O QUE OS ÍDOLOS TIRAM DE NÓS!

*Por Antônio F. Bispo

Pensem na seguinte situação e descubram onde estar o erro:

Um trabalhador rural ao final de um dia inteiro de trabalho, cuidando da terra com o intuito de alimentar não apenas a família dele, mas a nossa também estar cansado e exausto pelo labor do dia. O que você faria se ao final desse dia, ele jogasse um lenço, uma camisa suada, ou até mesmo sua roupa intima em sua direção? Certamente as pessoas ficariam irritadas, enojadas, partiriam para a violência física ou verbal, ou quem sabe iriam processar esse indivíduo por tamanho insulto.

Agora, uma “celebridade” dos esportes ou da música, depois de apenas 40 minutos de show, ou 90 minutos de jogo, lança na direção do público, seu lenço, camisa suada, ou sua roupa íntima. O que as pessoas fazem? Caem se matando, para possuir aquele objeto “sagrado”, esfregar no próprio corpo, guardar por todas as gerações entre filhos, netos e tataranetos ou vender por preços absurdos em leiloes para pessoas do mesmo gosto.

O que faz a roupa suada do trabalhador rural ser nojenta e fétida enquanto a roupa suada de uma pessoa famosa ser cheirosa, gostosa e objeto de culto?

O que faz a toalhinha suada de um médico depois de um dia de expediente salvando vidas ser imunda, enquanto a toalhinha suada de Valdomiro Santiago depois de arrancar rios de dinheiro do povo enquanto expõe suas lastimas se tornar ungida, abençoada, objeto de disputa, inclusive objeto de cura, curando até mais que o próprio médico (será)?

Vejam que em todos os casos, eu citei objetos de uso comum a todos no dia a dia. Não citei nada do mundo metafísico. Então, o que faz com que um objeto tenha tanto valor e outro não tenha valor algum, que seja desvalorizado ou se torne objeto de repulsa? Resposta: nossa falta de sanidade e capacidade de raciocínio lógico, nosso impulso religioso embutido em nossa sociedade que vem há milênios, tornando alguns objetos sacros e outros profanos de acordo com a propaganda feita sobre tal coisa. As coisas só tem o valor que damos a ela. Qualquer coisa do mundo físico ou imaginário pode se tornar sacro, basta um dizer que é, e o outros concordarem que sim. O objeto continua sendo o mesmo, mas a construção mental que se faz ao seu respeito do objeto é que muda tudo.

Todo objeto de culto nasce de uma proclamação feita por alguém, e a recepção dessa sacralização por outras pessoas. Um gera o ídolo em seu ventre e outros amamentam, criam e o deixa forte. Qualquer objeto ou pessoa depois de ser proclamado sacro, cria na mente daquele que acredita um poder especial, capaz de afetar todo metabolismo, causar infartos, ter surtos sexuais instantâneos, criar ciúmes doentios ou o sonho impossível de possuir aquele ídolo como sendo seu objeto particular. Prestem atenção a reação que muitas pessoas tem cada vez que uma celebridade se apresenta a determinado públicos e me digam se não é assim, se as pessoas daquele grupo não tem um surto de histeria coletiva na presença do astro.

Temos que aprender, que as coisas deveriam ter valor pela sua utilidade, e não pela propaganda que foi feita a respeito desse objeto ou pessoa. Além disso, temo de observar que algumas coisas tem utilidade, outras tem valor. Um quilo de diamante bruto, vale menos que um quilo de feijão para uma um naufrago que acabou de se salvar numa ilha deserta no momento da fome. Quando todos começam a desejar a mesma coisa, cria-se um valor superestimado por aquela coisa, simplesmente por que todos querem possuir ao mesmo tempo tal objeto. A partir daí é apenas um passo para a idolatria desta mesma coisa. Geralmente os ídolos que criamos, não tem utilidade, mas tem valores, os valores que são criados ao seu respeito, que só valem para quem o aceita ou o diviniza, mas que causa um certo impacto nas coisas em torno daquele idolo. Nenhuma influência psíquica um ídolo exercerá sobre o que não o venera. Você nunca vai ver uma moça equilibrada, dedicada aos estudos, desmaiando ou tendo impulsos sexuais descontrolados quando ver um Justin Bieber ou outros do tipo da vida. Para esta, esse tipo de ídolo, não passam de meninos mau criados e péssimo exemplo para sua geração.

