PERDI MEU CELULAR.

Eu podia ter perdido a vida, a cabeça, alguém especial... Mas, graças a Deus, perdi meu celular. Embora todos os meus contatos profissionais estivessem nele, os contatos especiais estão guardados dentro de mim... De tempos em tempos perco um celular com agenda, fotos, filmes, projetos, e-mails e, por incrível que pareça, alguns contatos telefônicos... Mas será que eu realmente preciso desse amontoado de coisas? Desse quarto repleto de uma caqueirada de informações? Será que realmente me fazem falta? As perdas nunca são de tudo prejudiciais... Perder é a oportunidade de buscar algo novo... Sem meu celular, volto à "pré-pós-modernidade", antes da fragmentação do ser... antes dessa obrigatoriedade de estar em tanto espaço ao mesmo tempo, seguido e seguindo tanta gente... Sem meu celular, volto a um passado, no tempo dos Beatles, dos Rolling Stones, da Tropicália, da Bossa Nova, dos Festivais Internacionais da Canção, da ida do homem a lua, da inocência e do patriotismo perdidos... do romantismo, de um violão curtido na alma, de uma canção postada no espirito, de uma alegria compartilhada nas artérias de tantos corações. Sem me conectar, representar, agradar, convencer, sigo novamente caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento, num sol de quase Dezembro, Dezembro de um ano dourado... Zombo do fascismo integralista da Web, Trollando a coluna Prestes, gritando "Anauê!!!" Fugindo dos seus soldados.

Maestro Das Ruas Dudu Fagundes.

Dudu Fagundes O Maestro Das Ruas
Enviado por Dudu Fagundes O Maestro Das Ruas em 08/03/2017
Reeditado em 09/03/2017
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