IDENTIFIQUE SEUS MEDOS, REASSUMA SUA VIDA

Apenas pra constar, esse texto não é um convite a libertinagem, anarquia, ou depravação moral para aqueles que andam procurando um pezinho pra fazer coisas deploráveis contra si ou contra outros. Esse texto é um convite a voltarmos ao nosso estado consciente e razoável de ser, fazendo ou deixando de fazer algo não baseado no medo imposto pelos outros, mas se fizermos o que fizermos que seja por querer, por ser o melhor caminho ou em último caso por falta de opção. Um convite a assumir responsabilidade pelos seus feitios e também colher os frutos dos seus esforços.

Há cerca de dois anos presenciei uma cena que me fez muito refletir sobre o estado mental das pessoas frente ao medo e o modo como nosso estado de percepção é alterado após incorporamos certas informações que nos são passadas de modo verbal. Vi um menino que na época tinha menos de 4 anos de idade e nunca tinha presenciado um apagão, uma queda de energia elétrica numa noite escura. Dormia de luzes apagadas e não tinha medo de entrar em um ambiente escuro se fosse necessário. Ainda não havia monstros em seu imaginário. Em certa ocasião, por volta depois das sete da noite, houve uma queda de energia geral, a cidade ficou às escuras, e suas irmãs entre 7 e 9 anos começaram a gritar com medo da escuridão. Demorou uns 20 segundos até que alguém achasse uma lanterna para trazer luz e acalmá-las. Assim que a energia voltou, a criança estava confusa, perguntou a elas por que elas estavam gritando se não tinha acontecido nada. Elas disseram “nós temos medo de escuro, por que no escuro tem bicho papão...” Pronto! Desde esse dia nunca mais o menino entrou em ambientes escuro, não dorme de luz apagada, e também grita quando tem queda de energia. De forma automática o bicho papão aparece em qualquer ambiente, basta a luz apagar e a escuridão tomar conta.

Fico pensando quantos milhões de nós, mesmo depois adultos ainda vivemos nesse estado hipnótico de ser devido a tantos medos que nos são transmitidos de forma oral desde o nascimento. O mundo religioso, político e econômico talvez sejam os principais indutores de medo que conhecemos. Que a vida é feita de incertezas e possibilidades múltiplas isso é fato. Há quem use essas incertezas para criar sua própria cadeia de “verdades” e trazer o maior número de pessoas sob seu domínio. Há outros que usam a incerteza exatamente para não se por sob o domínio de ninguém.

Quando nascemos somos como um disco virgem, capazes de registrar tudo o que nossos sentidos captam, mas o poder da crença que a nós foi repassada, será o fator opressor ou libertador por toda nossa vida até que reprogramemos a nós mesmos, saiamos do automático e passemos a ser indivíduos e não apenas povo. O poder da crença é a mais forte entre todas as impressões que acumulamos. Institivamente quando crianças, acreditamos no que os mais velhos dizem por que eles nasceram primeiro e já viveram mais tempo que nós e por esse motivo acreditamos que o que eles dizem é verdade e isso é comum e natural e até certo ponto saudável. Nos sentimos seguros e nos deixamos guiar baseado na experiência do outro.

Acontece que crescemos e costumamos manter a mesma mentalidade de sermos guiados apenas com base na experiência alheia sem nos questionarmos ou questionarmos outros pontos de vista, por comodismo ou pra não ferir o sentimento daqueles que nos treinaram segundo sua forma de ver o mundo. Basicamente nosso modelo social impulsiona isso, pois desde cedo qualquer um que demonstre ter um opinião diferente sobre algo é “convidado” a se enquadrar nos padrões comuns ou será sempre motivo de piadas em qualquer lugar que chegar. É preciso ser forte para não ser todo mundo, pois uma avalanche de risos, chacotas e desprezo será a recompensa aos que se aventuram a sair fora do padrão coletivo de pensamento. Que diga isso os cientistas, pensadores ou visionários que se arriscaram a dizer ou fazer coisas fora do comum ou a frente do seu tempo.

O medo adquirido por meio da fala é como um vírus: depois que pega, dá trabalho pra curar. É tão inflamável quanto combustível de foguete. É tão inebriante que até o que estar preso nele gritará aos quatro cantos que certa divindade o salvou e libertou como uma forma de ocultar o medo que sente.