Criamos seres imaginários ou físicos, como representações de nossos medos e desejos ocultos, ou como objetos de entretenimentos que nos façam transcender de uma realidade física temporária que evitamos encarar para um estado de fantasia num mundo paralelo. O trabalho digno é uma realidade em que o preguiçoso evita encarar, então projeta em criminosos, políticos corruptos ou traficantes que se deram bem como seu ícone de referência. O desejo de se destacar entre todos, ou pelo menos entre os que fazem parte do nosso círculo de convivência é um desejo comum a todo mortal. Então criamos um mito, damos a ele características extraordinárias ou elevamos por demais as características físicas que esse possui, inserimos este ser no consciente coletivo, então o mito vira ídolo e o ídolo se torna o objeto de culto. A partir daí desejamos ser como o ídolo, estar com o ídolo, ou ser seu representante para nos sentirmos iguais a ele, e também, lá no inconsciente imaginar sendo destaque como ele é, só por que estamos venerando este ídolo. Vejam como se comportam líderes religiosos, alguns covers de pessoas famosas ou um fã fanático e tirem suas conclusões. Percebam que este tipo de gente encarna o personagem, mesmo sem ser o personagem, se ofendem quando falam mal do personagem, mesmo não sendo o personagem e quer inserir em todos seu ponto de vista, pois desde que você adore o ídolo que ele venera, já que foi ele quem te apresentou este ídolo, inconscientemente o idolatra vai comer as migalhas que sobram dos louvores dado a este ídolo.

Veja o exemplo de pessoas religiosas com características de fanatismos, que não aceitam serem questionados em suas crenças, antes sim, desejam submissão e aceitação total de seu modo distorcido de ver o mundo. Eles encarnam os deuses que veneram e no seu interior, agem como se fossem o próprio deus venerado, exigindo respeito e submissão total enquanto falam.

Além de nossa atenção, nosso tempo e nosso dinheiro (ou oferendas), de quebra, ofertamos também aos ídolos nossa sanidade, o bem mais precioso que um ser pensante possa ter. É pela sanidade que conseguimos criar e manter sociedades civis organizadas, garantindo a sobrevivência de nossa espécie apesar das situações adversas que já enfrentamos nesse planeta. É pela insanidade que nossa sociedade estar ruindo.

A construção de um ídolo físico ou metafisico atinge ou tem efeitos não só aos seguidores, mas a toda uma sociedade organizada a nível local, nacional e internacional. Para cada novo ídolo surgido, as coisas básicas que precisamos para sobreviver como agua potável, alimentos, roupas e abrigos aumentam ou descressem de valor, a depender do interesse dos que manipulam aquele ícone em benefício próprio, dando mais a quem já possui e tirando o pouco dos que nada tem.

Dez metros quadrados de uma área construída ao lado da casa de uma “celebridade” valem centenas de vezes mais que 1000 metros quadrados de área construída vizinho a casa de uma pessoa comum. E quem disse que uma coisa vale mais que a outra? A distorção de valores no inconsciente coletivo é quem diz o quanto as coisas valem, causado pela manipulação de informações. Qualquer coisa passa a ter valor, se fazem projeções falsas sobre procura, oferta, abundancia ou escassez de algo. Tudo pode ser criado do nada. Igual a grandes somas de dinheiro que são inseridas na economia, bastando digitar alguns algarismos na tela do computador do “supremo chefe”.

