A VIRTUDE DA SIMPLICIDADE
O caminho mais seguro e autêntico para a conquista da paz interior, assim como para a realização da felicidade, se é que possa ser encontrada nos dias de hoje, é o da simplicidade, sendo esta uma virtude que brota daqueles que não se importam com nada que não favoreça o desenvolvimento de suas próprias potencialidades, pois é ela quem pode nos dar condições de vivermos uma existência mais plena, ou seja, permeada de um significado para tudo o que fazemos e realizamos na vida.
Numa vida cheia de simplicidade há mais leveza em razão da menor carga de imposições criadas.Pela simplicidade, é possível que a falsa consciência de si mesmo não seja uma grande ameaça, haja visto a transparência que habita nesse modo de ser.
É indispensável que desfaçamos, para sermos pessoas autênticas e singulares, da crença de que só podemos ter algum valor socialmente se ostentarmos algum bem, ou então, exibindo uma imagem superficial na presença das demais pessoas (uma falsa imagem de si mesmo, que não condiz com o que somos em seu sentido amplo). A simplicidade, por seguinte, é a maior riqueza dos humildes e também de todos aqueles que buscam uma verdadeira razão de ser para tudo aquilo que fazem na vida.
A vida é uma chama evanescente sem certeza de seu destino, é apenas uma passagem pelo mundo em que vivemos; por isso, merece ser vivida com toda paixão e entusiasmo.
No entanto, são os momentos mais simples, nos quais não há qualquer jogo de interesse e nem qualquer resquício de competição (sem que haja qualquer obsessão pelo sucesso e pela fama), aqueles que verdadeiramente ficam armazenados e eternizados na memória.
Nos instantes permeados de simplicidade, está presente, além da leveza, a certeza de que no futuro (e quem sabe, na velhice), teremos a possibilidade de desfrutar da sabedoria proveniente de nossa experiência de vida. Nesse caso, é provável que tenhamos mais firmeza em dizer que a vida valeu a pena ser vivida.
Se ao menos tivermos consciência, cada vez mais cedo, de nossa finitude e também de que toda essa busca de reconhecimento e de aceitação social não passa de mera ilusão (algo sem dúvida que nos lança na escuridão da mentira), então poderemos viver mais próximos da uma vida em que a simplicidade e a honestidade sejam as marcas fundamentais para uma existência mais autêntica e verdadeira.
O indivíduo que procura viver uma vida mais simples, certamente foi aquele que conseguiu se desvencilhar das máscaras sociais e das meias verdades impostas, ou seja, das ideologias a serviço de algo alheio ao seus sonhos e projetos de vida.
Tal ser humano, movido pela serenidade e pela simplicidade nas suas ações cotidianas, é alguém que está mais próximo de se aproximar da verdade que habita no seu interior, pois é nessas condições que uma luz espiritual emerge do seu íntimo, favorecendo um encontro profundo com o Deus e, também, com tudo aquilo que irradia desta fonte de águas vivas.
Se há quatro virtudes no mundo que nos possibilita termos um contato mais íntimo e profundo com Deus, sem dúvida estas seriam a da simplicidade, da humildade, do amor e do fervor, pois com elas somos capazes de nos desapegarmos de tudo aquilo que embota e enfraquece nossa capacidade de crer em algo mais soberano.
E na medida em que a humildade, o temor e a simplicidade prevalecem na alma de um ser humano (em vez dos vícios e perversidades), tem ao seu favor a luz do espirito santo a guiar os seus passos.
No que diz respeito as virtudes essenciais de um homem simples, a fé é uma ponte de acesso a verdade proveniente de DEUS (o rei supremo da eternidade); já o amor, por sua vez, ao brotar de um coração sincero, é de fato uma resplandecente luz que reververa na densa escuridão da fria modernidade. Viver, portanto, com simplicidade de alma é indispensável àquele que busca paz, liberdade e felicidade (...) Porém só é possível quando somos corajosos o suficiente para vencermos as terríveis miragens que cegam nossa visão com seus valores mascarados de verdades incontestáveis.