Uma criança que foi induzida a ver monstros no escuro terá sempre de ascender a luz para se sentir seguro. Quando as luzes se apagam, todos os monstros aparecem com uma fúria inexplicável. Só aquela criança pode ver, ouvir e sentir todos aqueles monstros. Será assim até o dia em que ela fizer suas próprias comparações e concluir que tais monstros não poderiam ter entrado ou saído pelo simples ascender ou apagar de luzes considerando que todas as portas estavam fechadas.

Acontece que boa parte de nós crescemos e esquecemos de ascender uma luz importante em nossas vidas: a luz da razão! Não me refiro a razão como estado mental em que pessoas tolas querem estar se achando certas o tempo todo sobre tudo e não querem ser contrariadas, antes sim, intenta trazer todos a sua linha de pensar. Me refiro a razão como o estado de ser razoável, de fazer comparações baseadas no ambiente, na própria experiência, na experiência de outrem ou em pesquisas, para chegar uma determinada conclusão, abandonando o ponto de vista anterior se for necessário ou complementando-o se preciso, considerando que toda matéria reage de modo diferente mediante a temperatura, gravidade ou pressões diferentes. Pior que não ascender essa luz, é ter o seu “interruptor” alterado ou confiscado por aqueles que julgam ser nossos donos. Desse modo só haverá gambiarras, com uma luz fraquíssima, cujo dono da luz a dará apenas quando quiser e se quiser, mediante pagamento de tributos financeiros ou submissão cega a eles.

Desde muito cedo, a crença religiosa nos ensinou a usar a fé em divindades como medida modular em quase tudo na nossas vidas. A crença em um ser de luz e um ser das trevas que dominam e controlam tudo estão entre as crenças mais limitadoras da raça humana, pois se há uma dualidade eterna entre seres que já escreveram a história de nossas vidas, logo estaremos no modo “deixe a vida me levar” e atribuiremos todos os nossos feitos e culpas a essas divindades, pois tudo já estar escrito por eles e nada podemos fazer para alterar nosso próprio destino.

#deusnocomandosempre# é uma das frases mais usadas nas redes sociais, incorporada por todo tipo de gente desde aquele que sai para praticar assaltos, àqueles que saem para trair os conjugues, ou àqueles que saem a evangelizar cristãos ao cristianismo, ou aos que saem para fazer as coisas mais estupidas possíveis. Deus no comando é igual a: o que acontecer não foi culpa minha, afinal tinha alguém maior que eu no controle de minha vida. Entende? Ainda que não falemos isso verbalmente com todas as letras, dizemos isso indiretamente todas as vezes que somos chamados a assumir nossas responsabilidades individuais e coletivas. Os presídios estão lotados de pessoas que tem “deusnocomandosempre”. Os profissionais de direitos fazem fortunas, resolvendo problemas simples de pessoas que poderiam resolver seus problemas entre si, de forma amigável, mas como entregam sempre o comando de suas vidas pra outras pessoas, também terceirizam suas responsabilidades e pagam caro por isso na hora de resolver coisas simples. Quando não estão pagando tributos e dízimos as divindades em troca de favores, estarão pagando a pessoas comuns em troca de proteção, simplesmente por que foram ensinadas a terceirizar suas ações.

A capacidade humana que temos de crer em algo (a fé) para formamos um estado elevado (ou baixo) de mente focando em determinado objetivo, tanto pode ser benéfica quanto maléfica. Um trabalhador que lança toda sua semente na terra esperando uma boa colheita, corre o risco de passar fome se a semente não nascer, mas baseado em suas experiências e condições climáticas ele acredita que terá produção e por isso faz, e geralmente tem resultados positivos sempre aperfeiçoando suas técnicas. Uma vez ou outra acontece imprevistos e nem por isso eles deixam de plantar no ano seguinte. Uma pessoa que doa grande parte dos seus recursos financeiros a um líder religioso baseado na crença que receberá em dobro, pode ser dar muito mal. Experiências mostram que só o líder é quem se dar bem nessa história. Os que de fato foram “abençoados” tiveram de agir quando as oportunidades surgiram e não ficaram esperando sem nada fazer.

O medo do inferno, demônios e suas ações ainda permeiam muito em nossa cultura ocidental fazendo com que tomemos decisões baseadas no medo de maldições e pragas vindas de cima ou de baixo. Que diga isso todos os que vivem debaixo das maldiçoes de pastores que usam a bíblia de forma distorcida para ameaçar seus subordinados, arrancando até o último centavo destes. O sucesso de um fanático religioso, dependerá mais da “benção” ou “maldição” emanada pelo seu líder congregacional, do que pela capacidade física e intelectual do indivíduo já que este foi submetido a acreditar nisso. Se existe um lugar para pessoas amputadas aos montões em sonhos e projetos de vida, esse lugar talvez seja os recintos religiosos. A primeira amputação e na capacidade de reflexão, que fará com que o indivíduo defenda até a morte que aquele é o modo de ser correto e que seus aprisionadores são na verdade os libertadores. As demais amputações será apenas o resultado desta. Repita uma mentira todos os dias e as pessoas acharão que é verdade, já dizia Adolf Hitler. Me parece que alguém andou seguindo o Cristo errado...

