A LUZ DA VERDADE
Só conseguimos conhecer uma pessoa verdadeiramente quando suas chatices e esquisitices, sua humanidade e sua verdade pessoal, seus sentimentos mais secretos e seus intentos, ou ainda, quando seus sofrimentos e pensamentos nos são meticulosamente revelados em prolongado tempo de convivio; do contrário, a relação interpessoal se transforma num mero jogo de interesses, um vínculo meramente superficial e desprovido de sinceridade mútua.
Uma relação verdadeiramente autentica só pode se consolidar lentamente e sem pressa, pois esse é o tempo que temos para saber se estamos vivendo algo que condiz com o que imaginamos ser, e não apenas uma história trágicômica que a nossa fantasia contribuiu negativamente para fomentar.
Quando, também, o lado mais sombrio de uma pessoa é trazido à tona, ou melhor, quando seus comportamentos e atitudes difíceis de lidar se manifestam nas ações mais singelas ou nos gestos mais despercebidos, é que estamos em condições de poder saber com quem estamos mantendo relações, e também se é possível e suportável haver uma coexistência duradoura. Somente assim é possível discernir se a empatia, a concórdia e a amizade possam ter espaço garantido nessa relação afetiva.
(Desde que prestemos atenção e busquemos discernimento na fonte de onde a verdade emana, nunca seremos constantemente ludibriados sem que um dia o oculto seja mostrado e a luz da verdade, hoje adormecida, seja no amanhã finalmente despertada).
Pois o outro só é verdadeiramente conhecido quando estamos dispostos o suficiente em descobrir o que não queremos saber dele e o que não queremos aceitar em sua personalidade, ou ainda, dispostos em conhecer o seu verdadeiro caráter, bem como os seus propósitos, obtidos através de um saber mais consistente a respeito de seu ser mais profundo.
Ostentar um discurso e uma imagem de si mesmo hoje em dia não quer dizer nada, não revela nunca o íntimo de uma pessoa, tampouco o seu ser, ainda mais vivendo nesse cotidiano onde as pessoas se habituaram a enganar e iludir o seu próximo com tantas palavras carregadas de apelo, sitilezas, malícias, sentimentos e emoções!
Mas para a verdade se frutificar numa relação é preciso haver sinceridade, na qual a congruência possa ser uma realidade permanente em nossas vidas. E também para que o ''eu aparente'', ou seja, o ''eu que queremos ser-para-o-outro'' deixe de ser uma busca constante em nosso íntimo e, ao invés dessa obstinação, possamos manifestar transparência e honestidade em nosso de ser, formando uma imagem que condiz com o que somos no cotidiano, mesmo que a verdade a respeito de nós mesmos possa provocar grandes escândalos e descontentamentos!
Afinal, o que está em jogo é a coragem e a autenticidade que revelamos em nossa interação com o mundo, ou seja, sendo verdadeiramente o que somos, não importando o preço que pagamos com nossa honestidade. A liberdade está mais presente na vida de uma pessoa autêntica e reponsável, do que na vida daqueles que buscam levar uma existência de míseros sedutores, cujo intento é viver para enganar as pessoas mais vulneráveis apenas por motivações de capricho pessoal.Sendo assim, por que não buscarmos a única verdade que até hoje, desde a fundação do mundo, nunca nos enganou, a única verdade que insiste em se fazer presença no ser de cada homem que vive sobre a terra?
Ser verdadeiro com o próximo, ou seja, com a pessoa com quem mantemos um vínculo e uma relação de proximidade espacial e íntima, significa assumir grande responsabilidade pela sua própria existência, onde a preocupação, o cuidado e a solicitude são fundamentais na construção de uma relação intersubjetiva aprazível e indelével. Penso que o amor de Jesus pelas nossas vidas e a abertura que damos a ele (|nosso rei da eternidade) é o que funda o que há de mais sublime e grandioso em nosso ser!