O PAPAI VOLTOU

Francisco sabia do meu desejo de plantar uma árvore na frente da nossa cabana, e um dia me deu uma muda de “brasileirinho”. Entretanto ele cresceu demais e fomos obrigados a arrancá-lo. Chorei um bocado.

Antes de Francisco falecer, aderi ao Projeto de parceria entre o SEMPMA e o Unicompra: “Adote uma Árvore”, e fiquei aguardando ganhar a arvorezinha.

O tempo passou e certo dia alguém chamou na porta, quando fui atender, era o pessoal do Projeto e foi com muita alegria que recebi uma muda para plantar na frente da minha cabana. O universitário (agrônomo) que veio plantá-la era colega de faculdade da minha filha.

Conversaram bastante sobre como fazer para cuidar do “filhotinho”. Fiquei muito feliz! Nos dias que se seguiram cerquei a plantinha de todos os cuidados necessários para que ela crescesse e nos desse a sombra e a beleza que necessitávamos.

Três dias após, acordei e vi, desolada, que o “anjo” havia arrancado a minha plantinha, quebrado toda... destruído. Fazia poucos meses que o meu marido havia falecido... e aquilo me machucou muito!

Liguei pro SEMPMA e o jovem trouxe outra plantinha... quando minha neta viu a plantinha disse “___ Vovó, o papai voltou...” Olhei para ela, assustada, sem entender. Ela pegou a plantinha e disse “___É o papai que voltou pra gente!” Infelizmente, três dias depois, acordei com a minha cunhada chamando na porta, quando fui atender, ela estava com a plantinha nas mãos.

O mesmo “anjo” havia escavado o chão e por baixo da tela de arame que havíamos colocado ao redor da cerca de madeira, puxou a plantinha, arrancou e jogou no meio da pista!

Aquele “anjo” estava me provocando, tentando me tirar do sério. Senti um baque surdo no peito. Engoli em seco. Não iria espernear, gritar que aquilo era uma ameaça a mim e a minha família. Não, não faria isso e nem fiz. Ele estava mexendo (ameaçando) quem estava quieto e a vida se encarregaria de lhe ensinar uma bela lição!

Peguei a plantinha, já murcha, toda machucada e replantei numa caqueira improvisada com uma garrafa PET. Coloquei um tutor para dar apoio e pendurei na área de serviço.

Hoje, 20.11.2014, ao acordar e abrir o portão da área de serviço me deparei com uma haste florida, sob o pé de algaroba. A plantinha que a Nãna disse que era Francisco, floresceu e descobri deslumbrada que é um Flamboyant.

Agora necessito da ajuda do meu agrônomo particular (rs), para transplantar essa maravilha, para um vaso grande e deixa-la colorir nossa área de serviço com o vermelho vivo e magnífico de suas flores!

OBS: Nunca desisto do que vale a pena! Olha só como estou feliz... dá pra ver não é mesmo?! Fiquei assim com as flores do bogari que o Meu Mestre (Homero Cavalcante) me presenteou! Com a rosa menina, o carinho-de-mãe, o mandacarú... é que fui criada cuidando de flores... plantas!

Gratidão Mãe Natureza.

Aho.

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