A SUSPENSÃO DO RISO – REFLEXÕES SOBRE O PAN
O PAN foi uma ilha de fantasia em meio a uma realidade cruel. Enquanto o mar das incertezas e das inseguranças se volvia na tormenta, a forjada felicidade do Rio 2007 tentava se espraiar por todo o país através da força midiática do quarto poder. Mas, nem tudo foi farsa ou decepção. Tentemos analisar os fatos para compreendê-los.
Vendido ao público e ao governo como uma excelente estratégia de divulgação do país e catalisação de forças para um ideal comum, os 15º Jogos Pan-Americanos tiveram na pessoa do Presidente de seu Comitê Organizador, Carlos Artur Nuzman, um forte promotor e fiel defensor que tornou realidade o que antes parecia ser pouco provável: O Brasil entrou no cenário mundial como país capaz de sediar grandes eventos. A realização da ECO-92 já havia sinalizado isso, mas, agora, com o PAN, o país se habilita a sediar a Copa de 2014. A Carta de Intenções apresentada à FIFA neste 31 de Julho de 2007 é a prova cabal disto.
Mas, que acontecimentos foram geradores dessa “ilha de fantasia?” Num país movido a futebol e carnaval (o “pão e o circo” pós-modernos – analise a quantidade de gente que tem o seu “ganha-pão” nestes empreendimentos e os que se divertem às suas custas), as festividades corolárias do PAN assentavam-se como uma luva para os aproveitadores de plantão. E a “Vênus platinada”, a toda poderosa Rede Globo de Televisão, por meio de seu locutor-mor, Galvão Bueno, não perdeu a oportunidade. Era preciso fazer a nação entrar no clima. O espetáculo estava por acontecer e o espírito patriótico precisava ser ressuscitado, mesmo que estivesse “mortinho da silva” (sem trocadilhos) junto com as vítimas do malsinado vôo da TAM. Afinal de contas, não é sempre que se tem um álibi tão poderoso para faturar uns trocados a mais. E, além da Globo, a Bandeirantes, a Record, para só ficar nas emissoras de televisão, não se fizeram de rogadas.
O riso, a alegria e os festejos, porém, ficaram suspensos, com o desastre aéreo adredemente anunciado. O caos aéreo no Brasil já prenunciava que algo de mais grave estava na iminência de acontecer. E como, só depois da fazenda assaltada é que se tranca a porteira... Como celebrar (?), como festejar (?), se a morte ronda os brasileiros? O dia que começou com a alegria dos “ouros” conquistados, terminou com a tragédia do desastre acontecido.
Mas, o riso não ficou suspenso somente pelo desastre. O riso era suspenso a cada momento em que havia um brasileiro buscando uma classificação para a final ou lutando por uma medalha. E a cada contração do rosto angustiado, na expectativa febril do êxito do atleta em trabalho de parto para fazer nascer sua tão sonhada medalha, as faces poderiam ser transmudadas numa explosão coletiva da celebração da vitória (da conquista do grande feito que eternizasse o atleta no panteon dos vencedores olímpicos e os brasileiros na contemporaneidade do grande feito) ou no retorno à cara fechada, amarrada, da decepção pelo êxito escapado como água entre dedos.
O encerramento dos 15º Jogos Pan-americanos no Brasil é propício para profundas reflexões. Atletas, governos, torcidas, voluntários, mídia, turismo, orçamento, civilidade, organização, são alguns dos componentes que merecem umas considerações para o entendimento do esporte como catarse coletiva nacional e a situação sócio-econômica do país como grande bandeira a ser desfraldada por quem ainda possui coragem e força suficientes para contribuir positivamente para o bem deste tão sofrido povo.
Destaco, em primeiro lugar, o ineditismo do abafamento do pronunciamento do presidente Lula na abertura dos Jogos. Tal fato nunca ocorrera antes e ainda se constituiu um mistério saber se foi um pedido do próprio presidente ou uma intervenção conciliadora do presidente da ODEPA (Organização Desportiva Pan-Americana), Mario Vasquez Raña, conferindo ao presidente do COB, Carlos Artur Nuzman, a honra de declarar abertos os 15º Jogos Pan-Americanos. O fato é que a televisão mostrou um presidente Lula perfilado para cumprir o cerimonial, estava com o script em mãos, sem que pudesse fazê-lo. As vaias tonitruantes que antecederam este acontecimento, quando dos agradecimentos de praxe feitos pelo mexicano, foram emblemáticas e determinantes para a perda da honraria. Era como se a grande massa quisesse dar o recado: “Vai cuidar das ratazanas que assombram os porões do poder, Srº Presidente, e deixe a gente se divertir! Não precisamos de sua presença ou de sua autorização para fazer a nossa festa!”