Vivemos uma realidade liquida em que as coisas mudam de formato a toque de recolher. Quem nunca viu nos noticiários dizer que a agua estar acabando? Daí você olha pra o globo e vê que é 70% de agua que prevalece. Então alguém diz: mas é agua salgada, temos pouca agua potável! Então eu digo que temos tecnologia mais que suficiente pra controlar até o clima se quisermos, quanto mais fazer agua potável se algum dia ela realmente vier a faltar. O controle dos recursos básicos que precisamos ou desastres programados, serve apenas para que não nos esqueçamos de cultuar e clamar aos deuses metafísicos por misericórdia e desse modo nos tornar mais dóceis aos que realmente nos controlam, já que pessoalmente os deuses não estão aqui, temos de nos submeter a seus representantes. O que seria das classes políticas de mau caráter sem a ajuda dos deuses para governar? Provoque o caos e a pessoas invocam os deuses, os deuses não aparecem, mas enviam seus representantes. Entende? Já lestes na bíblia que diz que toda autoridade é constituída por deus...? Então aceite que mensalão, petrólão, lava jato e outros esquemas de corrupção estão dentro de seus infalíveis planos, apenas o adore por isso...

As celebridades que surgem do nada e que nos são dadas para culto, custam muito caro aos nossos bolsos. Preste atenção que quase nunca se tem dinheiro pra saúde, educação e segurança, mas nunca falta dinheiro para festas populares e carnavais da vida. Quando a população quer acordar pra algo, faça festa, traga uma celebridade para sua cidade que eles voltam ao estado normal de letargia coletiva. De 2 mill a dois milhões, cada artista tem seu preço. Eles levam em apenas 40 minutos de show, o que possivelmente toda folha de pagamento de uma cidade do interior precisaria para pagar todos os funcionários. Todo culto tem seu preço!

O problema maior é que esse tipo de ídolo construído, não consome apenas o tempo, dinheiro e atenção dos que o veneram, mas acaba consumindo recursos de pessoas que nem se quer sabem que eles existem ou que os veneram. Os ídolos vivos sugam do povo e acumula para si riquezas com as quais vão manipular no futuro o próprio povo que o idolatrava, pois a mídia se apoiará em sua imagem construída, para favorecer linhas comerciais dando assim mais lucros a um segmento e prejuízos a outros só por estar associado a imagem de tal ídolo.

Já se perguntaram por que alguns produtos tem um preço caríssimo, enquanto outros tem um preço mais acessível mesmo sendo feito do mesmo material? O que faz o com que dois produtos feitos do mesmo material tenham valores tão diferentes? A resposta é que um destes produtos pode estar usando uma pessoa famosa (ídolo) para fazer a propaganda enquanto outro com certeza não estar usando, por isso tem um preço mais acessível. Uma pessoa que nada fez ou nem se quer usa aquele produto, terá um percentual, gigantesco sobre a venda daquele produto sem nada ter feito para merecer aquele percentual. Alguns dirão que a fama e o sucesso o fizeram digno daquele benefício. Então eu pergunto: o que é a fama e o sucesso senão uma projeção social, daquilo que as classes dominantes consideram como fama e sucesso? Nem sempre fama e sucesso, são alcançados por dignidade ou mérito, mas todo ídolo se constroem com projeções daquilo que os fãs esperam deste. A mídia sonda o gosto popular, cria um ídolo naquele perfil, põe para o povo venerar, e desse modo poder vender o que não precisamos ou não tem utilidade, apenas por estar associado a um símbolo “sagrado”. Para cada novo BBB por exemplo, 20 novos ídolos surgem, que logo estarão em capas de revistas, marcas de perfumes, alimentos, esportes, etc. Tudo depende de como ele se comportou lá dentro, ou como foi orientado a se comportar. Vale lembrar que nenhuma pessoa comum é dona de jornais, revistas, rádios ou donas de marcas famosas. Dessa idolatria só ganham o ídolo e aquele que o projetou no mercado. Os demais serão apenas contribuintes, dizimistas, ofertantes, que por desperdiçarem seu tempo venerando aquele ser, o deixará cada vez mais forte, e o próprio ídolo o controlará depois. Todo produto que um ídolo toca aumenta o valor perceptível e nós que pagamos a conta.

