pinto e aspectos sobre a colonização germânica no Sul do Brasil. Descrições que nos remete as epopeias do passado e um deleite para as pessoas que gostam e valorizam a História.
Publicado no Jornal A Folha/Torres e Jornal Litoral Norte RS.