Podemos avaliar que a turba fora injusta com o presidente, pois, afinal de contas, o grosso da receita que viabilizou os cenários e instalações do PAN veio dos cofres federais. Mas, não veio do bolso do Presidente! Fez apenas o que era de se esperar do ocupante do cargo. Não há honras (pelo menos não deveria haver) em se cumprir obrigações. Mas, infelizmente, no país, cumprir o dever virou sinônimo de raridade. A corrupção grassa solta e o populacho se espirra como pode para tentar fugir dos tentáculos do monstro acachapante da imoralidade política reinante.
As vaias foram emblemáticas porque sinalizadoras do descontentamento da população com relação aos descaminhos da política nacional. Como nunca, estes governos petistas têm trazido à tona o lixo, a escória, o submundo da administração pública brasileira. Por muito menos já se escorraçou um presidente de Brasília e se adicionou a palavra impeachment ao vocabulário do cotidiano. Mas, o presidente não tem olhos, nem ouvidos e nem boca. Não sabe! Tais desmandos têm ocorrido ao arrepio da lei e, literalmente, debaixo das barbas do Presidente, que diz a tudo desconhecer. Como disse o filósofo alemão, Peter Sloterdijk, analisando a paráfrase de Marx do que Jesus dissera em sua célebre frase: “Sie wissen das nicht, aber sie tun es” (disso eles não sabem, mas o fazem). Se não sabem, por que fazem? E, se sabem, por que continuam fazendo? Jesus pedia o perdão para seus malfeitores (“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!). E nós? Vamos perdoar a quem tanto mal tem feito para a nação? Podemos até fazê-lo (e creio que é cristão se houver arrependimento), mas não nos parece ser o caso. Não há ingenuidade na política. Há apenas aqueles que se deixaram pegar. Os mais expertos sobrevivem aos ataques, mas o chão continua lamacento...
Outra consideração, diz respeito aos atletas brasileiros. Foram 659 atletas, a maior delegação do Brasil em Jogos Pan-Americanos, competindo e ganhando medalhas em 37 esportes e suas categorias, a representar o país. O Brasil se preparou convenientemente neste quesito, aproveitando as facilidades de um PAN local para inscrever o máximo possível de atletas e aumentar as chances de medalhas. E nossos atletas corresponderam! Foi bonito ver o desempenho do maratonista Franck Caldeira, fechando com chave de ouro o PAN do Rio e do Brasil, antecedido pelos não menos brilhantes: Jadel Gregório (salto triplo); Fabiana Murer (salto com vara); Sebástian Cuattrin (canoagem); Thiago Pereira (natação); Hugo Hoyama (tênis de mesa); Digo Silva (taeekwondo); Hudson de Souza (1.500m atletismo); Yane Marques (pentatlo moderno); Maurrem Maggi (salto em distância); dentre outros, para não aumentar muito estas reflexões que já se estendem além da conta. E que dizer das meninas e meninos do handebol, do basquete e do vôlei? E da equipe de Ginástica Artística? E as meninas da Ginástica Rítmica? E as mulheres do futebol? E os rapazes do futsal? Foram 54 medalhas de ouro num total de 161 conquistadas neste PAN (40 de prata e 67 de bronze). Recorde absoluto, batendo o anterior, de Santo Domingo que apresentou 29 ouros e 123 no total.
Em terceiro lugar, vale a pena refletir sobre o trabalho conjunto dos governos em prol do PAN 2007. As esferas municipal (César Maia), estadual (Rosinha/Sérgio Cabral) e federal (Lula da Silva) deixaram de lado as divergências político-ideológicas, e envidaram esforços concentrados para o país não fazer feio no PAN. Isto prova, mais uma vez, que quando se tem um ideal comum, quando se consegue enxergar mais do que o próprio nariz, é possível realizar algo em benefício de todos.
Como decorrência destes investimentos, que tiveram também a participação da iniciativa privada, o Rio 2007 não só deixará como heranças para a cidade do Rio de Janeiro modernas instalações desportivas, como ofereceu aos atletas, um conjunto de arenas, ginásios, parque aquáticos e estádios de qualidade para a prática do desporto. A nota destoante ficou por conta da antiga cidade do rock (sede do softbal) que foi aquém do esperado desprestigiando os atletas das modalidades ali disputadas. As intensas chuvas e a falta de planejamento estratégico contribuíram para isso.
Como quinto ponto para reflexão, quero falar da participação da torcida. Foram raros os jogos e disputas que não contaram com a presença maciça dos torcedores brasileiros. E nunca, os que o país estava competindo. A torcida foi um show à parte. Não foi neutra. Ao contrário, foi passional ao extremo. Diferentemente dos assépticos torcedores europeus, os brasileiros se envolveram de corpo e alma nas competições, extravasando sua latinidade. As vaias destinadas às equipes e atletas americanos e aos de Cuba após a lamentável falta de ética esportiva de suas jogadoras de vôlei no jogo final contra o Brasil, tiveram lá suas motivações políticas e emocionais. Prós e contras neste quesito, o torcedor brasileiro fez de tudo para desconcentrar os adversários dos brasileiros, mas precisa ainda aprender as regras de alguns esportes.