Se de um lado foi dito que existe a figura do demônio que quer te pegar e te maltratar eternamente, do outro lado foi construída a figura de um deus punitivo, vingativo e mal resolvido que não ver a hora de as pessoas dar um vacilo para ele castiga-las de imediato ou no futuro, no tão aguardado dia do juízo, te castigando por algo que você não fez, já que ele estava no controle o tempo todo. Se ele estava no controle, logo ele seria o responsável por tudo, inclusive de isentar as pessoas de suas próprias culpas, sendo que ele já havia escrito a estória de cada um desde a fundação do mundo fazendo com que ficássemos prezo a um “destino” e assim seriamos robôs e não humanos. Percebeu? De um lado um diabinho te tentando a fazer o mal, do outro lado um deus que poderia ter evitado o diabo ter te tentado, mas como ele mesmo já havia programado tudo, ele deixa você ser tentado, pra você “pecar” e ele te punir depois. Tadinho de nós...

Percebes como é confuso essa linha de pensar? Que loucura! Na cultura judaico cristã utilizando a própria bíblia como exemplo, as vezes é difícil determinar quem estar punindo o povo, se é deus ou o diabo, pois apesar de informar que o diabo é o pai da mentira, do engano e que causa morte e destruição o tempo todo, não há nenhum registro na bíblia de o diabo particularmente matando ninguém, mas em todo o velho testamento há mortes e destruição praticamente todos os dias, causadas pelo próprio deus ou a mando dele, segundo o que foi registrado. A causa da morte eram as coisas mais simples possível: pessoas famintas postas no deserto por ele mesmo e que perguntavam ondem iam encontrar comida e agua para si e seus filhos (isso é instinto de sobrevivência e não um pecado); pessoas comuns que construíam seus vilarejos bem no caminho em que o “povo de deus” iria passar (ele fez caminho no meio do mar, poderia fazer outra rota para “seu povo”); populações inteiras que eram dizimadas pelo pecado cometido por seus governantes enquanto o governante ficava de boa sem castigo ou só sendo castigado no final (Davi, Salomão e Saul são os exemplos máximo desse comportamento); soldado fulminado ao tentar salvar a própria arca da aliança; homem fulminado por que se recusou a engravidar a própria cunhada; homens que foram queimados vivos por dentro quando tiveram boas intenções de ascender o altar, enquanto os filhos de Eli levavam prostituas pra fazer surubas em cima do próprio altar e não eram punidos, etc,etc, etc. Foram mais de 3 milhões de mortes humanas feitas por ele ou a mando dele, sem falar de um planeta inteiro que foi destruído por água uma vez por não obedecer suas leis (considerando que até aqueles dias não havia leis escritas pelo próprio registro bíblico, literalmente o povo não pecou já que não tinha leis para julga-los), e duas cidades inteiras que foram queimadas a fogo por causa da “viadagem” que havia nela. Se formos somar a mortes de animais que também eram dizimada pelo “pecado” do povo quando essa divindade estava irada e os que eram mortos em sacrifício, talvez passem de bilhões. Segundo a própria crença cristã, difícil saber quando qual é o personagem que estar matando ou quem estar dando vida, já que fica difícil separar aquele a quem se atribui o mal, daquele que faz o mal acontecer. É um esforço muito grande para manter essa dualidade de pensamento funcionando. Os conflitos existem entre todas pessoas ainda que não assumam, mas toda voz é silenciada, já que alguns tem medo de “pecar” por pensamento, pois o ser que a tudo ver e tudo entende, não entenderá que foi nos dado um raciocínio pra raciocinar e não apenas pra obedecer. A não ser que ele assuma um erro em nossa configuração, as pessoas evitam até o pensamento analítico para não ser considerado rebelde e serem punidas. Por isso a necessidade de tantos concílios, conclaves e reuniões ministeriais o tempo inteiro pelos líderes religiosos de todos os tempos, para que sejam acrescentadas dia após dia, mais qualidades sobrenaturais aos seres cultuados. Toda vez que o povo acorda para um lado, eles se reúnem para saber como proceder, se defender, e manter as coisas funcionando. Quando falta o controle pelo verbo, a inquisição responde. Sempre há um meio de silenciar os questionadores.

