FANATISMO
 
 
O fanatismo é uma espécie de doença. Quando alguém começa a não mais enxergar o que está em volta, e deixa de pensar com a própria cabeça, envolvendo-se em pensamentos incutidos por outrem, está doente. Mentalmente doente.

Alguns usam a palavra ‘doente’ para referir-se a pessoas que tem grande apreciação por alguma coisa; por exemplo: “Ele é Flamenguista doente!” 

Não gosto deste termo. Deus me livre que um dia a minha apreciação por alguém ou alguma coisa chegue a este ponto ou seja identificada desta forma.

As pessoas se tornam doentes pelo fanatismo aos poucos, pois a doença vem sorrateiramente, tomando posse e se instalando gradativamente sem que o doente perceba. Esse adjetivo ‘doente’ torna-se a primeira característica através da qual o paciente torna-se identificável, um ponto de referência.

Quando o doente por alguma coisa abre a boca, só consegue falar daquele mesmo assunto, e agredir brutalmente a todos que não concordam com ele. Torna-se obcecado, não consegue enxergar mais nada e perde a capacidade de raciocinar.

Daí à sandice, é um pequeno passo.

Os espiritualistas identificam este mal como obsessão. Acreditam que tal comportamento venha ‘de fora,’ talvez de algum espírito desencarnado que age sobre o campo áurico de sua vítima. Acho que isso pode acontecer. Entretanto, na maioria das vezes, tais comportamentos vêm da falta de discernimento e bom senso.

A grande pergunta que me vêm à cabeça ao deparar com pessoas assim, é: terá cura? Na maioria das vezes, acho que não, embora eu não tenha conhecimento suficiente para julgar o assunto. Mas através de observação, tenho conseguido identificar alguns sinais vindos das pessoas obcecadas ou fanáticas:

-Elas só conseguem falar sobre um único assunto;
-Abominam e agridem a todos que pensam diferente;
-Acham que todos que pensam diferente são intolerantes, enquanto não percebem a própria intolerância;
-Acham-se os donos da razão;
-Quando perdem em argumentos, tentam ganhar em agressividade e xingamentos.
-Sua inteligência torna-se embotada, e na falta de argumentos, passam a citar pessoas do passado a fim de dar suporte às próprias palavras;
-JAMAIS admitem um erro.
 
Por que as pessoas tornam-se fanáticas?
Quem sabe, por uma insatisfação com a própria vida, na qual elas passam a culpar outras pessoas por tudo o que dê errado, mas elas mesmas não enxergam a capacidade que têm de tomar as rédeas da própria vida e mudar.
Muitas vezes, elas no fundo sabem que estão erradas, mas negam-se a admitir que passaram grande parte de suas vidas apoiando causas utópicas e lutando pelas coisas erradas.

Ou então, elas podem ter interesses pessoais – financeiros ou não – tão fortes, que continuam lutando a fim de mantê-los.

Seja qual for o motivo, para todo fanatismo há um poço escuro; um momento no qual eles podem vir a pensar em eliminar, de alguma forma, as pessoas que pensam diferente, e a influenciar um número de pessoas cada vez maior a fim de obter suporte para suas sandices. E como o mundo está cheio de pessoas inseguras e perdidas, não é nada difícil conseguir adeptos e apoiadores para qualquer tipo de coisa. Mas no fim, os fanáticos ficam sozinhos.

Descansam num poço de ostracismo, rodeados pelas cercas de arame farpado que eles próprios construíram.

Quem sabe, a medicina possa ajudá-los?



Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 04/02/2017
Reeditado em 04/02/2017
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