Resignados
Desenhemos eloquentes tatuagens no arrepio do temporário momento, e que as razões se afastem sem adeus, e as confidências acordem. Este é o nosso pedaço de tempo! Que se calem as vozes que não se entende! Que o brilho do olhar fulmine a resignação! E que, no fundo, lá onde nascem os amores, nossa semente brote e se vista de ouro, que em cada metro de pressa o sol se aproxime, e que cada veia mineral lhe de cor ao desejo. Depois vem o resto! A frescura da água, a cachoeira e a pedra do descanso na praia. Mas agora, o hoje que não espera é só um lapso, é o nosso tempo e não há lugar para a impressão digital nem velas que empurrem os nossos barcos sem esforço. Então vamos deixar os relógios e que não haja dias nem fogos que apagar, nem sinos há ouvir, não vamos olhar os "corpos" do naufrágio, que o ontem desenhe um olhar sem angústia nem medo e asas que nos afastem da geada eterna, e uma chuva que nos lave o sangue da dor. Vamos levantar voo mais uma vez! Na altura rápida das borboletas, para roçar a folhagem e sentir o suspiro vegetal de mãos dadas sempre! Porque é a única maneira que aprendemos, braços fundidos, mãos unidas! Como sempre! Para enterrar a embriaguez da malícia, amassar outros pães e semear outras sementes.