Há quem diga que houve inspiração para os escritos tido como sagrados. Sim, realmente houve! Escritos sumerianos, acadianos, indianos e de outros povos antigos influenciaram bastante nossa literatura religiosa. Também houve inspirações de cunho político, ameaças de mortes, chantagens e planos de governos cuidadosamente elaborados para conciliar estado e igreja de modo que um sustentasse o outro quando necessário. Por que vocês acham que nunca foram achados originais da bíblia, sendo que há originais de livros bem mais antigos? Ou deus falhou em proteger sua palavra, ou alguém não queria que soubéssemos como as coisas foram feitas. O que ninguém sabe, ninguém se intromete, apenas obedece! Houve os mais diversos tipos de inspiração para que fosse dito qual livro entrava ou saía do cânon, e qual era sagrado e quais não eram. Os que pesquisam e são honestos consigo mesmo sabe ao que estou me referindo.

Para quem já estudou história da igreja, teologia (não congregacional) ou ciência da religião, de modo honesto, com professores honestos e livros de escritores honestos, será capaz de assumir que nenhuma das divindades tinham todos os poderes ou características a elas atribuídas de uma só vez. Para cada concílio, mais poderes eram dados as divindades. Para cada convecção de pastores, novos pecados são acrescentados ou diminuídos e repassados as igrejas de imediato. Jesus por exemplo, só passou a ser considerado “filho de Deus” e parte da trindade, cerca de 400 anos depois de sua morte. Antes disso era apenas um revolucionário como Judas Macabeus e tantos outros de sua época. Maria, levou quase 1 mil anos para ser tornar a virgem imaculada e mãe de deus, antes disso era apenas a mãe de um cara considerado arruaceiro. Calça, brinco, batom e maquiagem entram e saem constantemente no rol de pecados das igrejas evangélicas constantemente, de acordo com o estado de humor do chefe maior da igreja, ou de quanto dinheiro estar fluindo para seus cofres. Quando o fluxo de dinheiro estar bom, estas coisas deixam de ser pecado. Se a grana desce, chamam os crentes a andar em “santidade”.

Engraçado que nas reuniões secretas feitas por esses líderes os deuses ganham poderes, para depois nos influenciar com esses poderes, por meio de seus representantes que criaram esses poderes e a eles atribuíram. Criamos os poderes, damos aos deuses, depois tememos ser punidos pelos poderes que nós mesmos atribuímos a eles. Louco, não? Eternidade, onipresença, onipotência, onisciência, imortalidade, imparcialidade, completude, perfeição, imutabilidade...são características atribuídas aos deuses pouco a pouco, cujas palavras tem um peso extraordinariamente grande, que se levados a reflexão, seriam capazes de derrubar muitas das crenças, anteriormente mantidas sobre a própria divindade de quem se fala. A síndrome do papagaio afeta a quase todos. Falamos, repetimos e nem prestamos atenção que dizemos, nem buscamos os sentidos das palavras quais pronunciamos.

Quando um livro se torna divino ou profano? Quando homens comuns se reúnem em secreto para dizer que ele será sagrado ou profano! Quando uma pessoa se torna santa e é canonizada mesmo sendo mal e pervertida, enquanto outros que só fizeram o bem são demonizadas? Quando o que fez o mal era conivente com o “círculo da santidade e controle” será considerado santo enquanto o que só fazia o bem, certamente queria abrir os olhos do povo e por isso foi demonizado. Quando algo se torna pecado? Quando líderes religiosos decidem por si só em suas próprias igrejas criadas ou dirigidas por eles ou em reuniões secretas com outros, a partir daí eles dizem o que é pecado ou não, mesmo contrariando o livro que eles chamam de sagrado. O sol só será sol, se o líder disser que sim, caso contrário o frio é calor, o alto é baixo e o perto é longe e todos dizem amém.

Veja como nossa espécie é engraçada: nosso líderes se reúnem para criar as caracterizas dos deuses, seus gostos e desgostos, depois repassam ao povos as novas características, que ao recebe-las, as pessoas andarão sempre preocupadas em saber se estão agradando a essas divindades, sentirão culpa, medo, e viverão atormentadas por crimes que nunca cometeram. E como aplacar essa irá dos deuses para o agora e no futuro? Dizimando, ofertando, contribuindo, consumindo todo o conteúdo religioso e se submetendo cegamente a qualquer um que use a bíblia como pano de fundo. Quem recebe todos esses tributos financeiros e submissão? Precisa que eu diga? Se você disser que são os deuses...As vezes fico a pensar, se na cadeia da evolução ou criação, se nós estamos realmente no topo.

