AS CONTRADIÇÕES HUMANAS

O homem aperfeiçoou a tecnologia para facilitar a comunicação (será?), como também para amenizar a distância que separa as pessoas (será?); todavia, nunca houve tanta indiferença, tanta desumanidade e tanta falta de afeição como tem havido nos dias de hoje. A tecnologia (impulsionada pelos inúmeros avanços científicos permeados de ambição desenfreada) criou possibilidades incríveis para o homem viver de forma mais aprazível na sociedade, possibilidades outrora inimagináveis. Porém, não conseguiu e provavelmente nunca conseguirá, seja num futuro próximo, seja num futuro longínquo, criar no coração, no espírito e na consciência dos seres humanos as virtudes primordiais do respeito, da empatia, da amizade, da hospitalidade, do perdão e da afeição para o florescimento das relações humanas mais autênticas e verdadeiras.

De maneira perversa e contraditória, a tecnologia já foi usada pelo homem com intentos beligerantes. Há homens que criaram aviões e bombas atômicas para promover a divisão, a discórdia, a desunião e também mais ódio e violência. Numa era em que a humanidade se desumanizou, eclodiram pelo mundo afora poderosos instrumentos que até hoje são manuseados para bombardear cidades inteiras com a justificativa estúpida de combater um inimigo, seja real ou imaginário; além do mais, a tecnologia também é instrumentalizada para fomentar a escravidão e a dominação das massas. Quantos seres humanos não sofrem com abusos, explorações e ameaças articulados por empresas chefiadas por pessoas poderosas e detentoras de ampla tecnologia/capital?

Apesar de ter desenvolvido inúmeros engenhos para facilitar a comodidade e a praticidade; apesar de ter criado remédios eficazes para combater doenças e para minimizar males; e, também, apesar de entender o funcionamento cerebral de sua e de outras espécies, o homem não foi capaz de desenvolver com suas descobertas científicas e com seus engenhos, uma técnica que pudesse aniquilar do coração dos homens a sua propensão ao pecado e à iniquidade.

Para ser franco, a maior parte dos homens manifestam pouco interesse no seu enriquecimento espiritual e no seu aperfeiçoamento moral; preferem, em vez daquelas riquezas que não se compram no mundo; em vez daquelas riquezas que adornam a alma e o espírito do ser humano, uma riqueza sujeita às ações do tempo, uma riqueza que impulsiona os seres humanos às ambições mais doentias.

Houve homens que conquistaram continentes e dominaram povos com seu julgo pesado; houve homens que foram valentes, de modo que chegaram ao ápice de suas carreiras com fama e glória; houve homens que foram bons estrategistas e, desde então, fizeram fortuna e foram admirados por nações e povos inteiros; e há homens que sonham em ser famosos, bem-sucedidos e cheios de dinheiro para comprar e vender tudo o que sempre almejaram. Mas quantos são capazes de fazer renuncias, especialmente das suas ambições e dos seus desejos insensatos, a fim de viverem de amor, fé, caridade, perdão e também da necessidade de servirem a Deus do mais profundo do seu ser?

Enquanto os poderosos da terra ostentam com arrogância os seus luxos (garantindo os seus prazeres e uma abundância de recursos), os pobres de todas as nações adormecem na miséria e na falta de perspectiva; enquanto os políticos sem escrúpulos roubam sem qualquer consideração pela dignidade humana, o povo sofre com a falta de emprego e com a ausência de melhores condições de vida; enquanto os falsos sacerdotes, os falsos mestres e os falsos profetas ensinam falsas doutrinas alicerçadas pela cobiça e pela depravação, multidões de pessoas são ludibriadas, iludidas e prejudicadas pela falta de conhecimento e fé. De fato, entre os homens não há qualquer resquício de justiça e de verdade que possa salvar as pessoas da ignorância, pois a virtude da caridade não promana deles. Todavia, quem busca conhecer com profundidade os mistérios de Deus e quem busca viver de amor (ainda que digam que não é conveniente amar como Jesus nos amou), será saciado pela luz da eternidade em seu ser; e, então, viverá na certeza íntima de que a justiça divinal um dia resplandecerá a sua luz inexaurível do trono santo de Cristo Jesus.

Fico perplexo de saber o quanto de conhecimento o homem produziu desde o início da era moderna, criando ramificações e mais ramificações nas mais diversas ciências! E também fico perplexo de pensar quão grande tem sido o seu controle sobre a natureza e sobre vida para a obtenção de bens materiais e de alimentos! Mas ao mesmo tempo, fico inconformado de saber o quão pouco o homem fez para reduzir a pobreza e a miséria do mundo! O progresso da ciência evolui continuamente; mas é tão insensato o que o que os homens fazem com o planeta, ora destruindo os ecossistemas, ora extinguindo espécies de seres vivos cheios de exuberância, ora maltratando os seus semelhantes (os menos favorecidos) com prepotência, orgulho e presunção. A ganância que move o progresso econômico das civilizações cresce a todo o vapor; e ao lado de tamanha insensatez, surgem maneiras cada vez mais sutis de alienar e escravizar os povos.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 08/03/2017
Reeditado em 09/10/2017
Código do texto: T5934645
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