CONHECIMENTO NÃO OCUPA LUGAR
Cheguei ao trabalho meio tensa, aquela necessidade mais que urgente de perder uns quilinhos; nunca pouco sempre mais. De repente, ele entrou com um sorriso agradável e confiante. Fiz-lhe um apelo, pedi ajuda e começamos uma conversa no meio de outra que eu já estava tendo com uma terceira pessoa. E, em pouco tempo, fiquei completamente encantada com o profissionalismo dele. Ele começou uma abordagem sobre sua área de atuação, por acaso era Educação Física, e em pouco tempo traçou um panorama sobre o que era viver saudável. Não se limitou a repassar uma lista de exercícios, não. Demonstrou como o organismo funcionava de uma maneira harmônica e como é importante aliar a prática de exercícios com a boa alimentação. Isso pode parecer muito óbvio, coisa comum entre educadores físicos, mas o que me chamou atenção foi a propriedade e disponibilidade em abordar o tema. Citava o nome das substâncias presentes no corpo e nos alimentos, as contraindicações no uso de produtos e algumas práticas desportivas. Ele não se intimidou nem em falar sobre reações químicas, mesmo estando diante de uma excelente professora de química e coautora de livros na área. Não, não sou eu. Inclusive, ela reiterava as informações por ele fornecidas. Olhei impressionada para o seu corpo; realmente ele seguia o que pregava. Passou a falar de receitas, de alimentos, da feira, de mitos. Admirei-o por falar em feira e cozinha. Citou os filhos ao dar um exemplo de sobremesa. Admirei-o mais ainda. Ou seja, vida saudável não era uma receita para os outros; era um hábito familiar. Em meio à conversa, lembrei-me de meu cardiologista, um grande profissional também. A semelhança entre eles era tal que me chamou a atenção. Ambos, dedicados a sua profissão, estudiosos, pesquisadores, atentos às necessidades de seus alunos/pacientes. Nenhum fazendo por fazer, entediado com a rotina, contando as horas para correr para a vida, como se a profissão não fizesse parte dela. Era para ser apenas uma conversa informal sobre um tema e outro. Eu apressada e ele correndo. Ele poderia ter-me dito qualquer coisa, uma desculpa qualquer, um “passa lá depois” ou “me liga e a gente conversa”. Não. Ele me apresentou as suas credenciais ali, em dez minutos. Infelizmente, tive que ir embora, mas aqueles preciosos minutos provocaram mudanças dentro de mim. Saí de lá, não só convencida de que preciso praticar atividade física diariamente, como sabendo um pouco mais sobre o sal do Himalaia, Xilitol, óleo de coco, os ácidos graxos, enfim. O conhecimento encanta e quem, de fato, se recicla e se dedica está um passo à frente. Para minha alegria e de muitos, o conhecimento continua sendo primordial para se ter vida longa no mercado de trabalho. Esse conhecimento conectado, de quem está de olho em tudo, acompanhando os debates, atento às descobertas da ciência, utilizando a tecnologia para o bem; esse conhecimento de leitura, mesmo que seja daqueles pequenos artigos que passam pela timeline. E para adquirir conhecimento não é necessário acumular cursos de pós-graduação e especializações. Mas, atenção: não estou aqui condenando a educação formal e presencial, não. Aliás, é ótimo ir à escola e usufruir de tudo que o ambiente educacional oferece. Mas, é evidente que o conhecimento está bem mais democrático e pode-se aprender em qualquer lugar. Uma coisa não invalida a outra como uns doutos querem e outros leigos também. O conhecimento não ocupa lugar e, ao contrário do que diz a regra de elegância, em que "menos é sempre mais"; na Educação o mais nunca é demais. Agora, não vale sair por aí comprando diploma, não. Titulo não é conhecimento. Titulo é o reconhecimento do tempo dedicado ao estudo, é o “valeu” dado às pesquisas, aos escritos lidos, publicados e transmitidos a outrem. Se o seu objetivo é possuir titulação pague o preço adequado: dedique-se a estudar! Até porque o conhecimento se revela no primeiro contato. Assim como o professor se revelou um grande educador do corpo e o cardiologista também, quem aprendeu de fato, quem se apropriou verdadeiramente do conhecimento faz de um cumprimento um passo de dança e de uma resposta um belo cartão de visita. E quem viu, volta com certeza.
Adelaide de Paula Santos em 09/02/2017, às 23:35
Quem trabalha assim, não se cansa fácil, nem se estressa com a rotina.