Praticamente é o medo quem nos governa. Medo da morte, da escassez de recursos, da fome, da solidão, do futuro ou do passado. O instinto de sobrevivência criou a fé ou a fé criou esses instintos? Quando não estamos operando na frequência do medo, estamos operando na frequência da ganancia, que também é uma forma disfarçada de medo, afinal, quem rouba, procura acumular para si uma quantidade maior de bens desejáveis por outras pessoas e por meio desse acumulo de bens, o que rouba poderá ter a atenção dos outros por meio da riqueza (medo da solidão e medo da escassez) ou poderá manipular outros quando os recurso são poucos (medo de não ter controle, medo do futuro). O que rouba para matar a fome foge a esse fato.

Vivemos sob o medo. Operamos no medo repassamos esse medo aos nosso descendentes até quando estamos querendo levar vantagem sobre outros. Um traidor por exemplo, não passa de um grande medroso, que busca afeto nas relações sexuais ou afetivas quando trai conjugue. Também são capazes de trair amigos e colegas trabalho em busca desse afeto e atenção, daí inventam calunia, fofocas, contentas e desse modo obterão a atenção de muitos. Vale lembrar que o que fala, o que ouve e compartilha inverdades sobre outros, também são traidores e não apenas o que inventa. Todo traidor vende a própria alma por um pouco de atenção. É a solidão que eles temem. Temem ficar frente a frente consigo mesmo, por isso enganam, mentem, traem, inventam, maculam, para que por meio dessa relação de baixo nível, encontre outros seres de igual modo desprezível, completando um ao outro, e desse modo evite o olhar para dentro de si.

De igual modo, pessoas que acumulam demais riquezas somente para si mesmo, ainda que por meios honestos, não passa de outro ser amedrontado, que teme o futuro, e acha que o acúmulo de recursos lhe proporcionará segurança, mas esquecem que o valor das coisas mudam de acordo com a necessidade do momento, e não pelo que elas são. Alguns quilos de comida e alguns galões de água, valem mais que uma tonelada de diamantes numa cidade sitiada em período de guerra ou situação de emergência. Apenas um homem e uma mulher, matutos e analfabeto, deixados num planeta após uma devastação, com conhecimentos básicos de agricultura e algumas sementes, seriam capazes de reconstruir e repovoar o planeta, mais que um casal de jovens com vários diplomas, cheios de acessórios eletrônicos de última geração, que não tenha aprendido tirar da terra seu próprio sustento.

Se a fé e uma ferramenta poderosa, devemos usar para nossa construção e liberdade e não para aprisionarmos uns aos outros. Nossas relações com as divindades e seus representantes precisam urgentemente ter o seu papel repensados. Não há homem algum superior a outro homem e nem há deuses oniscientes que não venham entender a pobre condição humana. Cada indivíduo humano tem o seu papel na sociedade. Que o nosso seja de construtores e libertadores. O estado razoável de ser conduzirá cada vez mais o indivíduo a busca para solução de seus problemas e os problemas coletivos. Seriamos como deuses, se não vivêssemos a atribuir todo o nosso potencial as divindades criadas e revisadas. Se é pecado pensar, o maior pecador seria quem nos criou pensantes. A reflexão sobre nós mesmos e nosso papel no ambiente não tira pedaço alguns dos deuses, eles não deveriam ficar irritados, afinal nada do que façamos os fará crescer ou diminuir, segundo as características quais nos mesmo atribuímos a eles. A falta de reflexão gera uma sociedade de pessoas amputadas e que terceiriza todas as suas responsabilidades. Onde não há ordem o caos toma espaço. O estado de ser razoável do indivíduo faz com que sejamos autores do nosso próprio conforto ou desconforto coletivo.

O medo perderá espaço quando aprendermos a comparar as múltiplas ou nenhuma possibilidade de um fato acontecer, baseado nos meios tangíveis de comparação. Para quem quer usar a fé para tudo, respeito, porém não acredito ser o caminho mais inteligente. A própria história favorece essa linha de pensar.

Saúde a todos! Menos aos deuses, mais aos humanos!

Escrito em 5/2/17

*Antônio F. Bispo é Bacharel em Teologia, Estudante de Religião em Filosofia e Capelão Ev. Sem vínculo com denominações religiosas desde 2013.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 05/02/2017
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