Outro fato digno de consideração foi a participação fundamental dos voluntários para a boa consecução dos jogos. Cerca de vinte mil voluntários atuaram desde a cerimônia de abertura até o encerramento dos jogos, emprestando seu tempo, energia, talento e brilhantismo para que tudo funcionasse a contento. Novamente em destaque o que a Sociologia já salientou sobre a “cordialidade do brasileiro”. O brasileiro cordial não é só o que serve de massa de manobra para os políticos inescrupulosos. É também o que sabe se ajuntar e se mobilizar para prestar um serviço solidário à nação em casos de necessidade.
Como a festa de encerramento é sempre menos concorrida que a de abertura, os voluntários que ganharam gratuidade para assisti-la contribuíram até mesmo para abafar as vaias contra Lula e Cabral que novamente ecoaram no Maracanã. Os voluntários indicaram que o Brasil pode fazer festa que eles estão dispostos a cooperar.
O sétimo ponto sobre o qual quero refletir é a cobertura especial da mídia. Com todo o aparato tecnológico moderno é mais confortável acompanhar práticas esportivas de sua própria casa. Evita-se o trânsito, o desconforto, o frio ou calor, e, também, a violência. A televisão e o rádio trazem o atleta para dentro da sua casa ou onde quer que você esteja. A Internet é um caso à parte. Com tabelas, grades de jogos, quadro de medalhas, históricos, fotos e comentários on-line, ela propicia ao amante do esporte, uma cobertura completa dos jogos. A mídia brasileira correspondeu bem às expectativas, exceto pelas falhas técnicas de algumas emissoras menos preparadas e pelo pouco caso da todo-poderosa Globo que só mostrava ao vivo as chegadas ou encerramentos de algumas competições e os pódios.
Também quero considerar a questão do turismo. Eventos deste porte constituem-se em excelente oportunidade para alavancar o setor. Com a rede hoteleira completamente lotada, os atletas cubanos puxando a fila dos sacoleiros de plantão para comprar suas bugigangas e o Cristo Redentor (recém-eleito uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno) sendo visitado por todos que queriam registrar uma foto deste cartão-postal, o setor não tem do que reclamar. Pelo menos no município do Rio de Janeiro, cujo crescimento da arrecadação está previsto em 270 milhões de reais, porque no restante do país, com a crise aérea, as viagens estão sendo evitadas e o turismo interno sofre uma desaceleração, com queda em torno de 40% no volume de ocupação dos hotéis.
O nono destaque fica por conta da famigerada questão do orçamento. Não poderia faltar esta nota destoante, típica realidade brasileira. Como sempre ocorre no país, o orçamento estourou. Até aí, tudo bem: estamos acostumados! (Não era para ser assim...) Mas, a discrepância entre o orçado e o realizado é digna de uma CPI. Os gastos com a preparação do PAN, as construções e preparo das instalações, modernização de estádios, cerimônias, dentre outros quesitos, excederam em mais de sete vezes o valor inicial previsto. Mesmo com os investimentos dos vários setores governamentais e os recursos advindos da iniciativa privada, o PAN perdeu o controle dos gastos. O governo federal pagou a conta. Não era de bom tom “queimar o filme” do país que ainda sonha com a realização de outra Copa do Mundo e de suas primeiras Olimpíadas globais.
Como décimo aspecto a ser comentado, quero falar de emoção. Os 15º Jogos Pan-americanos trouxeram emoção para o brasileiro. O brasileiro é assim: vibra com seus compatriotas, torce pelo seu país, acreditando que o Brasil é “país do futuro”, mas também do presente. A torcida deu um show de patriotismo. Depois de muitos anos o Maracanã voltou a ter seus momentos de glória, com a campanha do futebol feminino que conquistou o ouro de forma invicta, marcando 33 gols em seis jogos, sem levar um sequer. Vai ser difícil algum time superar esta campanha. Toda a emoção imperante nos ginásios e arenas ficará registrada na memória coletiva nacional por muitos anos.
A organização, próximo tema, teve seus pontos altos e seus pontos baixos. Nenhum dirigente ou atleta se perdeu nas ruas do Rio de Janeiro, nem, muito menos, foi parar em algum lugar indesejado ou perigoso. (Exceto os cubanos que resolveram “se perder” para “se achar” posteriormente com a chance de nova vida num exílio auto-imposto). O transporte oficial foi de altíssima qualidade, as instalações da Vila dos Atletas também, o centro de imprensa era moderno e funcional. Tudo isso mostrou que o Brasil tem chances de sediar grandes eventos, embora a crise aérea esteja ameaçando o país de cair de sua sétima posição no ranking dos países que mais sediam eventos.