Tomemos por exemplo um simples pão comum que alguém compra em um supermercado. Veja quantas pessoas estiveram envolvidas diretamente para que ele viesse até você, seguindo a sequência da última pessoa que te atendeu: 1-atendente do caixa do supermercado; 2-atendente do balcão do pão; 3-padeiro; 4-motorista que transportou a farinha; 5-dono do deposito onde o trigo foi armazenado; 6- a pessoa que colheu o trigo;7- a pessoa que vendeu as pesticidas; 8- a pessoa que cuidou da planta até a colheita; 9-a pessoa que plantou o trigo; 10- a pessoa que vendeu as sementes do trigo. Se fossemos levar em consideração os demais envolvidos indiretamente veríamos que para assar o pão, houve a fabricação e manutenção de todo maquinário envolvido desde a combustão que gera calor até as amassadeiras e cilindros que dão consistência a massa; pra o caminhão que faz o transporte do trigo rodar de modo seguro houve uma engenharia de rodovias pra construir a pista, a engenharia mecânica pra produzir e manter o carro funcionando, e a engenharia petroquímica para produzir o combustível que alimenta o caminhão. Para produção e armazenagem do trigo, teremos a engenharia de produção de alimentos, a ciência das herbicidas e pesticidas, e a engenharia civil que construiu o celeiro. Centenas de pessoas se envolveram indiretamente para que apenas um pão que você põe na boca hoje, tivesse essa textura, cor e sabor que hoje tem, caso contrário, este mesmo pão seria tipo uma tábua dura, assado em cima de fezes de camêlos como ainda hoje fazem algumas tribos nômades da África. Todas as pessoas envolvidas que falei, receberão seus rendimentos, de acordo com a carga horaria trabalhada, a lei da oferta e procura de mão de obra e matéria prima disponíveis, ou pelas leis do ministério do trabalho, sem falar que cada um se aperfeiçoou, estudou, trabalhou, para depois receber aquele salário contabilizado e com decréscimos no fim do mês, caso venha a faltar algum dia.

Agora vejamos: entre todos os profissionais que citei, há um deles que não estar na história e que vai ganhar talvez sobre todos eles e as vezes até mais que o montante de todos eles juntos, sem nada ter feito, simplesmente por que a mídia, e algumas pessoas com baixo nível de sanidade os consagraram como ídolos e seus representantes em quase tudo. Basta uma estrela do cinema, futebol, da música ou da estupidez aparecer num comercial de TV ou outdoor de uma esquina, segurando ou comendo um saquinho desse pão e duas coisas fabulosas acontecem: aquele produto passa de um preço simples para o preço astronômico, e o ídolo que nada fez, terá um percentual imediato ou eterno, sobre tudo que for produzido ou vendido por que estar sendo usada sua “marca”. Já pensou? Que sociedade “justa” essa que vivemos, não é?

Tomemos por exemplo, o jovem Neymar, sujeito com menos de 30 anos de idade, que praticamente ganha cerca de 1 milhão de reais por dia sem muito esforço considerando os vencimentos de seu acordo salarial + os cachês que ganha com propagandas cada vez que aparece representando uma marca. Quantas pessoas você conhece na vida que ganha 1 milhão de reais por dia? E quantas você conhece que ganha 30 milhões ao mês? Nos países subdesenvolvidos, um cidadão comum, ou seja mais de 70% da população desse país, teria de trabalhar pelo menos 120 anos, sem comer, sem beber e sem usar o dinheiro, apenas juntando o dinheiro para conseguir acumular 1 milhão de reais, considerando ganhos mensais de 1 salário mínimo para estas pessoas. Então pagamos 1 milhão de reais em único dia a um único cara e achamos isso normal. Como se chama essa consciência coletiva que não percebe que isso estar errado? IDOLATRIA. É o mesmo nível de consciência que faz com que as pessoas façam grandes ofertas para líderes de igrejas que recebem rios de dinheiro por mês, enquanto não são capazes de dar nem se quer um copo de agua ao que realmente precisa. Quanto mais tem mais querem, dia a dia bolam os mais nefastos dos planos para meter a mão em seu bolso e ainda serem chamados de santos homens ungidos de Deus.

