Perfis recantistas (Laércio)
Andei lendo umas crônicas laercianas e me encantei desde o primeiro momento. Com dois aspectos, principalmente, da narrativa desse octogenário que faz o trem sair dos trilhos sem descarrilhar.
Um é a memória fabulosa - ou futebolosa - que faria um Milton Neves reverenciar-lhe o prodígio da memória, que o faz parecer testunha ocular de toda uma história da ludopédia paulista, e mais além.
O segundo aspecto - loucomotivo? - é sua afeição às locomotivas, que conduziu por décadas a fio. Capaz de fazer dormentes manterem-se acordados...
A crónica de hoje, então, está um primor. Coisa de ser passada para muitas línguas estrangeiras pela magia que transmite. É a história de um garoto de seis anos que foi levado para dentro de uma locomotiva pela mão e coração dum maquinista de então. Pena é que desmontaram as nossas ferrovias, em favor das rodovias, tão úteis, mas tão impraticáveis para o convívio de toda a carga, com passageiros que acabam pegando fardo cada vez mais pesado.