Algumas questões ainda estão engasgadas. Primeira, a problemática da venda dos ingressos. A venda antecipada pela Internet gerou caos. A duplicidade de bilhetes e o despreparo para os “bilhetes sociais”, que gerou até prisões indevidas, também. Sem falar na troca de horários e programações. A segunda foi o roubo dos uniformes doados aos atletas do Haiti que foram parar numa favela em Costa Barros. Ainda bem que foram recuperados. E, a terceira, a mais grave, talvez, para jogos olímpicos, foi o suposto apagamento da pira por cerca de duas horas. Reza a cartilha das Olimpíadas que a chama olímpica deve permanecer acesa por toda a duração dos Jogos. Mas, segundo depoimentos de funcionários que trabalhavam na limpeza do Maracanã, entre as 10 horas e meio-dia do dia 24 de julho, a pira estava apagada. A desculpa dos organizadores foi que a pira foi reduzida ao seu fogo mínimo para se fazer a manutenção das folhas de aço que a compunham. Mas, tudo indica que a tradição foi quebrada. E se isso for verdade, o Rio 2007 entrará para a história com o recorde de duas tradições desfeitas: a de que os jogos devem ser declarados abertos pelo presidente do país sede e a manutenção da pira acesa por toda a competição.
Como décima segunda, e última, consideração quero falar do clima de paz imperante na cidade durante os jogos. O armistício entre bandidos e cidadãos foi algo digno de nota. Todos os indicadores revelam uma queda acentuada em várias modalidades de crime na cidade. Além disso, não se verificou nenhum tipo de bandalha que viesse a por em risco a vida dos atletas e delegações, ou ocasionar prejuízos. Então, conclui-se que o sistema de segurança montado para vigorar durante os Jogos funcionou perfeitamente. Houve contribuição de várias partes do setor público, inclusive de uma recente força nacional que, somando forças com as polícias locais manteve a ordem durante o Pan-americano. Este aspecto, que era o temor de várias delegações (veja o caso da americana que até preparou uma cartilha de orientação para os atletas com vários quesitos, incluindo este), mas, também, dos próprios organizadores. E o país não se comprometeu. Tudo ocorreu às mil maravilhas na Cidade Maravilhosa.
Mas os 15º Jogos Pan-americanos acabaram. E com ele foi-se também a paz. O riso foi suspenso também pela volta da violência na cidade do Rio de Janeiro e pelos combates entre traficantes e policiais nas favelas do município. Por que parou a violência e por que voltou? A resposta mais imediata que pode aparecer é que os policiais estavam ocupados, trabalhando sob ordens expressas de deixar o Rio de Janeiro na mais perfeita paz, que não tiveram tempo de participar de atos ilegais. Quando há atividade para a polícia, ela não tem tempo para o crime. A ociosidade leva ao crime, quando nem tanto, ao desvio.
Bem, esta explicação não é muito atraente para os envolvidos. Até porque, apesar do noticiário constante, não se pode generalizar e não é o que pretendemos. Vamos, então, pensar numa outra hipótese: para cuidar dos americanos, todos, os de norte ao sul; a força policial esqueceu-se da bandidagem, deixou o tráfico ao léu, e com isso não houve confronto. Sem confronto, não há crise. Sem crise, não há solução de problemas. Também esta explicação não é muito favorável ao poder público.
O fato, e não tentemos explicar o inexplicável, é que os confrontos voltaram tão imediatamente após o PAN se encerrou. E as estatísticas dos crimes e atos ilegais voltarão a ser como antes, mesmo que o PAN deixe de presente para o Rio de Janeiro umas dezenas de viaturas novas e uns tantos quantos soldados da força nacional. É preciso se ter atitude para combater o crime e é o que anda faltando ao governo, que, muitas vezes, faz acordo com bandidos.
Feitas estas considerações, a mais estarrecedora delas, é que o riso está definitivamente suspenso com o encerramento do PAN e suas celebrações, jogos, competições, medalhas, pódios, rivalidades, cores e performances. Não há mais o batuque das arquibancadas, o verde-e-amarelo se recolheu para suas casas, o patriotismo foi embrulhado junto com o mastro da bandeira, o ouro virou pó na realidade cotidiana em que temos que conviver com Renan Calheiros e sua turma. E o país continua sonhando com um Nordeste desenvolvido, um Norte mais dinâmico, um Sudeste menos poluído, um Centro-Oeste mais preservado e um Sul mais integrado. Queremos a alegria de novo nas faces brasileiras, mas não uma alegria artificial: a alegria de perceber que o país e seu povo estão mais justos, igualitários e fraternos.
Tenho dito! Pan, pan, pan, pan!