A primeira vez que pude constatar o peso de um ídolo em nossos bolsos, no que se diz respeito ao encarecimento desnecessário de produtos, foi há pouco mais de 7 anos, quando fui apresentado a uma marca de produto de excelente qualidade que poderia ser comprado direto da fábrica com nota fiscal de forma legal, mesmo para pessoas físicas fosse para consumo próprio ou revenda. O produto em questão, depois de impostos pagos e todo procedimento legal, saía da fábrica na época por 38 reais, para ser vendido no mercado a 76,00. O mesmo produto, apenas embalado em embalagens diferentes, que usavam a marca de algum artista famoso, chegava ao consumidor por um preço final de quase 500,00 em um shopping center. Veja o quanto pagamos, para manter em uma vida de luxo àqueles que pouco contribuem para as necessidades básicas da sociedade! Pagamos de 10 a 20 vezes mais caros, por produtos ou serviços, simplesmente por que um seito emprestou o nome ou a foto para aparecer ao lado de um produto. Isso é justo? Não, não é! O conceito inicial de cidadão na antiguidade, era atribuído aquele que fazia por onde ter esse direito, numa sociedade que todos tinham deveres e direitos, e não apenas direitos. Hoje cidadão é qualquer um que tenha nascido ou mora em uma cidade

Toda vez que um produto ou serviço encarece, temos de trabalhar mais para consegui-lo, e não adianta aumentar salário se os produtos aumentam em percentual mais que estes. Quanto mais trabalhamos, menos tempo temos pra nós mesmos e menos tempo para curti o que gostamos, aprender ou evoluir em algo.

Construímos ídolos na política, nas religiões, nos esportes, na música, nas ates e tudo mais. Qualquer pessoa que tenha “caído na graça do povo”, pode sair rapidamente de um estado de pobreza total, a riquezas sem igual. Como isso é possível? Por que todo ídolo recebe tributos sejam estes financeiros, afetivos ou de influencias. Todo ídolo recebe atenção e honrarias. Tiramos de quem não tem para dar a quem tem, esperando ser “abençoado” por esse ídolo. Para todo ídolo, acaba-se criando algo tipo um culto, mesmo que não se tenha altares. Todo rito de culto tem algum tipo de bajulação verbal, evocação, ou oferendas ao ser que se venera. A mão que afaga é a mesma que apedreja. Do mesmo modo que um ídolo ascende, ele desaparece, basta não servir mais aos interesses do público ou de seus criadores. Que diga isso os artistas famosos, esquecidos sem mais nem menos, que viviam no luxo e hoje vivem no lixo. Alguns ídolos servem como heróis de uma causa ou de um povo. Esse mesmo ídolo, como já disse em outro texto, servirá também de objeto de repulsa ao que talvez não concorde com nossos ideais.

Vejam outro fato referente a ídolos vivos: já prestou atenção que hoje em dia, as pessoas tem demonstrado um interesse enorme em se tornar candidatos a cargos políticos? Quando o termo política foi cunhado, a ideia de um político, era de uma pessoa que administrava os recursos coletivos em favor de todos. Hoje, a ideia que se tem de um político, é a de um sujeito que se aproveita dos recursos de todos em benefício próprio, e se por acaso esse vier a ser punido, terá recursos suficientes para driblar as leis, seja por conhecer as falhas da própria lei, seja por conhecer juristas poderosos, seja por ter dinheiro pra pagar o que precisa ser pago pra responder em liberdade. Virou uma espécie de culto a essa imagem, pois quando este chega ao poder, apesar de toda má fama ou vida leviana que tenha levado dentro ou fora do círculo político, assim mesmo adquire uma legião de adoradores, que também esperam receber migalhas destes, do mesmo modo como fazem com os deuses metafísicos. Apesar do mal que os políticos desonestos nos fazem, uma multidão concorre a eles diariamente em busca de empregos, alianças ou algum tipo de ajuda. Eles controlam os recursos, geram dependência daquele recurso, para que por meio de humilhação ou veneração eles te deem como sendo um favor, aquilo que era apenas o oficio deles.

Preste atenção: tudo que gera muito dinheiro, pouco esforço, muita fama, muita influência e pouco trabalho, as pessoas costumam disputar, para serem os ídolos, ou estarem cada vais mais próximos destes, para comer as sobras que caem de suas bocas.

Não estou criticando a capacidade racional que todos nós temos, de ter alguém como base ou referência para algum propósito de vida que almejamos. Todos temos alguém que nos inspira e nesse estado sadio, sabemos perfeitamente que a pessoa qual nos inspiramos não é melhor nem pior do que nós somos, apenas percorreu caminhos que ainda não percorremos e pensamos, que se esta pessoa conseguiu, também podemos conseguir o que almejamos. Quero me referir quando abordo temas como estes sobre a falta de compreensão de si próprio, onde a pessoa se faz de tapete para que outros pisem, se faz de escada para que outros subam, para no futuro próximo ter alguém fazendo a mesma coisa pra eles ou com eles. Também não quero menosprezar com esse texto, os profissionais de marketing, que tem um papel importante para divulgação de certos produtos e serviços, tornando público um serviço desconhecido, beneficiando todos quantos precisam do mesmo. Chamo atenção para o estado coletivo doentio das pessoas em dar valor a coisas que não significam tanto, ou que nada produzem. Também não sou contra a iniciativa privada e até acho que serve de modelo social os que conseguem crescer na vida de modo justo e digno, esteja este ganhando milhões ou “milhinhos”. Sou contra o estado doentio e inebriante de ser dos que vivem a tornar sagrado o que é profano e o profano sagrado.

Já vi ídolos vivos urinando na cara de seus fãs, cuspindo na boca deles, dando cotoveladas, desaforando-os, tirando o dinheiro suado desses, vendendo lixo como sendo coisa sagrada, humilhando-os publicamente e mesmo assim alguns desses fãs, fanáticos fiéis não retiram do seu altar esse objeto de culto. Perdoe-me a expressão, mas nesse ponto, acho que deveríamos libertar os animais dos zoológicos e pôr em seus lugares tais adoradores de bobagens por algum tempo como forma de recobrar a sanidade destes, pois todos pagamos o alto preço pela idolatria alheia.

Nada demais ter empatia por alguém, mas tudo tem limite. Gostar, amar, admirar, se inspirar...São estados de espíritos que nos enriquecem, mas se entrar no meio a palavra “demais”, alguns cuidados básicos devem ser tomados.

Tenho algumas dicas pra curar idolatria. São termos como: não sou melhor que ninguém, também não sou pior que ninguém! Se os ídolos físicos ou metafísicos são tão bons ou tão ricos assim, a minha veneração por eles é desnecessária já que eles tudo tem! Se os ídolos realmente são seres do bem, eles deveriam estar mais preocupados em dar ao povo e não em tirar do povo! Se um ídolo não é capaz de reconhecer suas falhas e fraquezas e tratar todos de modo igual, este não serve pra mim!

Esses são apenas alguns termos pra encaixar qualquer divindade nos eixos. Como tudo só tem o valor que damos a ele, no dia em que dermos o valor da pessoa por aquilo que ela é e não por aquilo que a mídia projetou nela, então teremos quebrado todos os altares dos ídolos vivos e poderemos corrigir vários dos problemas sociais, como moradia, saúde, educação e segurança.

Acredito piamente, que nesse vasto planeta cheios de recursos ainda não explorado, todas as famílias desse globo, poderiam comer com qualidade, ter todos eles um lar digno e confortável, ter todos eles um automóvel ou outro meio digno de transporte e viver todos em segurança se os ídolos vivos não ficassem com 90% do que produzimos. Na próxima vez em que você pagar 5 mil num ingresso para ver seu ídolo favorito cantar dez músicas e ir embora, pense se realmente ele merece isso. Se a resposta for sim, não reclame quando um trabalhador rural aumentar 50 centavos nos alimentos que realmente você precisa pra sobreviver. O amor a arte e a cultura é uma coisa. Ser idolatra e abobalhado é outra bem diferente...

Abaixo a insanidade!

*Antônio F. Bispo é Bacharel em Teologia, Estudante de Religião em Filosofia e Capelão Ev. Sem vínculo com denominações religiosas desde 2013.

Texto escrito em 2/3/17

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 04/03/2017
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